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Orai e vigiai

 


Não é incomum ouvirmos pessoas alegarem, após cederem à tentação, que “a carne é fraca”, geralmente com um tom de autocomiseração ou de conformismo.

Quando a tentação se aproximava, Jesus advertiu os seus discípulos: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26:41). Ele havia se retirado para orar no Getsêmani, profundamente angustiado, e confiou aos discípulos a simples tarefa de vigiar com ele, mas eles se distraíram, entregando-se ao sono por três vezes.

Jesus não apenas lamentou o cansaço físico dos discípulos ao encontrá-los dormindo, mas expôs a fraqueza espiritual que nasce da ausência de vigilância e oração. Evidentemente, não é a carne, em si, que nos derrota, mas a carne desassistida pela vigilância espiritual e pela oração. A carne é fraca quando o compromisso com Cristo é superficial, quando o caráter não é forjado na intimidade com Deus.

Quantos hoje enfrentam tentações não por ignorância, mas por negligência! É o caso do crente que cede às impurezas sexuais por desprezar conselhos e ignorar a vigilância constante, ou daquele que se afasta da comunhão comunitária ao trocar o culto público pelo ativismo ou pelo entretenimento. Nenhum desses enfraquece de repente. Todos adormecem aos poucos.

Vigiar e orar não é um chamado à ansiedade, mas à lucidez espiritual, pois vivemos em um mundo moralmente corrompido e armado com sutis tramas satânicas. Sem discernimento, confundimos desejos com necessidades e tentações com oportunidades. E sem oração, tentamos resistir confiando em nós mesmos, mas a carne, sozinha, nunca vence. Na hora da prova, as forças aparentes traem a confiança e revelam bastidores de negligência que jamais deveriam ter sido ignorados.

Jesus sabia que o momento era decisivo, por isso apelou. Contudo, os discípulos não perceberam a gravidade do que estava para acontecer, por isso dormiram e caíram.

Jesus ensinou que quem vigia e ora não entra em tentação, mas permanece firme quando ela vem. Que essa vigilância e o compromisso de orar constantemente fortaleçam nossa lealdade a Cristo, por reconhecermos a fragilidade da nossa natureza humana.

Rev. Ericson Martins

Amemos a Igreja!

 

“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Efésios 5:25)

Nesta passagem, Paulo instrui os maridos sobre o amor sacrificial que devem nutrir por suas esposas, tomando como base o mais alto exemplo: o de Cristo por sua igreja. Nele percebemos a essência do seu compromisso, pois não apenas sentiu amor pela igreja, mas se entregou voluntariamente por ela, com todo o custo que isso envolvia. Notemos que Paulo não se referiu a um amor sentimental, mas a um amor prático, santo e disposto a sofrer pelo bem de todos os eleitos e redimidos, de todos os tempos.

A igreja, portanto, é profundamente amada por Cristo. Essa verdade confronta o crescente número de cristãos que, decepcionados com escândalos morais de alguns líderes e com a corrupção doutrinária difunda por eles, abandonaram a comunhão local. Essa dor é real e precisa ser ouvida com humildade, mas jamais pode justificar o desprezo e o abandono radicais da igreja, pois ela continua sendo o corpo de Cristo (Ef 1:23), ainda que desacatada por alguns que deveriam ser “padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1Tm 4:12), assim cuidando do rebanho de Deus (At 20:28).

A tentação de viver uma fé individualizada, sem envolvimento com uma igreja local, é sutil. Tentação é toda inclinação ou estímulo, externo ou interno, que nos seduz a desviar da vontade de Deus. Hoje, ela muitas vezes se apresenta sob a forma de uma “espiritualidade alternativa”, que promete liberdade sem compromisso, mas o amor de Cristo não é apenas por indivíduos, é pela comunidade visível e reunida (Sl 133; Jr 31:1-3).

Diante disso, todos nós, cristãos, precisamos assumir a nossa responsabilidade de cuidar da igreja. Não como espectadores ou meros frequentadores indiferentes, mas como parte viva do corpo. Amar a igreja é amar o que Cristo ama. Cuidar dela é agir com zelo moral, participar com fidelidade, orar pelos seus líderes e lutar por sua pureza e santidade. Não com crítica destrutiva, mas com inegável compromisso de cooperar com a sua edificação.

Cristo não desistiu da igreja. Que nós também não desistamos.

Rev. Ericson Martins

Grandeza na coragem de amar


A imprensa do mundo todo noticiou o drama vivido pela brasileira Juliana Marins, morta quatro dias após cair durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia.

O fato despertou intensos debates públicos, especialmente nas redes sociais, dividindo opiniões sobre a imprudência dos que buscam aventuras com alto risco de acidentes graves e a omissão de governos que deveriam impedir o acesso a determinadas áreas ou estar preparados para socorro imediato em caso de tragédias.

No meio de todas essas tristes histórias, surge um indonésio que ultrapassou toda burocracia institucional, colocando a própria vida em risco para resgatar o corpo da jovem e garantir o sepultamento digno e o consolo da família já enlutada.

Seu nome é Agam Rinjani, um guia e voluntário local. Ele liderou uma equipe disposta a enfrentar condições extremas, fazendo o que precisava ser feito, sem esperar por recompensas ou reconhecimento. Sua atitude revela uma virtude muitas vezes ignorada: o amor prático, silencioso e profundo ao próximo.

Há pessoas que jamais terão seus nomes impressos em manchetes, mas que vivem diariamente uma fé que se expressa em atos concretos de compaixão. O Antigo Testamento nos apresenta um exemplo marcante: Ebede-Meleque, um oficial etíope que, em meio à corrupção e à covardia do reino de Judá, ousou interceder junto ao rei Zedequias para salvar o profeta Jeremias da morte certa (Jr 38:7-13). Anônimo aos olhos do mundo, mas lembrado eternamente pela Palavra de Deus.

Embora Agam não seja um crente declarado em Cristo, lembramos que todos, crentes ou incrédulos, carregam em si traços da imagem de Deus, o que lhes permite realizar atos de bondade (Lc 11:13), ainda que apenas como uma sombra da perfeição encontrada em Cristo.

Cristo nos ensinou que o verdadeiro amor não se limita a palavras ou intenções, mas se revela em gestos que carregam o peso da cruz (Jo 15:13). Ele mesmo se fez servo, lavou pés, tocou os intocáveis e deu sua vida pelos que nada podiam lhe oferecer. Ele é o exemplo perfeito, a medida do amor pleno e a fonte suficiente de toda boa obra (Cl 3:12-14; 2Co 9:8). Em cada ato anônimo de bondade, o mundo é tocado pela graça que há em Jesus.

Rev. Ericson Martins

Discernimento em meio às sutilezas do engano


A advertência de Deus a Caim, em Gênesis 4:7, foi clara: o pecado estava à porta, pronto para dominar, mas cabia a ele resistir. Essa é uma das primeiras lições da Bíblia sobre a natureza da tentação. Ela não é abrupta nem explícita em sua primeira aproximação. Antes, é sorrateira, testando os limites do coração, minando aos poucos o temor ao Senhor, até que a consciência se renda ao relativismo de responsabilidades cristãs absolutas e biblicamente inegociáveis.

A tentação é a sugestão persistente de abandonar o caminho da fidelidade, travestida de necessidades ou argumentos justos. Assim, como no caso de Caim, o desprezo pela advertência e correção o arrastou, aos poucos, ao pecado, inicialmente apenas à porta, mas que, por ter sido subestimado com autojustificativa e mentira, entrou, dominou e matou (Gn 4:5-9).

Jesus também enfrentou a tentação, mas venceu-a por meio da confiança inabalável na Palavra de Deus (Mt 4:1-11). Pedro, por outro lado, mesmo bem-intencionado, caiu em erro quando tentou dissuadir Jesus de ir à cruz. A repreensão que recebeu foi severa: “Arreda, Satanás!” (Mt 16:23). Isso revela como até conselhos, convites ou eventuais concessões aparentemente amorosas ou inofensivas podem ocultar armadilhas espirituais.

Por isso, discernir a tentação exige vigilância constante e intimidade com Deus, porque nem toda oferta é bênção, e nem todo conselho é biblicamente sábio. O mal, muitas vezes, se esconde por trás de situações comuns, emoções legítimas, pressões de necessidades e palavras bem elaboradas.

Cultivar a fé é o caminho para resistir. A fé verdadeira é viva, cresce em oração, se alimenta das Escrituras e se fortalece na comunhão da igreja. Em vez de permitir que o desânimo pecaminoso ou a infidelidade se abrigue, aquele que teme o Senhor exerce domínio disciplinado de suas vontades, rendendo-as à vontade revelada de Deus todos os dias.

Rev. Ericson Martins

Ainda não é o fim!


O céu se cobre de fumaça onde a terra rejeita a paz, mas ainda não é o fim!

“E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim” (Mateus 24:6)

Nesta semana, estamos acompanhando, com pesar e preocupação, os conflitos militares entre Israel e Irã. Essa tensão no Oriente Médio, que não é recente, tem ecoado por todo o mundo, gerando medo, insegurança e, sobretudo, dor. Enquanto famílias são destroçadas e vidas interrompidas, discursos inflamados de ambos os lados persistem, alimentando ameaças e ódio, e afastando qualquer expectativa de uma solução breve.

É evidente que a ausência de paz entre os povos, como no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, bem como em outros contextos onde se utilizam arsenais judiciários, tributários e políticos como armas de diferentes formas de guerra, é um sinal claro da ruína espiritual da humanidade e da cegueira de autoridades que, em busca de poder, planejam e praticam o mal uns contra os outros.

Jesus não apenas previu tais acontecimentos, mas os inseriu em seu sermão escatológico como sinais que antecedem o fim. Em Mateus 24:6, ele nos adverte que essas guerras e rumores de guerras não devem nos surpreender, pois fazem parte de um plano que culminará em sua volta. É como se cada conflito atual o mundo fosse, ao som de sirenes (como de trombetas), alertado para a realidade do juízo vindouro.

Por isso, para os cristãos conhecedores da verdade de Deus, a resposta não deve ser o desespero, mas a vigilância, a fé e a esperança. O Senhor reina soberanamente, e nada escapa ao seu governo eterno. Em breve, ele frustrará os desígnios das nações e manifestará a plenitude do seu Reino de “justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14:17).

Rev. Ericson Martins

Feliz Dia dos Namorados

 


O Dia dos Namorados chegou! Quem não se lembra do primeiro encontro, de como o amor especial surgiu e de como foi crescendo a ansiedade de passar o maior tempo possível juntos?

Em Provérbios 18:22 lemos: “O que acha uma esposa acha o bem e alcançou a benevolência do Senhor.” Neste verso, o rei Salomão, inspirado por Deus, declarou uma realidade sempre atual: o amor conjugal, quando nasce de modo puro e sob o temor do Senhor, é uma das manifestações mais belas da graça divina. 

Ao dizer que “o que acha uma esposa acha o bem”, o texto não se refere apenas ao encontro de alguém com quem dividir os dias, mas à descoberta de algo essencial para nós: a comunhão que aponta para o cuidado de Deus em nossas necessidades mais íntimas.

Essas palavras de Salomão não são apenas um elogio ao casamento, mas uma celebração da benevolência do Senhor, revelada pela dádiva do amor exclusivo, firmado em aliança, que deve ser genuinamente buscado. Aliás, o verbo “achar” transmite a ideia de uma busca criteriosa e providencial, que conduz ao casamento, não a uma união precipitada. Não se trata apenas de encontrar alguém para saciar a necessidade de afeto, mas de reconhecer, no outro, um bem que vem do alto, como motivo de constante gratidão a Deus, muito além de uma data comemorativa no calendário.

É nesse sentido que o amor entre um homem e uma mulher, cultivado com santidade, altruísmo e fidelidade, revela os traços da benevolência do Senhor. Assim, o namoro torna-se o início de uma jornada em que dois corações aprendem a amar como Cristo ama sua Igreja.

Os que anseiam pelo casamento não se entreguem à pressa ou ao desespero, mas esperem pelo momento certo e pela a pessoa certa, buscando da parte do Senhor sabedoria em sua Palavra. E que os que já encontraram esse bem precioso celebrem com gratidão e alegria, pois, de fato, alcançaram a benevolência do Senhor.

Rev. Ericson Martins

Testemunho de uma idosa no culto

 


“Oh! Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Sl 34:8)

Ontem, estávamos na igreja quando percebemos a chegada de uma idosa; parecia ter cerca de 85 anos e caminhava com o auxílio de um andador. Assentou-se próxima a nós.

Logo que o culto se iniciou, passou a participar com entusiasmo e, mesmo com uma voz fraca, orava e cantava, não se deixando vencer pelo peso da idade.

Em dado momento, enfrentando qualquer temor ou constrangimento, acenou para o pastor, que atenciosamente deixou o púlpito e se aproximou para ouvi-la. Pediu, então, uma oportunidade para falar algo. O pastor, com discernimento e sensibilidade, interrompeu a liturgia e lhe concedeu o microfone. Um grande silêncio se formou, unido à expectativa da congregação.

De repente, aquela humilde idosa começou a orar, e tudo o que conseguia expressar, por alguns minutos, eram palavras carregadas de gratidão a Deus. Em seguida, com lágrimas escorrendo por seu rosto, testemunhou que estava enferma e, por esse motivo, impedida de congregar nos últimos meses, mas que, naquela noite, conseguiu ir ao culto, unir-se aos irmãos e prestar culto a Deus.

Todos ficaram cheios de temor, e a emoção invadiu o coração de muitos. Naquele momento, lembrei-me da pandemia da Covid-19 e de quantos sofreram por terem sido privados dos cultos públicos, por conta das restrições sanitárias. Pensei também nos que, mesmo gozando de boa saúde e tendo oportunidade, desprezam a convocação divina para se reunirem em assembleia e prestar culto a Deus, desperdiçando privilégios que ecoam na eternidade.

O testemunho daquela idosa edificou e multiplicou a alegria entre os presentes, por estarem ali, cantando louvores e encontrando no Senhor refúgio de alegria, porque ele é bom! Não percamos a oportunidade de congregar com zelo, prestando culto e fortalecendo-nos na comunhão.

Rev. Ericson Martins

As crianças são o presente da Igreja


A repetida frase “as crianças são o futuro da Igreja” parece bem-intencionada, mas esconde um sério conflito: ao projetar seu valor e importância funcional somente no futuro, nega-se a sua relevância no presente. O Salmo 8:2 confronta diretamente esse pensamento ao afirmar que o próprio Deus suscita força da boca dos pequeninos, e isso por um propósito: silenciar inimigos e vingar a justiça.

Não se trata aqui de uma metáfora, mas de uma realidade. Crianças que louvam a Deus, que oram, que aprendem a Palavra de Deus, não estão em fase de espera, mas em pleno exercício espiritual, de modo que Deus revela nelas força teológica e escatológica, relacionada ao seu reino (Mt 19:14).

Nessa lógica, na aparente fragilidade humana, Deus manifesta sua força (2Co 12:9), e isso inclui a infância, o culto das crianças, suas orações, sua comunhão e seu serviço.

Precisamos entender e afirmar que elas não são apenas “a esperança de amanhã”, mas instrumentos de Deus hoje, como afirmou Joel Beeke: “As crianças da aliança são membros do corpo de Cristo desde a infância, não porque sejam inocentes, mas porque pertencem à comunidade do pacto e devem ser instruídas no temor do Senhor desde os primeiros anos” [1]

Reconhecer as crianças como membros ativos do corpo de Cristo é mais do que pedagógico, é cristocêntrico, porque são parte por meio da aliança dos pais crentes (1Co 7:14) e, como tal, devem ser acolhidas, discipuladas e integradas.

A família, a Igreja e seus líderes que as consideram como apenas “o futuro” correm o risco de subestimar e negligenciar o cuidado a um dos mais belos meios pelos quais Deus revela a sua glória hoje!

Rev. Ericson Martins

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[1] BEEKE, Joel R. Parenting by God’s Promises: How to Raise Children in the Covenant of Grace. Orlando: Reformation Trust, 2011, p. 37.

O conselho do Senhor dura para sempre

“O Senhor frustra os desígnios das nações e anula os intentos dos povos. O conselho do Senhor dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações” (Sl 33:10-11).

A afirmação pública de uma autoridade brasileira: “Deus deixou o sertão sem água porque ele sabia que eu ia… trazer água para cá” é mais do que um lapso de humildade, é uma ofensa à soberania divina, diante da qual não podemos nos calar! Ela atribui à vaidade humana a prerrogativa de moldar o conselho eterno de Deus, como se o Criador reescrevesse sua providência em torno da ascensão de um homem ao poder.

A Palavra de Deus ensina que os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos (Sl 19:1); logo, a seca no sertão não resultou de uma insensível conspiração divina, tampouco é palco para discursos falaciosos, mas parte de uma criação que geme, como efeitos da queda e do pecado.

Portanto, ao inverter os papéis entre Criador e criatura, o discurso arrogante revela uma cegueira espiritual profunda. Ele ecoa, desde Babel, o mesmo fracasso moral de tentar fazer um nome para si, deixando de considerar que a verdadeira grandeza não se constrói com soberba, mas com humildade, segundo a graça de Deus.

Nesse mesmo sentido, quando alguém fala como se Deus lhe devesse algo ou girasse o mundo em torno de seus feitos, repete o erro de Nabucodonosor, que precisou ser severamente humilhado até reconhecer que “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens” (Dn 4:32).

Ele não é apenas um nome em discursos políticos imprudentes, é o Senhor de toda a Terra e deve ser sempre distintamente reverenciado. Os homens passam, logo se confundem com o pó da terra e são esquecidos, mas os desígnios do Senhor permanecem por todas as gerações.

Rev. Ericson Martins

 

Jovens, somos filhos da graça, não do destino!


“Todavia, os filhos de Corá não morreram” (Nm 26:11)

Essa curta afirmação na genealogia de Números 26 é impactante. Corá liderou uma rebelião contra Moisés e Arão e, por isso, ele e seus seguidores foram severamente punidos (Nm 16:20-34). Contudo, os filhos de Corá sobreviveram, temeram e decidiram servir ao Senhor, deixando salmos que ainda edificam (Salmos 42-49, 84-85, 87-88).

A verdade é que a incredulidade de uma geração prejudica, mas não determina o destino da seguinte. Em um tempo em que tantos jovens têm crescido sem referência de vida cristã no lar, há esperança, porque os filhos de Corá são prova de que é possível escrever uma nova história.

Na Bíblia, encontramos diversos exemplos semelhantes, como o de Ezequias, que foi um rei temente a Deus, embora seu pai, Acaz, fosse perverso (2Rs 16:2 e 18:3); e o de Josias, que buscou o Senhor, sendo filho de Amom, que fez o que era mau perante o Senhor (2Cr 33:22 e 34:3).

A fé não é hereditária, mas pode ser dada pela soberana graça de Deus. Portanto, os jovens que não têm pais crentes podem crer, obedecer e servir com zelo ao Senhor. Apesar do passado familiar, importa o que o Senhor faz hoje, e ele mesmo fortalece aqueles que o buscam (2Cr 16:9; Fp 1:6 e 2:13).

Os filhos de Corá não se conformaram com o mau exemplo paterno, preferindo temer a Deus. E os jovens hoje podem fazer o mesmo! Sua história não está fadada ao fracasso espiritual de seus pais. Pela graça, podem ser um novo e belíssimo recomeço, influenciando a sua geração e sendo bons exemplos para as seguintes.

O Deus que preservou os filhos de Corá é o mesmo que os chama para viverem em fidelidade. Saibam que a incredulidade ou infidelidade no contexto de suas famílias podem tê-los prejudicado no passado, mas a fé viva e eficaz em Cristo pode ser a sua realidade hoje, agora mesmo!

Rev. Ericson Martins

Ser mãe é um chamado sagrado

 

Mais do que em um único dia, homenageemos aquelas que, com amor incansável, geraram e moldaram nossas vidas. Mesmo quando crescemos e constituímos novas famílias, nossas mães continuam sendo refúgios de carinho e de aromas que nos transportam a memórias que jamais se apagam.

Sempre quando visito minha mãe, sou tomado por gratidão e reverência por ela ter me gerado, educado e protegido de tantas ameaças, às custas de muito sofrimento pessoal. Lembro-me também das madrugadas em que se recusava a descansar para orar por mim, enquanto eu acordava ouvindo seus discretos apelos a Deus a meu favor; da insistência com que me ensinava o Evangelho e a importância de congregar para a comunhão da fé em Cristo.

Ser mãe, assim, é um chamado sagrado, concedido pela graça de Deus. Pois, mesmo diante de sacrifícios muitas vezes não reconhecidos, elas continuam cuidando, se preocupando, chorando e orando por seus filhos.

Louvemos ao Senhor por nossas mães, e que cada uma delas encontre, em cada um de nós, não apenas palavras de afeto, mas atos voluntários de honra e cuidado.

“Levantam-se seus filhos e lhe chamam ditosa…” (Pv 31:28)

Rev. Ericson Martins
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Cristo, a primazia em todas as coisas


Em Colossenses 1:18, Paulo afirma que Cristo é “o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia”. Essa declaração, presente num dos mais sublimes hinos cristológicos do Novo Testamento, revela o lugar absoluto de Cristo em todas as esferas da existência. Ele não é apenas central na redenção, mas também supremo sobre tudo o que envolve as nossas vidas!

Tal primazia indica que ele é o único digno de ocupar o centro das nossas atenções no culto: nas liturgias, nas orações, nas músicas, nas pregações, nos votos, nos batismos e nas celebrações da Ceia. Não pode haver espaço para exaltação humana, vaidade emocional ou doutrinas centradas no homem. A igreja deve ser o lugar onde tudo aponta para Cristo crucificado, ressurreto e glorificado (Cl 1:19-23).

No dia a dia não deve ser diferente. Nossos projetos, decisões, vocações, relacionamentos e até mesmo o uso do nosso tempo, tudo deve considerar e testemunhar Cristo em nós. Viver com Cristo como prioridade é reconhecer que não somos donos de nós mesmos, pois fomos comprados e pertencemos a ele (1Co 6:20). Agora, a fé que nos sustenta e a esperança que nos consola se encontram somente nele (Hb 12:1-2; Rm 5:1-2).

Isso impacta profundamente o nosso lar. O compromisso com o testemunho de Cristo precisa ser o elemento unificador do casamento, como modelo de servidão e amor sacrificial (Ef 5:22-33). E, na educação dos filhos, a referência doutrinária nas instruções e nas disciplinas (Ef 6:1-4). A família só permanece firme quando está enraizada na obediência a Cristo e no ensino da sua Palavra.

Portanto, em tempos de confusão moral e relativismo, reconhecer a primazia de Cristo é submeter, não apenas na confissão, mas na prática, nossas convicções, desejos e iniciativas à vontade dele, porque ele é a verdade (Jo 14:6), e fora dele não há luz, nem direção.

Assim, ter Cristo como centro não é apenas um lema espiritual, mas um chamado diário de fidelidade. Que a nossa vida reflita a realidade revelada em Colossenses 1:18: em tudo, Cristo deve ter a primazia, não em parte, mas em todas as coisas!

Rev. Ericson Martins

Deus é o único Papa e Cristo o único Pontífice

 


“A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está nos céus” (Mt 23:9).

Jesus deu essa advertência no contexto da denúncia contra os escribas e fariseus, que se assentavam na cadeira de Moisés (Mt 23:1), ou seja, usurpavam uma autoridade que não possuíam.

Moisés foi um dos mais relevantes líderes da história dos israelitas, mas isso não resultou de ostentação externa, nem de falso moralismo religioso (Mt 23:2-8), e sim do chamado divino e de seu caráter coerente e fiel a Deus.

Os escribas e fariseus eram apegados a títulos honrosos e esperavam ser exaltados pelos homens. Por ocuparem lugares de destaque, como se fossem mediadores espirituais entre Deus e os homens, acreditavam possuir autoridade religiosa absoluta, exigindo um reconhecimento que deveria ser dado somente a Deus.

Por isso, Jesus foi claro: “A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está nos céus”.

A palavra “pai” nessa passagem bíblica é a palavra grega pater (progenitor masculino). Jesus não proibiu chamar o pai terreno de “pai”, pois o sentido empregado não foi biológico, mas teológico. Ele rejeitou qualquer autoridade espiritual humana que usurpe o lugar de Deus Pai, bem como qualquer estrutura eclesiástica que centralize autoridade em uma única figura humana, como é o caso do papado romano.

Deus é o único Papa (“Pai”) e todos os crentes verdadeiros em Cristo são irmãos, sob a mesma autoridade divina. Aqueles que creem nessa doutrina bíblica rejeitam qualquer tentativa de obscurecer ou usurpar a suficiência da obra sacerdotal de Cristo (o único “Pontífice”, cf. Hb 4:14-15; 1Tm 2:5) e a glória que deve ser tributada somente ao Pai que está nos céus.

Rev. Ericson Martins

Chamado aos Judas

 


Judas Iscariotes foi um dos discípulos de Jesus, com quem andou por três anos, partilhando experiências tensas e maravilhosas. Ele testemunhou ensinos e milagres em número que nem todos tiveram o privilégio de presenciar. A aproximação diária com Jesus lhe rendeu certezas sobre sua integridade humana e divina, que jamais poderiam ser contestadas.

Contudo, Judas amou o dinheiro mais do que a Jesus (Jo 12:6; Mt 26:15), não creu que ele era o Cristo (Jo 6:64-71), com mentiras tornou-se seu acusador (Jo 6:70-71), entregou-se à influência de Satanás (Lc 22:3; Jo 13:27) e sua traição confirmou o que as Escrituras haviam advertido (Sl 41:9; Jo 13:18), sendo um discípulo por fora, mas um traidor por dentro.

Todo esse histórico prova que é possível dizer-se seguidor de Jesus, mas seguir doutrinas errôneas sobre quem ele é, dar crédito a acusações injustas contra ele, entregar-se à ganância pelo dinheiro e sujeitar-se à falsa religião que serve ao plano de Satanás, tudo em rota para a própria perdição.

Entretanto, mesmo que, na Igreja e fora dela, haja muitos que não são crentes em Cristo, há esperança em sua justificação, porque o grande amor de Deus, provado pelo sacrifício expiatório de seu único Filho na cruz, neste tempo que resta à humanidade, ainda ecoa o chamado para que todos confessem seus pecados e se arrependam deles, crendo em Jesus Cristo para sua salvação.

Nenhum homem é inocente ao afirmar que só faz o bem (Rm 3:10-12), enquanto sua natureza permanece corrompida pelo pecado, tornando-o indigno da vida eterna com Deus. Por essa razão, todos precisam da graça que só Deus pode dar, se revelando na criação, na consciência e nas Escrituras (Rm 1:18-21, 2:14-16). Todos os homens são indesculpáveis por si mesmos! Por isso, Deus ainda os chama ao arrependimento!

O perdão está em Deus, e ele leva em conta a satisfação de sua justiça, cumprida por Cristo, a quem devemos seguir pela verdadeira fé e pelas coerentes obras que a evidenciam.

Rev. Ericson Martins

Crianças opressoras


"Os opressores do meu povo são crianças… enganam e destroem o caminho por onde devias andar" (Isaías 3:12)

Nos últimos anos, a Igreja evangélica brasileira tem sido perturbada por crianças no governo espiritual, autointitulados profetas e evangelistas que fazem espetáculo, como atores interpretando caricaturas. Além disso, o engano tem seduzido muitos com promessas que Deus não fez, com o fim de extorquir financeiramente os ingênuos.

O caos se agrava à medida que a Palavra de Deus é desprezada, tanto por falsos líderes quanto por aqueles que os seguem, insistindo em ouvi-los e acreditando em suas fantasias.

O texto de Isaías 3:12 está em um contexto em que Deus anuncia que removeria os líderes sábios e os substituiria por inexperientes. O termo “crianças” (hb. ōlēl) é metafórico, descrevendo aqueles que oprimem o povo, porque não estão preparados para o campo de batalha ou que, por sua frágil experiência, precisam ser mais cuidados do que cuidar dos outros.

O texto revela que uma consequência do juízo divino é a inversão da ordem saudável da liderança, resultando em desordem e caos. E por que esse juízo? Porque o povo havia rejeitado os líderes que Deus havia chamado, preparado e enviado, preferindo outros, por sua rebeldia.

Ainda que o texto não fale de crianças literais, o sentido é confirmado pela experiência prematura, conhecimento superficial das Escrituras e motivações suspeitas.

A Igreja precisa urgentemente retornar aos padrões bíblicos da fé, do culto e da liderança (1Tm 3:1-16 e Tt 1:5-9), destacando que ela:

“não seja neófita, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo” (1Tm 3:6).

Rev. Ericson Martins

Fé inabalável em tempos de avanços tecnológicos


Os avanços da tecnologia quântica, do ciborguismo, da inteligência artificial, da realidade virtual e da exploração espacial já moldam, de forma concreta, a maneira como as pessoas pensam, vivem e interagem. Embora tragam benefícios, essas inovações também provocam mudanças profundas na empatia entre relações pessoais, afetando nossa percepção de Deus, de nós mesmos e do mundo.

Lembro-me de quando a TV em casa era de tubo e preto e branco. É inevitável perceber o quanto as mudanças ao longo dos anos surpreendem e, ao mesmo tempo, assustam, pelas consequências ocultas por trás das facilidades e da falsa ideia de que o ser humano não depende de Deus, mas da sua própria inteligência e das conquistas que ela proporciona.

Refletir sobre como tudo isso tem afetado a espiritualidade cristã é algo que muitos evitam, por receio ou pela conveniente omissão. O problema não está no uso da tecnologia, mas em sua elevação a um lugar de confiança e sentido. O homem, imerso em inovações tecnológicas e no excesso de entretenimento, tende a se esquecer de Deus, negligenciando a sua devoção.

Precisamos entender que o Evangelho jamais será superado por inovações. O sacrifício de Cristo continua sendo o único caminho, a verdade e a vida (Jo 14:6), mesmo diante de realidades paralelas ou inteligências que simulam emoções, decisões e tarefas do cotidiano. A espiritualidade cristã precisa se manter firmada na rocha, e não em artificialidades temporais.

Por isso, é urgente preservamos a intimidade com Deus, valorizarmos a comunhão com a igreja, a leitura devocional e diária da Palavra, a oração sincera e o exercício da fé.

Como os filhos de Issacar, devemos compreender os desafios contemporâneos para sabermos o que fazer para termos uma vida mais alinhada com os propósitos redentivos e santificadores de Deus (1Cr 12:32). A tecnologia, por mais avançada e útil que seja, não supre a necessidade de consolo do Espírito e da direção das Escrituras.

E, mesmo em um mundo cada vez mais digital, o Reino de Deus continua sendo real e inabalável (Hb 12:28). Portanto, o futuro que importa não é o que a tecnologia promete, mas o que Deus já revelou, por meio de seu Filho.

“Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2Pe 3:13).

Rev. Ericson Martins