A crise política entre Brasil e Estados Unidos parece não ter fim. Pelo contrário, ao observarmos o modo como as maiores autoridades de ambos os países reagem a cada provocação, não encontramos indícios seguros de que alguém esteja disposto a recuar em favor de um acordo que pacifique as relações diplomáticas e determinados setores econômicos.
Crises nos relacionamentos são inevitáveis, porque os homens estão corrompidos pelo pecado e se mostram, naturalmente, indispostos a se humilhar uns diante dos outros.
Contudo, a Palavra de Deus nos fornece sabedoria para frear o ímpeto do orgulho e da beligerância, como resultado da comunhão com Jesus Cristo. Foi sobre isso que o apóstolo Paulo falou em Efésios 2:13-22.
Como cristãos, guiados pela Palavra de Deus, temos a constante necessidade de rever os princípios que nos orientam a promover e manter relacionamentos saudáveis e harmônicos. E, ao observarmos o atual cenário do conflito político, podemos refletir exatamente sobre esse tema, a fim de compreendermos nosso lugar, como Igreja, no meio dele, como luz do mundo.
Quando líderes se enfrentam por interesses e interpretações distintas, somos lembrados de como o ser humano, em qualquer esfera, carece de sabedoria, humildade e graça para lidar com o outro.
O que a atual crise política nos ensina sobre relacionamentos?
Respeito pela individualidade.
Discernir e respeitar os limites do outro é essencial para a preservação da paz e da harmonia. Quando esse princípio é negligenciado, fronteiras são ultrapassadas, gerando inconveniências intoleráveis. O amor não nos dá o direito de violar a privacidade alheia ou menosprezar o valor de uma pessoa.
Comunicação constante.
A crise entre o Brasil e os EUA agravou‑se rapidamente pela ausência de um ambiente de comunicação bilateral, optando-se por trocas de provocações e ameaças públicas. Em qualquer crise de relacionamento, a solução sempre passa pelo diálogo claro, franco e moderado pelo “fechar a boca”, como afirma o texto de Provérbios: “O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína” (Pv 13:3).
Inteligência emocional.
Saber quem somos e como reagimos diante de um conflito é sinal de sabedoria. Jesus ensinou que, no confronto entre dois reis, o mais fraco deve reconhecer sua impotência e enviar uma embaixada pedindo condições de paz (Lc 14:31‑32), e não insistir movido pela cegueira do orgulho. Da mesma forma, precisamos de estratégia emocional, negociação e resiliência diante das adversidades (Fp 4:5; Cl 4:6).
Discernimento entre ideias e pessoas.
A diplomacia exige separar interesses pessoais dos institucionais, assim como, nas relações interpessoais, somos chamados a distinguir o debate de ideias da dignidade da pessoa. Quando isso não ocorre, divergências legítimas acabam em ofensas pessoais graves, perdendo-se a oportunidade de seguir a verdade em amor e, assim, edificando o relacionamento em vez de destruí-lo.
Rev. Ericson Martins

0 comentários: