A advertência de Deus a Caim, em Gênesis 4:7, foi clara: o pecado estava à porta, pronto para dominar, mas cabia a ele resistir. Essa é uma das primeiras lições da Bíblia sobre a natureza da tentação. Ela não é abrupta nem explícita em sua primeira aproximação. Antes, é sorrateira, testando os limites do coração, minando aos poucos o temor ao Senhor, até que a consciência se renda ao relativismo de responsabilidades cristãs absolutas e biblicamente inegociáveis.
A tentação é a sugestão persistente de abandonar o caminho da fidelidade, travestida de necessidades ou argumentos justos. Assim, como no caso de Caim, o desprezo pela advertência e correção o arrastou, aos poucos, ao pecado, inicialmente apenas à porta, mas que, por ter sido subestimado com autojustificativa e mentira, entrou, dominou e matou (Gn 4:5-9).
Jesus também enfrentou a tentação, mas venceu-a por meio da confiança inabalável na Palavra de Deus (Mt 4:1-11). Pedro, por outro lado, mesmo bem-intencionado, caiu em erro quando tentou dissuadir Jesus de ir à cruz. A repreensão que recebeu foi severa: “Arreda, Satanás!” (Mt 16:23). Isso revela como até conselhos, convites ou eventuais concessões aparentemente amorosas ou inofensivas podem ocultar armadilhas espirituais.
Por isso, discernir a tentação exige vigilância constante e intimidade com Deus, porque nem toda oferta é bênção, e nem todo conselho é biblicamente sábio. O mal, muitas vezes, se esconde por trás de situações comuns, emoções legítimas, pressões de necessidades e palavras bem elaboradas.
Cultivar a fé é o caminho para resistir. A fé verdadeira é viva, cresce em oração, se alimenta das Escrituras e se fortalece na comunhão da igreja. Em vez de permitir que o desânimo pecaminoso ou a infidelidade se abrigue, aquele que teme o Senhor exerce domínio disciplinado de suas vontades, rendendo-as à vontade revelada de Deus todos os dias.
Rev. Ericson Martins
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