“O Senhor frustra os desígnios das nações e anula os intentos dos povos. O conselho do Senhor dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações” (Sl 33:10-11).
A afirmação pública de uma autoridade brasileira: “Deus deixou o sertão sem água porque ele sabia que eu ia… trazer água para cá” é mais do que um lapso de humildade, é uma ofensa à soberania divina, diante da qual não podemos nos calar! Ela atribui à vaidade humana a prerrogativa de moldar o conselho eterno de Deus, como se o Criador reescrevesse sua providência em torno da ascensão de um homem ao poder.
A Palavra de Deus ensina que os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos (Sl 19:1); logo, a seca no sertão não resultou de uma insensível conspiração divina, tampouco é palco para discursos falaciosos, mas parte de uma criação que geme, como efeitos da queda e do pecado.
Portanto, ao inverter os papéis entre Criador e criatura, o discurso arrogante revela uma cegueira espiritual profunda. Ele ecoa, desde Babel, o mesmo fracasso moral de tentar fazer um nome para si, deixando de considerar que a verdadeira grandeza não se constrói com soberba, mas com humildade, segundo a graça de Deus.
Nesse mesmo sentido, quando alguém fala como se Deus lhe devesse algo ou girasse o mundo em torno de seus feitos, repete o erro de Nabucodonosor, que precisou ser severamente humilhado até reconhecer que “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens” (Dn 4:32).
Ele não é apenas um nome em discursos políticos imprudentes, é o Senhor de toda a Terra e deve ser sempre distintamente reverenciado. Os homens passam, logo se confundem com o pó da terra e são esquecidos, mas os desígnios do Senhor permanecem por todas as gerações.
Rev. Ericson Martins
0 comentários: