“Dou graças ao meu Deus, lembrando-me, sempre, de ti nas minhas orações, estando ciente do teu amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus e todos os santos, para que a comunhão da tua fé se torne eficiente no pleno conhecimento de todo bem que há em nós, para com Cristo. Pois, irmão, tive grande alegria e conforto no teu amor, porquanto o coração dos santos tem sido reanimado por teu intermédio” - Filemom 4-7
Uma das figuras mais interessantes que a Bíblia atribui à Igreja é da família (Rm 8:28-29; Ef 2:19; 1 Pd 1:23), pois seus membros são gerados por um só Progenitor e, assim, formam verdadeiramente uma família de natureza espiritual. Uma família saudável é caracterizada pelo mútuo afeto e proteção, os quais simplificam a comunhão.
Quando as crianças começam a crescer e interagir com outras da mesma idade, os pais se esforçam para ensiná-las a compartilhar seus brinquedos. Eles entendem que como membros de uma sociedade organizada é necessário aprender desde cedo a compartilhar o que possuem. Este é o conceito básico da comunhão, sem a qual as pessoas apenas se encontram, mas não se relacionam.
A carta de Paulo à Filemom é a mais breve e, talvez, a mais íntima de todas as suas cartas. Onésimo era um escravo que roubou do seu senhor (Filemom) e fugiu para Roma onde se encontrou com Paulo. Após evangelizado e convertido, Paulo o enviou ao seu senhor (v. 12) com esta carta em mãos e pedindo que Filemom o perdoasse, pois ele havia fugido como escravo, mas retornado como irmão caríssimo (v. 15-17).
Esta atitude de Paulo para com Onésimo ao seu próprio colaborador Filemom, ensina-nos alguns princípios que devem ser aplicados ao contexto eclesiástico, mas especialmente na relação entre cônjuges, pais e filhos.
1. Comunhão exige orar uns pelos outros (v. 4)
Depois da sua tradicional saudação (v. 1-3), Paulo disse que dava graças a Deus lembrando-se sempre de Filemom em suas orações. Em outras passagens Paulo pediu que orasse por ele (1 Ts 5:25 e 2 Ts 3:1). Todos nós necessitamos uns dos outros quando se trata de oração. Devemos pedir que orem por nós, mas também ter a iniciativa de orar pelos outros. A oração é parte vital na comunhão familiar, porque a comunhão familiar começa na comunhão com Deus.
2. Comunhão envolve a todos (v. 5)
Relacionamentos normalmente são condicionados por níveis de intimidade. Todos defendem a necessidade de ter algumas pessoas no âmbito da intimidade. Mas comunhão é para com todos. Deve ser abrangentemente partilhada com “todos os santos” (At 2:42-47, 4:32-35). No ambiente familiar todos devem ser beneficiados pelo compartilhamento das alegrias e tristezas, das oportunidades e bens. Não deve ser preservado qualquer egoísmo ou resignação, todos devem experimentar a vida um do outro.
3. Comunhão reconhece todo o bem (v. 6)
A comunhão nunca chega a conclusão imediata que as boas atitudes são importantes e valorosas. O “pleno conhecimento de todo bem” é o efeito cumulativo de tudo o que é feito para a edificação espiritual, assim como nos relacionamentos interpessoais. A crítica depreciativa e desencorajadora não reflete tal conhecimento na comunhão, mas a avaliação sensível de tudo o que é feito para o bem dos relacionamentos como forma de mútuo fortalecimento.
4. Comunhão conforta o coração (v. 7)
O relacionamento edificado sobre a base da comunhão bíblica favorece a alegria e conforto no amor. O amor disponibiliza as pessoas para ajudar umas às outras, ambas confiando no favor do Senhor. Quando alguém tem necessidade, todos se sentem responsáveis para suprir. É na verdadeira comunhão que experimentamos o conforto que se em algum dia passarmos por uma “tempestade”, haverá alguém para cobrir-nos e reanimar-nos. A proteção das necessidades uns dos outros é uma marca visível da comunhão bíblica dentro de casa.
Que estes princípios bíblicos te auxiliem buscar comunhão na igreja e, especialmente, fortaleçam a vida comum do lar.
Ericson Martins
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