• As reflexões neste Blog são direcionadas por princípios bíblicos.
  • Se alguma publicação te beneficiou, compartilhe em suas redes sociais.
  • Somente a Palavra de Deus, em sua autoridade e suficiência, pode guiar todo homem no caminho da verdade.

Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus

 


Como foi para o profeta Isaías (Is 6:2-3), no cenário glorioso revelado ao apóstolo João somos levados a contemplar a realidade da adoração eterna diante do trono em Apocalipse 4:8. Os seres viventes proclamam, sem cessar, a santidade absoluta de Deus. A visão não apenas descreve criaturas celestiais em adoração, mas abre nossos olhos para o centro de toda a criação: a dignidade excelsa daquele que está assentado no único trono real.

O Livro de Apocalipse nos mostra que a santidade de Deus não é apenas uma virtude entre outras, mas a essência que permeia tudo o que ele é e faz. A palavra grega hagios significa separado, distinto, único. Ele está acima de tudo o que foi criado, é o Todo-poderoso, não está sujeito às limitações do tempo e é imutável, cuja existência é absolutamente distinta de tudo. Por isso, a proclamação incessante de que ele é santo significa que a adoração no céu, em virtude de sua santidade, é inesgotável.

Essa cena nos confronta com a realidade de que toda a criação está rendida diante de sua glória. Não há espaço para vanglória humana, pois a dignidade está somente nele. Aqueles que já estão na presença do Senhor não cessam de declarar o que ele é, e nós, mesmo ainda caminhando pela fé, somos chamados a unir nossas vozes a esse louvor eterno, rendendo todos os dons, vocações e realizações pessoais à glória dele.

A contemplação da santidade de Deus afeta o modo como nos vemos e deve transformar o nosso viver, como aconteceu com o profeta Isaías que, diante da mesma revelação, reconheceu sua própria impureza (Is 6:5). Quando entendemos quem Deus é, compreendemos melhor quem somos e o quanto necessitamos de sua graça.

Assim, nossa vida deve refletir a reverência que o céu já expressa continuamente. Não há nada mais importante e prazeroso do que dar glória, honra e ação de graças àquele que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos. Todos os nossos bens, carreira profissional e outras ambições terrenas perdem seu completo sentido ao contemplarmos a santidade de Deus, unindo nossas vozes ao coro celestial que não se cansa de dizer: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, que é e que há de vir”.

Adorar a Deus em sua santidade é reconhecê-lo como digno de todo louvor, em cada experiência da vida, seja boa ou ruim. Nossa maior alegria é nos prostrarmos diante de sua glória, que nunca se esgota.

Rev. Ericson Martins

O paradoxo humano entre paz e conflito


Por que desejamos tanto a paz, mas, ao mesmo tempo, temos tanta dificuldade em lidar com ela quando chega?

Essa contradição revela a complexidade do coração humano: desejamos a harmonia, mas somos constantemente lembrados de nossas limitações, de nossas feridas e da presença do pecado em nós e ao nosso redor.

O homem vive em guerra

No princípio, o homem entrou em conflito com o seu Criador e, desde então, passou a ofender as pessoas mais próximas. Primeiro ofendeu a mulher, depois um irmão ao outro. Ainda hoje é assim.

O pecado é a causa de todos os conflitos de relacionamento. O coração tornou-se sede de inveja, ciúme, vingança, descontentamento, rivalidade etc.

Mesmo quando o ambiente está em paz, o homem continua em guerra consigo mesmo e, sobretudo, com Deus. Portanto, nem todo conflito é resultado apenas de nossas ações, mas também do pecado presente no coração de outros.

Interpretação confusa

Em geral, a paz promove estabilidade nas rotinas, solução diligente das dificuldades, convivência harmoniosa e ausência de crises graves nos relacionamentos.

Infelizmente, aquilo que é tão desejado pode ser, por muitos, mal interpretado como acomodação, perda de paixão, desmotivação ou falta de interesse pelo crescimento.

Essas interpretações encontram respaldo em mentes inquietas, que não suportam a paz, mas que também não sabem conviver com a paz alheia. Assim, perturbam todos ao seu redor, pois a “guerra” exterior revela o próprio estado interior diante de Deus e dos homens.

O que fazer?

A sabedoria divina oferece diversas orientações práticas. Somente em Romanos 12:9-21, encontramos muitas exortações, entre elas a de pagar o mal com o bem.

Naquilo que depende de nós, devemos agir sem expectativa de retorno. Quanto ao mais, precisamos aprender três lições:

a) Na vida cristã, não somos capazes de satisfazer todas as expectativas que os outros criam a nosso respeito, exigindo que sejamos e ofereçamos o que desejam. Cada um se encontra em diferentes estágios do caminho da santificação. Por isso, nem toda crítica recebida é acompanhada de misericórdia e respeito por nossa humanidade, identidade, individualidade e vocação. Logo, não merece nossa atenção.

 

b) Na vida cristã, existem responsabilidades pessoais e coletivas. As coletivas são compartilhadas, mas as pessoais são intransferíveis. Nesse sentido, não carregamos a culpa pela intransigência, imaturidade, ingratidão ou antipatia dos outros contra nós. Cada um está diante de Deus e cada um haverá de prestar contas.

 

c) Na vida cristã, somos moldados por meio de muitas dificuldades, em razão da nossa própria natureza pecaminosa. Porém, mudar os outros é tarefa ainda mais difícil, em alguns casos até impossível. Por isso, antes de nos angustiar com o mal que sofremos, devemos nos preocupar em tratar o mal que nós mesmos praticamos, buscando no Espírito vigor para crescer na fé, na santificação e no caráter que nos identifica com Cristo.


Viver em paz é um exercício diário de humildade e vigilância, lembrando que cada desafio é oportunidade de crescimento. Não se trata apenas de evitar conflitos, mas de cultivar no coração atitudes de perdão, compreensão, respeito e amor pelas pessoas com as quais convivemos. A paz verdadeira se constrói quando aprendemos a confiar em Deus, nos submetendo ao Espírito Santo para transformar o nosso caráter, fortalecer a nossa fé e nos conduzir a seguir os passos de Jesus nos relacionamentos.

Rev. Ericson Martins

Charlie Kirk agora vive plenamente

 


Nesta semana, a imprensa internacional repercutiu o covarde assassinato de Charlie Kirk, em uma universidade de Utah, nos EUA. O crime teria sido resultado da intolerância política, eco de uma prática histórica naquele país, que já encontra investidas e graves ameaças também no nosso.

Infelizmente, essa intolerância aumenta à medida que se esgotam as alternativas para fazer prevalecer opiniões pessoais, somadas a uma obstinada ideologia política viciada, que acusa seu opositor de extremista por estar no outro extremo. Essa polarização tem sufocado princípios primitivos de civilidade e substituído a divergência pela violência. Isso poderá vir a arrastar, de modo sutil, a livre expressão de fé, a partir da interpretação que dela se faz em relação a cenários políticos.

Na fatídica tragédia que interrompeu horrivelmente a vida do jovem Charlie, não foram interrompidos apenas seus debates com a juventude, mas também o testemunho de sua fé em Jesus Cristo, cujo sangue clama por justiça.

Não me resta qualquer dúvida de que os que têm fome e sede da imparcial e implacável justiça hão de ser fartos na ocasião do glorioso retorno do Senhor, em breve!

Charlie, como tantos outros cristãos, foi vítima da covardia e da intolerância violenta, mas agora vive a plenitude daquilo que a morte não é capaz de privar, como já disse o saudoso Rev. John MacArthur Jr.: “Tudo o que a morte pode fazer a um crente é entregá-lo a Cristo”.

Que Deus conforte Erika Frantzve, seus dois filhos, familiares e amigos, concedendo-lhes uma confiança ainda mais vigorosa na vitória de Cristo sobre a morte!

Rev. Ericson Martins

Quando o fim chega


“Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio...” (Ec 7:8).

A sabedoria bíblica nos lembra que não basta começar bem, é necessário também terminar de forma íntegra e fiel. No livro de Eclesiastes, Salomão destaca que o valor de uma jornada é avaliado não apenas pelo entusiasmo do início, mas sobretudo pela firmeza e humildade demonstradas no fim. O início pode ser marcado por boas intenções e empolgação, mas é no processo e, principalmente, nos bastidores do fim que se revela o verdadeiro caráter.

Ao longo da vida, somos testados em diversos ciclos, sejam eles relacionamentos ou projetos pessoais. No início de todos eles, muitas vezes, cedemos à pressa e à ansiedade pelo imediato, mas a maturidade exige paciência e constância. O apóstolo Paulo, por exemplo, nos exorta a não nos cansarmos de fazer o bem, “porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gl 6:9). Terminar bem exige confiança em Deus, bem como coerência entre o que falamos e fazemos no privado e no público.

A vida cristã não é uma corrida de velocidade, mas de resistência. Por isso, Jesus ensinou a perseverar até o fim (Mt 24:13). Esse é um chamado para permanecermos firmes, mesmo quando os finais parecem mais difíceis do que os começos. A pressão das perdas, das mudanças ou das despedidas pode nos tentar a relativizar o que ensinamos e aprendemos, mas é nesses momentos que se confirma o caráter que glorifica a Deus.

O apóstolo Paulo também afirmou: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4:7). Não há maior testemunho do que concluir guardando aquilo que realmente importa. Assim, cada ciclo encerrado com fidelidade torna-se uma oferta gloriosa a Deus, como Cristo o fez na horrenda cruz.

Que vivamos não apenas pelo entusiasmo do começo, mas também de concluir exemplarmente, sabendo que os finais revelam o propósito e a beleza de verdadeiramente seguir a Cristo pelo caminho.

Rev. Ericson Martins

Jesus é a resposta de Deus para o pecador


A maior necessidade do homem não é a solução de suas dificuldades passageiras, mas a reconciliação com Deus. O seu problema fundamental é o pecado original, que o separou do Criador e o colocou sob condenação (Rm 5:12). Por isso, a mensagem central do Evangelho não somos nós em nossas lutas diárias, mas Cristo e sua obra redentora.

A Palavra de Deus nos mostra que todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3:23). A realidade é dura, mas necessária: sem Cristo, a humanidade está perdida. Contudo, a boa notícia é que Deus, em sua graça, providenciou salvação em Jesus. Como está escrito: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8). Portanto, a cruz não é um amuleto da fé, mas o símbolo do Evangelho da redenção.

Isso confronta diretamente a falsa doutrina que coloca o homem no centro, reduzindo o Evangelho a um manual de autoajuda ou a um recurso para vencer crises momentâneas. Jesus não veio apenas para aliviar dores ou resolver problemas sociais, mas para destruir o poder do pecado e conceder vida eterna aos que creem (Jo 3:16). A mensagem dos apóstolos não era de prosperidade ou bem-estar imediato, mas de arrependimento dos pecados, fé e salvação em Cristo (At 4:12).

A graça de Deus é absolutamente central. Somos salvos não por obras, mas mediante a fé em Cristo (Ef 2:8-9). O homem nada pode acrescentar a essa obra decretada antes da criação, iniciada pelo Pai, consumada pelo Filho na cruz e aplicada pelo Espírito Santo, mediante o puro Evangelho que denuncia a realidade mais profunda: nossa culpa, e aponta para a solução definitiva provida por Deus. A verdadeira esperança não está em nossa justiça, mas na de Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29).

Que essa verdade percorra todos os caminhos do mundo, do lar aos mais altos escalões do poder e rincões, para que o chamado chegue a todos quantos hão de ser salvos pela graça de Deus e lhe deem glória, como cantamos no hino 41, do Hinário Novo Cântico:


“Louvai, louvai Cristo, o bom Mestre divino!
Por nós na cruz ele sofreu, morreu;
Perdão, perdão hoje aos contritos outorga,
Pois precioso sangue na cruz verteu.
Sim, louvai-o! Ei-lo tão exaltado,
Mediador que nunca nos faltará.”


Rev. Ericson Martins

Egoísmo e a força destrutiva de relacionamentos


Em Tiago 3:16 lemos: “Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins.”

O homem não foi criado para ser independente e indiferente aos interesses alheios. Pelo contrário, desde o princípio foi destinado a compartilhar sua vida com outras pessoas, multiplicando-se, mas também transmitindo valores e praticando ações solidárias em toda a criação. Desse modo, refletindo a glória de Deus.

Recentemente ouvi uma afirmação que me chamou a atenção: há duas coisas que o homem não consegue sozinho, casar-se e ser cristão. Essa é uma verdade inegável!

Tiago escreveu para cristãos dispersos que enfrentavam tensões e provações, chamando a atenção para a diferença entre a sabedoria de Deus e a falsa sabedoria deste mundo. O verso mostra que a raiz do egoísmo produz desordem e abre espaço para todo tipo de mal. Sua intenção foi confrontar a comunidade cristã que, por vezes, alimentava rivalidades e buscava apenas seus próprios interesses, esquecendo-se da vocação para a comunhão.

O egoísmo, nesse sentido, não é apenas uma falha moral, mas uma força destrutiva que corrói relacionamentos. Ele gera inveja, alimenta divisões e conduz à confusão, resultando em isolamento e em um vazio que nenhuma conquista pessoal pode preencher, porque a vida perde sentido quando é fechada em si mesma.

Resistir a essa tendência exige mais do que força de vontade, exige a sabedoria que, como descreve Tiago, é “primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento” (Tg 3:17). Essa sabedoria nos conduz ao caminho da humildade, onde aprendemos a considerar as necessidades do outro e a cultivar relacionamentos saudáveis como prioridade acima de qualquer ambição pessoal.

O chamado é claro: em vez de alimentar o egoísmo, somos exortados a viver no amor que edifica, honra e protege, e que jamais conspira contra os nossos irmãos. Ao agir assim, a confusão dá lugar à paz, e a solidão se transforma em comunhão.

Que o nosso modo de nos relacionar seja conhecido pela humildade e pelo cuidado com os outros, como o de Cristo.

Rev. Ericson Martins

A oração e a Palavra são inseparáveis


“Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (João 15:7)

Essas palavras de Jesus foram ditas quando ele preparava os discípulos para viverem em comunhão com ele após sua partida. Nesse contexto, deixou claro que oração e a Palavra são inseparáveis como guia da união com ele.

A Palavra, quando lida diariamente e refletida em meio às rotinas, nos alerta quanto às condutas em bastidores, estimula o arrependimento de pecados, reorienta o discernimento diante de circunstâncias diversas e redefine expectativas para a tomada de decisões sábias.

Por isso, a oração não pode ser sustentada por necessidades passageiras, desejos egoístas ou emoções superficiais, mas pela sólida certeza daquilo que orienta a Palavra de Deus. Quando ela permanece em nós, nossas orações deixam de ser tentativas de convencer Deus a cumprir nossa vontade e passam a ser experiências de humilhação e adoração. Tornam-se testemunho da nossa completa dependência e respostas cheias de confiança, mesmo quando não conseguimos enxergar o fim.

Quanto mais lemos a Palavra de Deus, mais nossa vida de oração ganha profundidade teológica e sinceridade de sentimentos. É nesse ponto que orar deixa de ser um rito formal e esporádico, e se torna um relacionamento pessoal e prazeroso com Deus, por meio de seu Filho que intercede por nós.

Rev. Ericson Martins

O chamado do Bom Pastor

 

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (Jo 10:27)

Uma das metáforas mais comuns na Bíblia sobre o relacionamento de Deus com seu povo é a do pastor e das ovelhas (Gn 49:24; Is 40:9-11). Ao contrário do mercenário, que era contratado para cuidar de um rebanho que não lhe pertencia e não hesitava em abandoná-lo diante de uma ameaça (Jo 10:12), o verdadeiro pastor se dedicava pessoalmente, dia e noite, doando sua própria vida para salvar o seu rebanho (Jo 10:11, 17-18). Ele o guiava às campinas verdejantes para alimentá-lo, aos ribeiros de águas para saciar sua sede, o protegia do sol e, à noite, se arriscava para manter afastados todos os seus astutos predadores (Sl 23:1-4; Sl 121:4-8; Ez 34:13-15). Se uma só ovelha se extraviasse, ele a procurava até encontrá-la, nenhuma era deixada para trás (Jr 23:3; Ez 34:12, 16; Jo 10:16, 28; Lc 15:4-6). Enquanto o verdadeiro pastor estivesse por perto, suas ovelhas seriam bem conduzidas, supridas e seguras (Jo 10:28-29).

Os autores bíblicos utilizaram essas observações para descrever o caráter do amor de Deus e da redenção de Jesus (Jo 3:16 e 6:37) em relação àqueles que lhe pertencem. Deus vigia os seus com particular atenção, supre suas necessidades, os livra do mal e os conduz precisamente a Jesus, o bom pastor (Jo 10:11), para que sejam eterna e seguramente salvos (Jo 10:28). Porém, os benefícios deste relacionamento só estão disponíveis àqueles que ouvem a voz do bom pastor e o seguem.

É claro que a “ovelha” não é salva por tomar alguma iniciativa própria, porque a salvação é somente pela graça divina. Na perspectiva humana, o homem se torna “ovelha” de Deus quando crê, mas na perspectiva dele, o homem que crê, crê porque é “ovelha”. A ênfase do texto é: “eu as conheço”, e é somente por este motivo que suas “ovelhas” ouvem o chamado e seguem os passos do seu pastor.

Este íntimo conhecimento revela a união pré-estabelecida de Cristo com estas “ovelhas” (Jo 10:14-15), antes mesmo de ouvirem sua voz chamando (Jo 10:27) pelo ensino da Palavra de Deus (Jo 17:20; Rm 10:17) e de responderem com fé e arrependimento. Ele conhece cada uma e nenhuma escapa da sua missão na cruz, por isso, nenhuma se perde (Jo 10:28), ao contrário dos que não o ouvem, não creem e não seguem o caminho da obediência porque não são “ovelhas” do bom pastor (Ez 34:22; Jo 10:20, 26). Estes, ele não os conhece (Mt 7:23) no sentido da união espiritual.

A salvação é o princípio de uma nova vida. Aqueles que ouvem Deus chamar são conduzidos por um novo caminho (Hb 10:19-25), no qual devem seguir os passos de Jesus, aprendendo com ele e agindo sob sua influência (Mt 11:28-30). Não importa o tempo de conversão, se é maduro ou não na fé, ser discípulo ou seguidor de Cristo é uma experiência para toda a vida. Aqueles que creem devem consagrar-se ao Supremo Pastor (1Pe 5:4).

O discipulado exige que a Igreja evangelize e assuma a responsabilidade por seus membros, alcançando os perdidos e educando os alcançados. Não é destinado apenas aos “novos na fé”, é para todos os que creem e desejam seguir a Jesus porque, um dia, o ouviram chamar. É uma experiência de aprendizado e santificação. Aqueles que se sentem maduros demais para se submeter ao discipulado, orientados por outra pessoa, estão mal convencidos do ensino bíblico e deveriam considerar que, ao menos, sendo “maduros”, deveriam servir como bons discipuladores na Igreja.

Rev. Ericson Martins

Alertas contra o liberalismo teológico

 

O liberalismo teológico surgiu no final do século XVIII e se consolidou no século XIX, especialmente na Europa, como fruto do Iluminismo e do racionalismo. Esse movimento buscou reinterpretar as Escrituras à luz da razão humana e da ciência moderna, minimizando o sobrenatural e tratando a fé cristã como uma experiência moral, e não como revelação divina objetiva. Assim, estimulou a desconfiança nas Escrituras, questionando a sua inspiração, inerrância e infalibilidade, ou seja, a sua autoridade final, abrindo precedentes que corromperam, e ainda corrompem, os fundamentos apostólicos da verdadeira igreja cristã (1Co 3:10-15; Ef 2:19-22).

Nos causa surpresa a recente trajetória de certos pregadores que, antes firmes na doutrina bíblica e comprometidos com a pregação expositiva, acabaram se distanciando em direção ao liberalismo teológico. A história mostra, repetidas vezes, que tal mudança de pensamento e conduta raramente ocorre de forma brusca, mas de maneira gradual, geralmente iniciando com alterações sutis de linguagem, de prioridades e de interpretações bíblicas.

Alguns desses sinais são claros e recorrentes:

O primeiro é a relativização das Escrituras, transferindo a sua autoridade para a experiência subjetiva ou para o consenso cultural. Isso se evidencia nas pregações, quando se tenta acomodar a mensagem literal, imparcial e confrontadora das Escrituras ao desejo, corrompido pelo pecado, de uma audiência que recompensa o pregador com bajulações, estabilidade no cargo e recursos financeiros, desde que receba mensagens motivacionais ou terapêuticas que evitem passagens ou temas considerados “ofensivos”. Não sem razão o apóstolo Pedro advertiu: “... por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias” (2Pe 2:2-3).

O segundo é a redefinição de doutrinas centrais. Não se trata, em geral, de negação explícita da divindade de Cristo, de sua expiação ou da ressurreição corporal, mas da minimização do pecado original, da confissão e do arrependimento, da justificação exclusiva pela fé e da necessidade da regeneração. Nesse mesmo sentido, altera-se a compreensão da missão da Igreja, priorizando a prosperidade material e a justiça social e política como núcleo da fé, em detrimento da pregação do Evangelho. Em alguns casos, chega-se a afirmar: “Pregue o Evangelho, se necessário, use palavras”, numa distorção que despreza a proclamação oral da verdade e exalta um moralismo inofensivo.

O terceiro sinal, também em afronta às Escrituras, é o desprezo ou a omissão de parâmetros confessionais como referência doutrinária, a exemplo da Confissão de Westminster e seus Catecismos. Nesse contexto, abrem-se portas para um cenário doutrinário confuso, contraditório e receptivo a movimentos historicamente heréticos dentro das igrejas. Pouco tempo depois, agendas culturais progressistas começam a ser reinterpretadas, aceitas e defendidas em nome de um suposto amor cristão. Assim, padrões de disciplina bíblica contra o pecado são omitidos ou relativizados, seja por conveniência, seja por envolvimento pessoal.

Por fim, e não menos grave, há a mudança nos padrões bíblicos da comunhão cristã. As Escrituras ensinam o cristão a amar seus inimigos, não retribuindo o mal com o mal, e a orar por aqueles que o perseguem (Mt 5:43-48; Rm 12:17-21; 1Pe 3:8-12), e a se compadecer dos que estão na dúvida (Jd 17-23). Contudo, também instruem a resistir às tentações dos que ensinam outro Evangelho (1Tm 6:3-16), a evitar pessoas doutrinariamente facciosas, depois de adverti-las duas vezes (Tt 3:10-11) e a não receber hereges, sob risco de se tornar “cúmplice das suas obras más” (2Jo 1:10-11). O propósito dessas exortações é proteger a comunidade cristã contra ensinos corrompidos. Entretanto, teólogos com tendências liberais consideram tais posições radicais e se envolvem em ecumenismo com religiões liberais, chegando até a participar de sacramentos nelas.

Estejamos atentos a esses alertas, para permanecermos firmemente comprometidos com a sã doutrina em nossas igrejas, proclamando fielmente as Escrituras e afastando aqueles que as menosprezam.

Rev. Ericson Martins

A glória dos filhos são os pais


Lendo Provérbios nesta semana, cheguei ao capítulo 17 e passei a refletir mais atentamente sobre o que diz o verso 6. Ele exalta a beleza da herança familiar, mas, para que os pais sejam “a glória dos filhos”, como afirma o texto, é necessário que tenham mais do que presença física ou que sejam apenas provedores materiais. É preciso que sejam exemplos de temor a Deus, pois não há verdadeira honra sem integridade, nem verdadeiro respeito sem coerência.

O rei Salomão parte do pressuposto de que os pais aqui mencionados são tementes a Deus, conduzindo suas casas com sabedoria e retidão. Quando o pai teme a Deus, seus filhos o veem como uma rocha firme em meio às tempestades da vida. Quando seu caráter comprova seu compromisso de conhecer e obedecer a Deus, ele se torna digno de ser lembrado, imitado e celebrado.

Por outro lado, há pais que, em vez de serem glória, tornam-se vergonha para os filhos. Seus comportamentos, palavras, desvios e omissões deixam marcas dolorosas. Em vez de honra, transmitem insegurança; em vez de bênção, geram feridas. A Palavra de Deus não ignora essa realidade. O próprio livro de Provérbios adverte: “O justo anda na sua integridade; felizes lhe são os filhos depois dele” (Pv 20:7), deixando claro que a alegria dos filhos está ligada ao bom exemplo do pai.

Neste Dia dos Pais, somos chamados a uma reflexão honesta: que qualidade de pai temos sido ou queremos ser? Seremos lembrados com honra ou com receio? Seremos a glória dos nossos filhos ou a causa da sua indiferença? A boa notícia é que nunca é tarde para recomeçar. Pais que hoje se arrependem, voltam-se para Deus e assumem sua responsabilidade com humildade podem reconstruir pontes, restaurar afetos e reescrever sua história dentro da própria família.

Que os filhos que têm pais piedosos os valorizem, não apenas com presentes ou públicas homenagens em redes sociais no Dia dos Pais, mas privativamente com distinto respeito, obediência e cuidados pessoais intransferíveis. E que os pais que ainda não são referência de temor a Deus, de amor a Cristo e de compromisso com a comunhão cristã em sua própria santificação se deixem transformar pelo poder do Espírito Santo, pois, como nos lembra Provérbios 17:6: “a glória dos filhos são os pais”. Que sejamos pais dignos de inspirar essa glória.

Rev. Ericson Martins

Oremos pelo Brasil



A Palavra de Deus exorta os cristãos a orar pela nação em que se encontram (Jr 29:7) e pelas autoridades constituídas (1Tm 2:1-2).

O atual contexto moral, político e econômico brasileiro tem se agravado, e todos nós, naturalmente, nos sentimos apreensivos, principalmente pelos mais vulneráveis no meio dessa guerra. Sim, guerra!

Existem muitos tipos de guerra, além da militar: guerra político-ideológica, guerra tarifária e guerra de narrativas, entre as quais, notadamente, estamos vivendo de forma ainda mais sentida.

Contudo, há uma guerra na qual a Igreja possui autoridade distinta e intransferível. Enquanto as autoridades se ocupam com conflitos humanos, ela é chamada a enfrentar conflitos espirituais (Ef 6:10-20), porque ocupa uma posição estratégica na sociedade.

Lembremo-nos de Abraão, que orou a favor de seu sobrinho Ló, quando este estivera em meio a uma sociedade perversa. Deus ouviu a oração, livrou Ló e sua família, e puniu as cidades de Sodoma e Gomorra (Gn 18:22-23 e 19:15-29). Abraão discerniu que a oração era a experiência mais sábia e eficaz em meio a calamidade moral e política daquelas cidades.

Nosso país parece caminhar a passos largos para crises políticas e econômicas sem precedentes e, certamente, nenhum de nós poderá ignorar os iminentes efeitos por muito tempo, enquanto se distrai com as guerras político-ideológicas e de narrativas. Mais do que antes, as igrejas precisam se unir em oração pelo Brasil, na expectativa de que Deus ouça o clamor do seu povo e intervenha, frustrando os tronos da injustiça, punindo os que barganham a omissão pela ganância, e quebrando o cetro da falsa realeza.

A Igreja é a embaixadora do Evangelho, mas também a sentinela contra os inimigos espirituais que atuam por detrás da carne e sangue, contra os quais armas espirituais são mais eficazes que discussões políticas intermináveis e dissensões.

“… o Senhor é o nosso juiz, o Senhor é o nosso legislador, o Senhor é o nosso Rei; ele nos salvará” (Is 33:22)

Deus é o verdadeiro soberano, e somente nele encontramos solução para todos os poderes da República Federativa do Brasil!

Rev. Ericson Martins

A crise e o caráter relacional

 


A crise política entre Brasil e Estados Unidos parece não ter fim. Pelo contrário, ao observarmos o modo como as maiores autoridades de ambos os países reagem a cada provocação, não encontramos indícios seguros de que alguém esteja disposto a recuar em favor de um acordo que pacifique as relações diplomáticas e determinados setores econômicos.

Crises nos relacionamentos são inevitáveis, porque os homens estão corrompidos pelo pecado e se mostram, naturalmente, indispostos a se humilhar uns diante dos outros.

Contudo, a Palavra de Deus nos fornece sabedoria para frear o ímpeto do orgulho e da beligerância, como resultado da comunhão com Jesus Cristo. Foi sobre isso que o apóstolo Paulo falou em Efésios 2:13-22.

Como cristãos, guiados pela Palavra de Deus, temos a constante necessidade de rever os princípios que nos orientam a promover e manter relacionamentos saudáveis e harmônicos. E, ao observarmos o atual cenário do conflito político, podemos refletir exatamente sobre esse tema, a fim de compreendermos nosso lugar, como Igreja, no meio dele, como luz do mundo.

Quando líderes se enfrentam por interesses e interpretações distintas, somos lembrados de como o ser humano, em qualquer esfera, carece de sabedoria, humildade e graça para lidar com o outro.

O que a atual crise política nos ensina sobre relacionamentos?

Respeito pela individualidade.

Discernir e respeitar os limites do outro é essencial para a preservação da paz e da harmonia. Quando esse princípio é negligenciado, fronteiras são ultrapassadas, gerando inconveniências intoleráveis. O amor não nos dá o direito de violar a privacidade alheia ou menosprezar o valor de uma pessoa.

Comunicação constante.

A crise entre o Brasil e os EUA agravou‑se rapidamente pela ausência de um ambiente de comunicação bilateral, optando-se por trocas de provocações e ameaças públicas. Em qualquer crise de relacionamento, a solução sempre passa pelo diálogo claro, franco e moderado pelo “fechar a boca”, como afirma o texto de Provérbios: “O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína” (Pv 13:3).

Inteligência emocional.

Saber quem somos e como reagimos diante de um conflito é sinal de sabedoria. Jesus ensinou que, no confronto entre dois reis, o mais fraco deve reconhecer sua impotência e enviar uma embaixada pedindo condições de paz (Lc 14:31‑32), e não insistir movido pela cegueira do orgulho. Da mesma forma, precisamos de estratégia emocional, negociação e resiliência diante das adversidades (Fp 4:5; Cl 4:6).

Discernimento entre ideias e pessoas.

A diplomacia exige separar interesses pessoais dos institucionais, assim como, nas relações interpessoais, somos chamados a distinguir o debate de ideias da dignidade da pessoa. Quando isso não ocorre, divergências legítimas acabam em ofensas pessoais graves, perdendo-se a oportunidade de seguir a verdade em amor e, assim, edificando o relacionamento em vez de destruí-lo.

Rev. Ericson Martins

A Igreja e o Brasil de partidos

 

O cenário político atual, marcado por tensões internas e externas, tem despertado reações intensas entre governantes e cidadãos. A recente reação do presidente norte-americano, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros provocou imediata reação do governo brasileiro, reacendendo o debate sobre soberania, diplomacia e interesses nacionais. Nesse ambiente de crescente polarização, mais uma vez a Igreja é pressionada.

É fundamental que ela preserve sua identidade, visto que não é extensão de partidos, tampouco instrumento de ideologias passageiras. Ela foi chamada para ser sal da terra e luz do mundo, comprometida com a verdade e com o testemunho do Evangelho.

A Palavra de Deus orienta a orar pelas autoridades, a respeitá-las (Rm 13:1-7; 1Pe 2:13-17), a pagar tributos (Mt 22:21) e a estimular que cargos públicos sejam ocupados por pessoas tementes a Deus, moralmente íntegras e competentes. A Igreja deve participar do debate político e preferir as lideranças mais comprometidas com os valores do Reino. No entanto, isso não significa render-se aos pés de quaisquer agentes políticos ou ideologias humanas, porque a sua missão é profética, não partidária.

John Locke, pensador cristão e defensor da liberdade religiosa, viveu em contexto de absolutismo do Estado. Ele advertiu que, quando fé e política se misturam, quem perde é a fé. A história tem mostrado isso: onde a Igreja se aliou a regimes ou partidos, perdeu sua autoridade moral e sua autonomia espiritual.

Jesus deixou claro que seu Reino não é deste mundo (Jo 18:36), não buscou apoio político, nem cedeu a qualquer tentação do poder terreno. A Igreja deve seguir esse exemplo! Como João Batista diante de Herodes, precisa manter sua voz livre para denunciar o pecado e proclamar a justiça, ainda que isso custe influência, aceitação ou liberdade.

Ao mesmo tempo, devemos viver como cidadãos responsáveis, sendo cada vez mais biblicamente coerentes na hora de votar, pois o resultado sempre trará eleitos que servirão como instrumentos de bênção ou de severa punição sobre uma nação, quando despreza o conselho do Senhor pela infeliz escolha de governantes insensatos.

Rev. Ericson Martins

Orai e vigiai

 


Não é incomum ouvirmos pessoas alegarem, após cederem à tentação, que “a carne é fraca”, geralmente com um tom de autocomiseração ou de conformismo.

Quando a tentação se aproximava, Jesus advertiu os seus discípulos: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26:41). Ele havia se retirado para orar no Getsêmani, profundamente angustiado, e confiou aos discípulos a simples tarefa de vigiar com ele, mas eles se distraíram, entregando-se ao sono por três vezes.

Jesus não apenas lamentou o cansaço físico dos discípulos ao encontrá-los dormindo, mas expôs a fraqueza espiritual que nasce da ausência de vigilância e oração. Evidentemente, não é a carne, em si, que nos derrota, mas a carne desassistida pela vigilância espiritual e pela oração. A carne é fraca quando o compromisso com Cristo é superficial, quando o caráter não é forjado na intimidade com Deus.

Quantos hoje enfrentam tentações não por ignorância, mas por negligência! É o caso do crente que cede às impurezas sexuais por desprezar conselhos e ignorar a vigilância constante, ou daquele que se afasta da comunhão comunitária ao trocar o culto público pelo ativismo ou pelo entretenimento. Nenhum desses enfraquece de repente. Todos adormecem aos poucos.

Vigiar e orar não é um chamado à ansiedade, mas à lucidez espiritual, pois vivemos em um mundo moralmente corrompido e armado com sutis tramas satânicas. Sem discernimento, confundimos desejos com necessidades e tentações com oportunidades. E sem oração, tentamos resistir confiando em nós mesmos, mas a carne, sozinha, nunca vence. Na hora da prova, as forças aparentes traem a confiança e revelam bastidores de negligência que jamais deveriam ter sido ignorados.

Jesus sabia que o momento era decisivo, por isso apelou. Contudo, os discípulos não perceberam a gravidade do que estava para acontecer, por isso dormiram e caíram.

Jesus ensinou que quem vigia e ora não entra em tentação, mas permanece firme quando ela vem. Que essa vigilância e o compromisso de orar constantemente fortaleçam nossa lealdade a Cristo, por reconhecermos a fragilidade da nossa natureza humana.

Rev. Ericson Martins

Amemos a Igreja!

 

“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Efésios 5:25)

Nesta passagem, Paulo instrui os maridos sobre o amor sacrificial que devem nutrir por suas esposas, tomando como base o mais alto exemplo: o de Cristo por sua igreja. Nele percebemos a essência do seu compromisso, pois não apenas sentiu amor pela igreja, mas se entregou voluntariamente por ela, com todo o custo que isso envolvia. Notemos que Paulo não se referiu a um amor sentimental, mas a um amor prático, santo e disposto a sofrer pelo bem de todos os eleitos e redimidos, de todos os tempos.

A igreja, portanto, é profundamente amada por Cristo. Essa verdade confronta o crescente número de cristãos que, decepcionados com escândalos morais de alguns líderes e com a corrupção doutrinária difunda por eles, abandonaram a comunhão local. Essa dor é real e precisa ser ouvida com humildade, mas jamais pode justificar o desprezo e o abandono radicais da igreja, pois ela continua sendo o corpo de Cristo (Ef 1:23), ainda que desacatada por alguns que deveriam ser “padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1Tm 4:12), assim cuidando do rebanho de Deus (At 20:28).

A tentação de viver uma fé individualizada, sem envolvimento com uma igreja local, é sutil. Tentação é toda inclinação ou estímulo, externo ou interno, que nos seduz a desviar da vontade de Deus. Hoje, ela muitas vezes se apresenta sob a forma de uma “espiritualidade alternativa”, que promete liberdade sem compromisso, mas o amor de Cristo não é apenas por indivíduos, é pela comunidade visível e reunida (Sl 133; Jr 31:1-3).

Diante disso, todos nós, cristãos, precisamos assumir a nossa responsabilidade de cuidar da igreja. Não como espectadores ou meros frequentadores indiferentes, mas como parte viva do corpo. Amar a igreja é amar o que Cristo ama. Cuidar dela é agir com zelo moral, participar com fidelidade, orar pelos seus líderes e lutar por sua pureza e santidade. Não com crítica destrutiva, mas com inegável compromisso de cooperar com a sua edificação.

Cristo não desistiu da igreja. Que nós também não desistamos.

Rev. Ericson Martins

Grandeza na coragem de amar


A imprensa do mundo todo noticiou o drama vivido pela brasileira Juliana Marins, morta quatro dias após cair durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia.

O fato despertou intensos debates públicos, especialmente nas redes sociais, dividindo opiniões sobre a imprudência dos que buscam aventuras com alto risco de acidentes graves e a omissão de governos que deveriam impedir o acesso a determinadas áreas ou estar preparados para socorro imediato em caso de tragédias.

No meio de todas essas tristes histórias, surge um indonésio que ultrapassou toda burocracia institucional, colocando a própria vida em risco para resgatar o corpo da jovem e garantir o sepultamento digno e o consolo da família já enlutada.

Seu nome é Agam Rinjani, um guia e voluntário local. Ele liderou uma equipe disposta a enfrentar condições extremas, fazendo o que precisava ser feito, sem esperar por recompensas ou reconhecimento. Sua atitude revela uma virtude muitas vezes ignorada: o amor prático, silencioso e profundo ao próximo.

Há pessoas que jamais terão seus nomes impressos em manchetes, mas que vivem diariamente uma fé que se expressa em atos concretos de compaixão. O Antigo Testamento nos apresenta um exemplo marcante: Ebede-Meleque, um oficial etíope que, em meio à corrupção e à covardia do reino de Judá, ousou interceder junto ao rei Zedequias para salvar o profeta Jeremias da morte certa (Jr 38:7-13). Anônimo aos olhos do mundo, mas lembrado eternamente pela Palavra de Deus.

Embora Agam não seja um crente declarado em Cristo, lembramos que todos, crentes ou incrédulos, carregam em si traços da imagem de Deus, o que lhes permite realizar atos de bondade (Lc 11:13), ainda que apenas como uma sombra da perfeição encontrada em Cristo.

Cristo nos ensinou que o verdadeiro amor não se limita a palavras ou intenções, mas se revela em gestos que carregam o peso da cruz (Jo 15:13). Ele mesmo se fez servo, lavou pés, tocou os intocáveis e deu sua vida pelos que nada podiam lhe oferecer. Ele é o exemplo perfeito, a medida do amor pleno e a fonte suficiente de toda boa obra (Cl 3:12-14; 2Co 9:8). Em cada ato anônimo de bondade, o mundo é tocado pela graça que há em Jesus.

Rev. Ericson Martins