O cenário político atual, marcado por tensões internas e externas, tem despertado reações intensas entre governantes e cidadãos. A recente reação do presidente norte-americano, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros provocou imediata reação do governo brasileiro, reacendendo o debate sobre soberania, diplomacia e interesses nacionais. Nesse ambiente de crescente polarização, mais uma vez a Igreja é pressionada.
É fundamental que ela preserve sua identidade, visto que não é extensão de partidos, tampouco instrumento de ideologias passageiras. Ela foi chamada para ser sal da terra e luz do mundo, comprometida com a verdade e com o testemunho do Evangelho.
A Palavra de Deus orienta a orar pelas autoridades, a respeitá-las (Rm 13:1-7; 1Pe 2:13-17), a pagar tributos (Mt 22:21) e a estimular que cargos públicos sejam ocupados por pessoas tementes a Deus, moralmente íntegras e competentes. A Igreja deve participar do debate político e preferir as lideranças mais comprometidas com os valores do Reino. No entanto, isso não significa render-se aos pés de quaisquer agentes políticos ou ideologias humanas, porque a sua missão é profética, não partidária.
John Locke, pensador cristão e defensor da liberdade religiosa, viveu em contexto de absolutismo do Estado. Ele advertiu que, quando fé e política se misturam, quem perde é a fé. A história tem mostrado isso: onde a Igreja se aliou a regimes ou partidos, perdeu sua autoridade moral e sua autonomia espiritual.
Jesus deixou claro que seu Reino não é deste mundo (Jo 18:36), não buscou apoio político, nem cedeu a qualquer tentação do poder terreno. A Igreja deve seguir esse exemplo! Como João Batista diante de Herodes, precisa manter sua voz livre para denunciar o pecado e proclamar a justiça, ainda que isso custe influência, aceitação ou liberdade.
Ao mesmo tempo, devemos viver como cidadãos responsáveis, sendo cada vez mais biblicamente coerentes na hora de votar, pois o resultado sempre trará eleitos que servirão como instrumentos de bênção ou de severa punição sobre uma nação, quando despreza o conselho do Senhor pela infeliz escolha de governantes insensatos.
Rev. Ericson Martins
0 comentários: