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Em defesa da política!


“Os teus príncipes são rebeldes e companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno e corre atrás de recompensas. Não defendem o direito do órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas” (Isaías 1:23)

Em meio a diversas ideologias político-partidárias e atuais polarizações eufóricas, cada um, possuindo a sua própria convicção, resiste refletir criticamente, dizendo: “política não se discute.” Apesar da política significar o uso do poder em defesa de interesses coletivos, esta resistência é justificada, em grande medida, pelo medo ou decepção de experiências passadas. Por isto, muitos associam a política a homens enganadores, a prática da improbidade administrativa, ao peculato, ao tráfico de influência a favor da impunidade, etc.., como motivo para se isentar de discussões sobre o momento que passa o Brasil e para não votar.

Enquanto a política indica proteger direitos humanos e atender interesses e necessidades da sociedade, é inegável que alguns agentes públicos, de fato, usam suas posições de poder para obter vantagens pessoais inescrupulosamente.

A política é séria, necessária e prevê uma administração justa a favor do bem comum e, considerando a responsabilidade que ela exige, os cristãos não devem se omitir, mas se interessar pelas informações, ser biblicamente criterioso e votar naqueles que possuem as melhores qualidades para os cargos que pleiteiam.

Isaías foi um profeta pré-exílio de Judá. Esse período foi marcado por transgressões tão graves que culminaram no exílio babilônico do povo, como punição de Deus. Nesse contexto, os governantes foram responsabilizados, pois quando deveriam conduzir o povo com justiça, se tornaram corruptos e assassinos (Is 1:21). Quando deveriam ser nobres entre o povo, se tornaram em escórias dele (Is 1:22). Foram guiados pela altivez das suas ganâncias e violaram direitos fundamentais (Is 1:23). Por estas e outras razões Deus prometeu se vingar de governantes corruptos (1:24), retribuindo na medida que merecem, inclusive o povo que se uniu a eles (Is 1:28), enquanto a sua misericórdia assistirá os arrependidos (Is 1:27).

Nesse texto de Isaías percebemos a exigência da boa política: qualidades morais e administrativas compatíveis com os cargos de poder, por parte de quem sabe que deverá prestar contas diante de Deus. A boa política defende o direito dos vulneráveis e atende a causa dos desfavorecidos, pois aprecia a justiça! A política em si é saudável e deve sim ser debatida democraticamente, em busca de soluções cada vez mais eficazes a favor dos mais pobres, da responsabilidade financeira, segurança pública, educação, incluindo da moral e cívica, etc..

Como cristãos, precisamos nos preocupar com a política e com aqueles que pretendem ocupar funções de autoridade, pois todos nós somos cidadãos e podemos ser favorecidos ou penalizados pela má gestão de homens impiedosos e enganadores. E a iniciativa que todos devem ter é fazendo orações, para que Deus nos dê gestores públicos tementes, comprometidos com a justiça (Is 1:26 cf. 1 Tm 2:2).

Também, participando responsavelmente do processo eleitoral, sabendo que os eleitos e revestidos de autoridade, deverão ser honrados com submissão (Mt 22:15-22; Rm 13:1-7). Por isto, não podemos nos omitir neste momento, mas participarmos ativamente. Manifestações públicas são um importante instrumento de uma sociedade, para protestar contra as injustiças e corrupções, contudo, mais determinante ato de transformação é a pesquisa dos candidatos, a comprovação de suas competências, moral e administrativas, e o voto consciente.

Rev. Ericson Martins


Uma homenagem às mães

 


Nossas mães ocupam um lugar especial em nossos corações!

Em meio às dores nos conceberam e entre noites mal dormidas nos alimentaram. Elas nos ensinaram os primeiros passos e as principais lições, fizeram persistentes renúncias para estar sempre ao nosso lado, pela jornada da vida.

Seu otimismo nos encorajou quando pensamos em desistir, sua paciência nos deu novas oportunidades e com sabedoria nos corrigiram enquanto caminhávamos.

Somos quem somos e chegamos onde chegamos, porque apesar das suas imperfeições, se revestiram de força e dignidade, e nos mostraram o caminho, sem nunca descansar.

Algumas partiram, legando saudosas alegrias, enquanto outras, ainda tão próximas, aguardam silenciosamente por abraços inadiáveis e lisonjeiras palavras, cheias de sincero amor e necessário reconhecimento.

Nossas mães ocupam um lugar especial em nossos corações! Aproveitemos a sua presença, enquanto estão ao nosso lado, agradeçamos a Deus por cada uma e as tratemos como se trata uma rara e inestimável jóia.

Leiam Provérbios 31:10-31

Parabéns à todas as mães!!!

Rev. Ericson Martins

Ele está vivo!

 

“... Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou ...” (Lc 24:5-6)

Estas foram palavras consoladoras, anunciadas por anjos à Maria Madalena, Maria (mãe de Tiago) e Salomé, quando chegaram no túmulo e não encontraram o corpo do Senhor Jesus.

Se entristeceram e choraram, porque buscaram a vida em local de morte, a eternidade entre as expectativas passageiras deste mundo. Elas estavam tão confiantes no que poderiam fazer que perderam a confiança no que Deus faria, segundo a promessa. Contudo, foram surpreendidas pela verdade de que Jesus ressuscitou e foram consoladas!
 
A notícia de que o Senhor vive reacende a esperança para quem vive na morte, para quem está morto e para quem a morte é apenas o começo de eternas aflições. Por isto esta notícia é tão libertadora, porque o Senhor Jesus Cristo triunfou sobre a morte com a sua morte e concedeu a vida eterna aos que se encontravam nos túmulos do corpo e da alma. 

Portanto, nenhuma notícia é mais importante e mais poderosa do que esta, se considerarmos que Cristo, o nosso representante, por sua morte, pagou a dívida do nosso pecado e, assim, removeu a culpa e a condenação que nos mantinham em túmulos frios e eternos, para além da vida terrena.

O testemunho da morte de Cristo comunica a justificação do pecado, mediante a fé, enquanto o testemunho da sua ressurreição comunica a esperança no seu retorno, quando receberá para si os que nele creem, a fim de que onde ele está, estejam também com ele, para sempre (Jo 14:2-3).

Sejamos consolados por esta verdade e promessa, e nos alegremos, pois Jesus Cristo está vivo e em breve retornará gloriosamente!

Pr. Ericson Martins 


Sujeição às autoridades civis

 


Talvez nunca tenhamos visto tanta polarização política em nosso país, causada por crises morais e ideológicas, entre os que governam e são governados. Ela tem acumulado, há tempos, altos níveis de revoltas, desarmonias, insultos e difamações, principalmente contra as autoridades instituídas. Infelizmente, isto tem ocorrido em meio a uma pandemia que persiste, interrompendo milhares de vidas e submetendo outros milhares ao luto.

Neste contexto, como cristãos, precisamos relembrar algumas orientações bíblicas, registradas em Tito 3:1-2. Paulo inicia dizendo: “Lembra-lhes”, porque o assunto em questão já tinha sido tratado, entre os crentes da ilha de Creta.

O ponto principal da Epístola é quanto ao estilo adequado de vida piedosa, numa sociedade cheia de falsos mestres e governada por homens ímpios, e sua relação de sujeição a esses mesmos governantes.

Os cretenses tinham sido dominados pelos romanos com violência, por isto, havia a tendência a desprezar qualquer forma de governo. Filhos resistiam aos pais (Tt 1:6), pretensos líderes na Igreja deveriam se sujeitar a Palavra (1:9), falsos mestres eram insubordinados (v. 10), mulheres recém-casadas não queriam se sujeitar a seus maridos (2:5), bem como os funcionários a seus patrões (2:9). Ao se referir às autoridades civis, Paulo foi enfático na instrução aos cristãos: “que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra” (3:1). Acrescentou que deveriam ser pacíficos para com elas e os proibiu de serem difamadores (3:2). O fundamento destas afirmações está no fato de que, como crentes, já fomos tolos e desobedientes (v. 3), mas agora, salvos por Jesus Cristo não somos mais assim (v. 4-7).

Por mais frustrados que os cristãos se sintam com aqueles que governam, é preciso compreender que “não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação” (Rm 13:1-2). O governo é parte da providência de Deus e um fator importante nas profecias bíblicas.

Concordo com as palavras de John Stott, quando disse que “os cristãos não são anarquistas ou subversivos” (STOTT, Romans, p. 340). Não somos revolucionários, nos unindo às massas para usurparmos a autoridade dos que governam. Pelo contrário, devemos ser um povo que contribui com boas obras (Tt 3:1), ora pelos governantes (1 Tm 2:1-3) e a eles se sujeita por dever de consciência (Rm 13:5). É claro que este princípio, universalmente obrigatório, não é absoluto ou ilimitado. Há exceções, como quando as autoridades exigem de nós desobediência a Deus (At 5:28-29), pois temos o dever de obedecer aos que governam (1 Pd 2:13-17), mas, primeiramente, a Deus (At 4:17-20).

Para muitos cristãos, este conceito é difícil de aceitar, quando percebem abusos, visto que há muitos perversos em posições de autoridade, legalizando a corrupção, premiando a impunidade e tornando a inépcia um guia para se governar. Mesmo assim, Deus ainda nos chama a obedecer às autoridades civis, não importa se gostamos delas ou não, se concordamos com suas políticas ou não, se nos identificamos com suas ideologias políticas ou não; porque nenhum homem jamais ascendeu a qualquer posição de autoridade, à parte dos planos na soberana vontade de Deus (Dn 2:21; Jo 19:11).

Por isso, irmãos, nos sujeitemos e oremos pelas autoridades!

Pr. Ericson Martins 

Culto on-line é culto?

 


O momento atual de pandemia e quarentenas tem nos ensinado a usar novas estratégias para que a Igreja continue cumprindo a sua missão com eficácia, ao interagir pastoralmente, através de cultos transmitidos pela internet. E a pergunta que alguns têm feito é – esses cultos possuem valor semelhante aos realizados com a presença dos membros no templo?


A resposta requer avaliação da própria Palavra de Deus, considerando-se também os símbolos de fé abraçados pela Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), conforme a Confissão de Fé de Westminster (CFW). Primeiramente, importa saber que o culto a Deus é fundamental para a saúde espiritual de uma Igreja (e de seus membros individualmente) e que a sua falta, ou mesmo a negligência da sua prática, configura uma grave ofensa a Deus, conforme vemos em Gênesis 4:1-7 e em Êxodo 20:1-8. E, como afirma a CFW, Cap. XXI-I, deve seguir as prescrições divinas reveladas nas Escrituras.


A Bíblia indica que o culto a Deus pode ser realizado e oferecido no (1) âmbito pessoal ( 1:5; Lc 2:37; At 24:14; Rm 12:1); (2) no âmbito familiar ou em casas (Dt 6:2, 4-7; At 5:42, 20:20; 1 Co 16:19; Cl 4:15 e Fm 2); e (3) por meio de reuniões públicas (Is 56:7; Ml 1:11; At 20:7; 1 Co 11:17-22, 14:23; Hb 10:24-25). Isto independe do local, porque transcende o espaço, visto que a adoração a Deus é “em espírito e em verdade” (Jo 4:22-24; CFW Cap. XXI-VI). Esse é o entendimento do Supremo Concílio da IPB (Princípios de Liturgias - PL/IPB Arts. 7 a 10, e Carta Pastoral e Teológica Sobre Liturgia, p. 4). Assim, são considerados corretos os três ambientes de culto – pessoal, familiar e público. E são elementos autorizados por Deus nos cultos (CFW, Cap. XXI.III-V; PL Art. 8): a sã pregação da Palavra, as orações, o canto de salmos e hinos, os votos, os jejuns, os juramentos religiosos, as ações de graças em ocasiões especiais e a entrega e a consagração dos dízimos e ofertas. A única distinção que se faz entre o uso desses elementos é quanto aos sacramentos (Batismo e Ceia), que devem ser administrados por ministros da Palavra, legalmente ordenados (CFW XXVII.IV; CI/IPB Art. 31a).


O uso da internet é apenas um meio para orientar os cultos nos lares. A própria IPB assim o define. Porém, isto não elimina a reverência pela qual o culto familiar deve ser conduzido. Todos devem proceder exatamente como se estivessem no templo, participando ativamente das orações, leituras bíblicas, cânticos e ouvindo atentamente as pregações, evitando quaisquer distrações e movimentações desnecessárias.


Por fim, em contextos excepcionais de pandemias ou perseguições religiosas, deve ser incentivada a transmissão dos cultos pela internet ou outro meio eletrônico, para orientar aqueles que se encontram privados dos cultos presenciais. Todavia, eles devem ser diligentemente preparados e reverentemente conduzidos, evitando-se elementos biblicamente estranhos, introduzidos pela criatividade e imaginação humanas.


Nos tempos de normalidade, recomenda-se a congregação da membresia no templo, local preparado para a união do povo que Deus mesmo santificou e aonde a bênção do Senhor repousa de modo especial (Sl 133).


Pr. Ericson Martins 

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Obs.: Este texto considerou o contexto da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Deus cuida do Seu povo, inclusive na fornalha

“Por amor do meu nome, retardarei a minha ira e por causa da minha honra me conterei para contigo, para que te não venha a exterminar. Eis que te acrisolei, mas disso não resultou prata; provei-te na fornalha da aflição. Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a outrem” (Isaías 48:9-11)


Deus permitiu que Israel fosse colocado na fornalha da aflição para refiná-lo, não para exterminá-lo. A Sua honra foi (e é) preservada quando o povo passou por dias indesejáveis. Mesmo assim, Deus tratou Israel com graça, quando mereceu passar por uma punição muito mais rigorosa, mas foi misericordioso ao retardar a Sua ira, assim como, por meio de Jesus Cristo, foi misericordioso para conosco, pecadores, nos salvando da condenação eterna, pela graça, e nos santificando, mesmo através das aflições, para nos fazer lembrar e aprender, definitivamente, que somente Ele é a força e solução para o Seu povo - Ele não compartilha esta glória com ninguém!


Israel foi provado na fornalha do exílio, para que retornasse à Judá com a fé mais refinada. Isto foi necessário porque o povo havia se esquecido do Senhor, servido os ídolos deste mundo e se rebelado (v. 5 e 8). A disciplina foi por amor, para despertar e elevar a confiança povo no verdadeiro Deus, o único que poderia e pode suprir as necessidades daqueles que nEle se refugiam. 


Se estamos passando por provações, consolemos nossos corações e uns aos outros, pelo propósito que Deus tem através delas. Sendo assim, que venham, pois Deus continuará sendo Deus e refinará em nós uma fé mais pura e mais bem direcionada. 


Deus está conosco, não há o que temer! Portanto, quando a pobreza entrar em nossa casa, podemos confiar que o Senhor é o nosso Pastor, nada nos faltará. Quando a doença chegar (e chega), podemos confiar que o Senhor é poderoso para nos curar e livrar a nossa alma das dores eternas. O que quer que aconteça conosco neste vale de lágrimas, lembremos que não éramos povo, mas agora somos o povo de Deus, não tínhamos alcançado misericórdia, mas, agora, alcançamos (1 Pd 2:9-10). 


Podemos passar por provações e pela vontade de chorar, quando não choramos, mas o Senhor nunca nos abandona, pelo contrário, nos refina, nos santifica do pecado da idolatria e rebeldia, nos edifica, nos une, nos conduz a uma vida de gratidão e adoração verdadeiras, nos faz perceber a diferença entre o que é terreno e passageiro daquilo que é eterno, a valorizar as experiências simples da vida, a reconhecer o prazer de um abraço fraterno e nos alegrar quando nos reunimos em cultos públicos.


O Senhor nos visita em lugares desolados e nos diz nos vales sombrios: “Não temas” (Dt 1:21, 31:8; Js 1:9; Sl 23:4), porque Ele está sempre conosco! Não temamos, o Senhor é por nós (Rm 8:31) e ninguém pode arrebatar-nos das Suas mãos (Jo 10:28). Em todas as nossas provas de fogo, a presença dEle é tanto o nosso conforto como a nossa segurança. Ele nunca nos deixará.


Neste dia, apesar das nossas presentes aflições, agradeçamos ao Senhor por Sua mais presente proteção e provisão espiritual. Por causa da Sua honra Ele tem retardado a Sua ira em face das justas consequências dos nossos pecados, nos dado a chance de passarmos pela fornalha da aflição e sairmos mais confiantes e mais comprometidos de quando entramos nelas.


Assim, consolemos uns aos outros com estas palavras!


Pr. Ericson Martins 

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Rendei graças ao Senhor

 


“Rendei graças ao Senhor, porque ele é bom, e a sua misericórdia dura para sempre. Digam-no os remidos do Senhor, os que ele resgatou da mão do inimigo e congregou de entre as terras, do Oriente e do Ocidente, do Norte e do mar” (Salmo 107:1-3)

Depois desta introdução, este Salmo descreve como Deus socorre o Seu povo que se encontra em perigo (perdido pelo deserto, v. 4-9), quando muitos são levados à prisão (v. 10-16), quando enfrenta inevitáveis enfermidades e aflições - e crentes passam por isto sim, inclusive por causa de caminhos de transgressão (v. 17-22) ou quando experimenta grandes ansiedades, como as que provocam grandes tempestades em meio ao mar (v. 23-32).

O Salmo, em meio a todas estas adversidades, termina com uma expressão enfática de louvor ao Senhor (v. 33-43), porque apesar de sermos pequenos, vulneráveis às “tormentas” desta vida e frágeis, Ele continua sendo bom e na Sua bondade, oferece ações misericordiosas a todos os que encontram nEle refúgio e forças, conforme o próprio autor destaca, nos versos 6, 13, 19 e 28: “livrou das suas tribulações”.

Por fim, reflitamos no que diz o último verso e rendamos ações de graças ao Senhor, independente das nossas circunstâncias terrenas e passageiras: 

“Quem é sábio atente para essas coisas e considere as misericórdias do Senhor” (v. 43)

Que assim seja, amém!

Pr. Ericson Martins 

Nosso Deus e Pai

 


“Ora, a nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (Fl 4:20)


A Bíblia nos apresenta Deus como sendo o nosso Pai, pela fé em Jesus Cristo, não apenas como Criador, mas como aquele que ama, disciplina, educa e sustenta, muito mais que qualquer figura humana de paternidade.


Nossos pais são ou foram indiscutivelmente importantes para as nossas vidas, mesmo aqueles que não souberam ou não conseguiram atender todas as nossas expectativas, mas Deus, como Pai, é insuperável em Seu caráter e cuidados para com Seus pequeninos, como eu e você. 


Ele é a Fonte constante de força, sabedoria e esperança para pais humanos, em todos os lugares, suprindo as necessidades que, nas suas imperfeições, jamais conseguiriam. Estes, sobre quem o poder do Espírito Santo fez filhos de Deus, devem reconhecer a Sua paternidade e lhe oferecer toda a glória, não somente hoje, mas para sempre!


“Amém!”


Pr. Ericson Martins

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O poder arruinador da soberba

 

A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda (Pv 16:18).


De acordo com a Palavra de Deus, a soberba é profundamente destrutiva para a vida de qualquer pessoa. Existem algumas razões que nos parecem óbvias, as quais apresento aqui:


01. A soberba humana é idólatra, faz pensar que somos únicos, insubstituíveis, que todos são nossos dependentes, que sem nós tudo fica comprometido ou desqualificado, ela supervaloriza o homem em suas qualidades e ofende o testemunho sobre quem é Deus, o Senhor da história, o único moralmente perfeito, soberano em obras e digno de receber todos os louvores;


02. A soberba é egoísta, contrária a mutualidade que caracteriza o cuidado de uns para os outros, como os membros de um só corpo; 


03. A soberba é enganosa, porque tira do indivíduo a consciência de que o “mundo dá voltas” e que está tão vulnerável a queda quanto aqueles que caíram com a ajuda das suas insinuações maliciosas ou legalistas;


04. A soberba é rebelde, está sempre desconfiada e armada contra os outros, resiste reconhecer e se submeter às autoridades devidamente instituídas, porque se julga superior; sendo assim, as tratam sem qualquer distinção honrosa e sem consideração às atribuições próprias dos cargos ou posições que ocupam;


05. A soberba é competitiva e não admite que outras pessoas tenham os melhores argumentos, resultados, benefícios ou oportunidades, por isto questiona as intenções delas quando não investe na destruição das suas reputações, principalmente em ambientes sigilosos e às costas, porque precisa provar para si, a todo instante, que é mais capaz ou que está sempre com a razão;


06. A soberba é centralizadora, não abre mão de estar em evidência, se alimenta do excesso de atenção no uso das suas habilidades e quando lhe falta, se dedica em desqualificar os dons daquele que a ameaçam ou a criar polêmicas, para se manter no centro. Nada lhe perturba mais que o anonimato contra o seu individualismo ou personalismo;


07. A soberba é manipuladora, não admite ideias ou decisões contrárias aos seus anseios e age nos bastidores para realizá-los de qualquer modo, assim, administra suas relações tentando usar as pessoas como “peças de tabuleiro”, com o fim de se estabelecer acima de todos;


08. A soberba é o princípio da falsa religião, ela tenta justificar o crescimento pessoal, adotando sutilmente meios pecaminosos, e argumenta que o resultado a ser obtido é o que compensa qualquer prejuízo moral nos relacionamentos;


09. A soberba se alegra diante do fracasso dos outros tanto quanto se entristece com o sucesso deles, revelando-se com falsa piedade ou falso moralismo, agindo com insensível trato da dor e alegria alheias; 


10. A soberba não serve, exige ser servida; cobra mais que incentiva; critica mais que elogia; evita agradecer; é impaciente para ouvir e se irrita quando sua fala é interrompida. Ela não declara isto publicamente, mas as suas relações evidenciam a crença de que é superior e, portanto, espera que os outros façam o que ela deveria fazer.


Estas e outras razões nos ajudam entender que a soberba é altamente corrosiva para o coração que a carrega e para o comportamento que ela orienta, não produz paz, não edifica e não torna uma pessoa melhor, por fazê-la acreditar que é melhor. 


A soberba é pecado, enfraquece a comunhão com Deus, é contrária a boa fé, arruina relacionamentos, ostenta futilidades, humilha pessoas humildes, ignora necessidades alheias, se alegra nas faltas dos outros, é viciada em criticar e só produz frustrações pessoais.


Certa vez Tiago e João expressaram o interesse de assumirem posições superiores aos demais discípulos, na futura e gloriosa revelação de Jesus. Tal interesse provocou uma discussão entre eles, até que Jesus os corrigiu, dizendo:


“... quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10:43-45).


Jesus deixou claro que o Reino de Deus é pautado por valores mais altos, onde o que serve e se humilha a favor do bem do outro é o que ocupa o primeiro lugar, mesmo quando esta prática envolva desprezo e falta de reconhecimento.


Como todos nós, os discípulos precisavam entender que não existe glória na soberba, mas na humildade, observando como o próprio Senhor a si mesmo se humilhou, assumindo a condição de um servo, no plano de resgatar homens escravizados pelo pecado, inclusive do da soberba. Precisavam entender que a soberba esconde grandes abismos à sua frente, tornando a queda, nas suas mais variadas experiências e significados, inevitável, ainda que, por um breve tempo, leve a pessoa a se gloriar e a confiar na sua vantagem.


Pr. Ericson Martins

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Honrai homens como Epafrodito


Recebei-o, pois, no Senhor, com toda a alegria, e honrai sempre a homens como esse; visto que, por causa da obra de Cristo, chegou ele às portas da morte e se dispôs a dar a própria vida, para suprir a vossa carência de socorro para comigo (Fl 2:29-30).

Esta foi uma enfática recomendação do apóstolo Paulo à Igreja de Filipos, para que, no seu retorno, Epafrodito fosse recebido com alegria.

Ele foi enviado à Roma para levar uma oferta a Paulo (Fl 4:18) e o ajudar durante a sua prisão domiciliar. Apesar de ter sofrido com uma grave enfermidade, cumpriu a missão, porque Deus se compadeceu dele (Fl 2:27).

Seu testemunho foi usado como exemplo para os crentes filipenses (Fl 2:25-39), pois, por causa da obra de Cristo, chegou às portas da morte e, mesmo criticamente doente, teve saudades dos irmãos e se angustiou por eles (Fl 2:26). 

Epafrodito foi um verdadeiro cooperador e companheiro de lutas ao lado Paulo, quando escolheu não agir por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando os outros superiores a si mesmo; quando escolheu não ter em vista o que é propriamente seu, mas a prioridade de zelar do bem alheio (Fl 2:3-4).

Em razão disto, a recomendação de Paulo reivindicou o justo reconhecimento sobre aquele servo, com a finalidade de ensinar os crentes a se alegrarem com a presença dele, o honrando como se deve honrar todos os que se esforçam e doam as próprias vidas pelo bem coletivo da Igreja, como princípio do dever maior de honrar Jesus Cristo, o Servo que enfrentou a morte por amor do Rebanho, em obediência ao Pai que o enviou (Fl 2:5-11).

Portanto, cuidem dos vossos pastores, presbíteros e missionários, orem por eles e os sustentem com cooperação, obediência, honra e, por amor, apoiem nas suas necessidades, pois, como guias, estão encarregados de lhes pregar a Palavra de Deus (Hb 13:7) e de velar “por vossa alma, como quem deve prestar contas” (Hb 13:17).

Pr. Ericson Martins

Eis aí está o vosso Deus!



“Tu, ó Sião, que anuncias boas-novas, sobe a um monte alto! Tu, que anuncias boas-novas a Jerusalém, ergue a tua voz fortemente; levanta-a, não temas e dize às cidades de Judá: Eis aí está o vosso Deus!” (Isaías 40:9)

No Livro de Isaías, capítulo 40, lemos sobre a grande expectativa da chegada do Messias, trazendo o fim das fadigas do Seu povo.

E este capítulo é o primeiro da segunda parte do Livro. A primeira parte (Is 1 a 39) enfatiza condenações, enquanto que a segunda (Is 40 a 66) o consolo. Assim, o capítulo 40 é introdutório e abrange uma variedade de assuntos sobre Deus, como o Seu conforto (v. 1-2) e chamado (v. 3-8), bem como a necessidade do testemunho a todo o mundo sobre a Sua grandeza (v. 9–11) e caráter (v. 12-31).

Em Mateus 3:3 temos a referência de João Batista, como aquele que preparou o caminho para a chegada do Messias, Jesus Cristo.

Ele veio primeiramente para cumprir o que o profeta anunciou em Mateus 3:11: trazer o batismo com o Espírito Santo (salvação dos eleitos) e com fogo (condenação dos ímpios); no Seu inevitável e iminente retorno, conforme João disse: “recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível” (Mt 3:12).

O consolo de todos aqueles que creem, no meio das tribulações deste tempo, é amparado pela esperança no retorno do Messias, cada vez mais próximo. Até este Dia mais e mais pessoas precisam receber a notícia de que em Deus está o seu consolo.

E esta é a função destemida da Igreja nestes dias que antecedem o segundo e último retorno visível de Cristo ao mundo.

Durante 11 anos tivemos o privilégio de irmos ao Peru, para missões de evangelização e distribuição de bíblias. Nosso foco sempre foi comunidades campesinas no interior do Estado de Cusco. Ali conhecemos e percorremos grandes montes, e aprendemos que quando se está na base deles a visão é limitada demais, mas a medida que começamos a subi-los a visão do horizonte vai se revelando cada vez mais distante, a ponto de, no cume, discernirmos o mundo de modo bem mais abrangente do que aquele que tínhamos. 

Assim, a percepção consoladora da presença de Deus no meio do Seu povo, se dá quando elevamos o nosso conhecimento sobre Ele e focalizamos a nossa atenção para além das tribulações neste mundo, contemplando o retorno dAquele que vem! Todos os moradores de Judá, ou seja, o povo exclusivo de Deus, deve saber e relembrar esta verdade consoladora.

As crescentes tribulações produzem desespero sobre o futuro aos que não confiam em Deus, mas para “os que esperam no Senhor renovam as suas forças” (v. 31).

Portanto, subamos a um “monte alto” e erguemos a nossa voz com confiança, dizendo a todos os crentes em Cristo, para consolo deles: “Eis aí está o vosso Deus!”

Pr. Ericson Martins

A Páscoa Além da Tradição Judaica


A Páscoa foi um marco tão notável na história do povo de Deus que se tornou a primeira (Lv 23:5) e a mais relevante festa na cultura judaica antiga, sempre relembrando (Êx 12:14) o dia que o Senhor livrou a descendência de Israel da última e mais terrível praga no Egito: a morte dos primogênitos, mas, também, como naquele dia, o Senhor libertou o povo da escravidão e o guiou até a terra que havia prometido.

De acordo com a instrução Divina, os hebreus deveriam fazer um ritual, relacionado com a sua libertação e com a memória dela, mas também, com o significado da salvação eterna, através de Jesus Cristo, o qual viria, no tempo determinado, para ser sacrificado no lugar de pecadores que se arrependem.

Um cordeiro, sem defeito, deveria ser imolado no décimo dia (Êx 12:3), pois Jesus, o Primogênito e inocente, seria penalizado com morte (Rm 8:29; 1 Co 5:7; Cl 1:18), como os primogênitos no Egito, na décima praga (Êx 12:12 e 29-36). E isso deveria ser feito por cada família, porque a Páscoa deveria ser celebrada na unidade familiar (Êx 12:3-4, 21, 24-27), como os que confiam na morte de Cristo, devem, agora, participar dos benefícios dela, na Ceia, com unidade de fé e adoração (Êx 12:26-27).

Este cordeiro deveria ser sacrificado no crepúsculo da tarde (Êx 12:6), pois Jesus seria sacrificado, como pagamento do pecado (Jo 1:29; Rm 5:6; 1 Co 15:3), durante as trevas que cobriram a Terra, das 12h às 15h (Lc 23:44). O sangue deste cordeiro deveria ser usado para manchar a verga e ambas as colunas da porta (Êx 12:7) e, aqueles que confiaram (fé), atenderam e foram salvos. Notemos que o sangue na verga e nas colunas (sentidos vertical e horizontal), aponta para o madeiro, no qual Jesus derramou Seu sangue, satisfazendo a justiça de Deus para a redenção dos que creem (Rm 3:24-25, 5:9).

O cordeiro deveria ser assado no fogo (Êx 12:8-9), pois Jesus passaria pelo fogo do julgamento de Deus (Sl 22:1; Mt 27:46), para santificação do Seu povo (Hb 12:29). Juntamente com pães sem fermento e ervas amargas, deveria servir de alimento para cada família e nada deixado para o dia seguinte; se sobrasse, deveria ser queimado (Êx 12:10-11), pois na morte de Jesus, todos seriam plenamente supridos e nada relacionado a ela poderia ser dispensado. Eles deveriam comer a carne à pressa, preparados para viagem (Êx 12:12), assim como os que creem devem estar preparados, se alimentando da verdade salvadora e prontamente percorrendo a jornada da vida cristã, até o fim.

Na última noite com Seus discípulos, celebrando a Páscoa, Jesus tomou um pão e, abençoando-o, partiu e deu a eles, dizendo: “isto é o meu corpo”. Do mesmo modo, tomou um cálice e disse: “bebei dele todos, porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mt 26:26-28). A partir dali a Páscoa ganhou um significado ainda mais profundo e claro na história. 

Na providência de Deus, o sacrifício de Jesus ocorreu no dia da Páscoa, quando havia judeus oriundos de todas as partes na cidade de Jerusalém, bem como um número incomum de gentios, por causa desta e outras importantes festas judaicas (At 2:5-11). E, na crucificação, o governador ordenou que fixassem na cruz uma inscrição (Jo 19:19-20) em Hebraico (a língua dos judeus), Latim (a língua oficial do Império Romano) e Grego (a língua universal), afirmando: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS, para que todo o mundo conhecesse a verdade sobre Ele, no dia da Páscoa.

A Páscoa, portanto, para os cristãos, é sempre celebrada na Ceia e anuncia a morte do Cordeiro de Deus, mas também o Seu glorioso retorno (1 Co 11:23-26), quando será revelado como o REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES (Ap 19:16).

Que Deus abençoe a sua vida e a sua família!


Pr. Ericson Martins

Valores Contraditórios


“Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias. Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante. E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento” (Marcos 12:41-44)

Este texto nos ensina sobre como devemos proceder com as nossas contribuições financeiras, dedicadas como “ofertas” de adoração e obediência a Deus.

Tal assunto, no atual contexto de tanta exploração indevida e de heresias no tocante ao que a Bíblia diz, dentro da Igreja evangélica brasileira, é tratado com máximo zelo, especialmente por parte de Igrejas históricas. Estas, às vezes, até deixam de dar ênfase sobre ele, para não correrem o risco de serem interpretadas, por associação, como aquelas que procedem mal, que não são transparentes na administração financeira e que provocam escândalos.

Se por um lado, por parte de alguns, testemunhamos abusos (legalismo, charlatanismo, chantagens emocionais, discriminação, etc.), por causa de perversões bíblicas e de protagonistas desonestos, por outro, testemunhamos um verdadeiro descaso com o princípio bíblico da doação regular dos dízimos e ofertas e negligência da responsabilidade dos membros da Igreja, para com as necessidades dela.

Além do significado espiritual que eles representam, como alegria, fé, generosidade, amor, adoração, espontaneidade, obediência, dependência de Deus... Igrejas são instituições visíveis, com compromissos regulares quanto ao sustento de pastores, missionários e evangelistas, de Congregações e expansão de novas igrejas, assistência diaconal aos pobres e enfermos, salários de funcionários, pagamentos de tributos, despesas de consumo, conservação de imóveis, eventos para edificação da fé, festividades sociais, dentre tantas outras. E qual é a fonte de manutenção de todas estas necessidades? É claro que é a fiel dedicação dos dízimos e ofertas dos membros, do compromisso, sensibilidade e generosidade de cada um deles!

Nosso objetivo aqui, com esta devocional baseada em Marcos 12:41-44, é o de encorajar a sua prática, mas observando, em primeiro lugar, o seu princípio bíblico (2 Co 9:7-15), a fim de que ela “tribute muitas graças a Deus”!

Tanto Marcos quanto Lucas relacionam a exploração dos escribas contra as viúvas nos versos anteriores. Uma facção dentre eles (a profissão não era unicamente religiosa) ia até as casas delas e as “devoravam” (Mc 12:40). Como? Cobrando para fazerem orações, com base em leis criadas por eles e falsamente derivadas da Lei mosaica, portanto, quanto mais longas, mais exigiam pagamento, submetendo aquelas viúvas a uma pobreza ainda maior. 

Essa opressão dos escribas, contra os pobres e viúvas, era antiga, já tinha sido denunciada e condenada, por Deus, desde os dias do profeta Isaías:

“Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem leis de opressão, para negarem justiça aos pobres, para arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo, a fim de despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!” (Is 10:1-2).

Especificamente, os escribas que se dedicavam à religiosidade dos judeus, eram mantidos pelas contribuições financeiras entregues no Templo, para a manutenção das suas diversas necessidades.

Não há nada de errado em acumular riquezas, mas na sua corrupção, muitos escribas se tornaram ricos e quanto mais tinham, mais se omitiam no tocante a responsabilidade de doarem generosamente, em conformidade com as suas posses. Eles ofertavam do que sobrava, não de acordo com a equivalência das suas rendas.

Os escribas e fariseus valorizavam a estética, a aparência, amavam a popularidade das suas obras, eram arrogantes, hipócritas, competitivos e ostentavam a sua reputação religiosa. A viúva, pelo contrário, se encontrava no anonimato, era vulnerável por sua pobreza, considerada desprezível e de reputação social inferior por ser mulher.

Aqueles religiosos, corrompidos pelo engano sobre a Lei, pela ganância e vaidade, na condição social que ocupavam, estavam sempre à espreita, procurando uma oportunidade para denunciar a forma inadequada de rigor religioso. Eram incansáveis na investigação da vida alheia e não perdiam a oportunidade de discriminar os que não atendiam suas expectativas. A viúva, marginalizada por este [falso] rigor religioso, reconhecia a sua pequenez e não ousava qualquer gesto que chamasse a atenção.

Foi neste cenário que Jesus, o único que tem a legítima autoridade para julgar os segredos dos homens, se posicionou diante do gazofilácio e passou a observar, profundamente, como todos estavam entregando as suas contribuições regulares. E esta atitude foi determinante naquele momento para nos ensinar:

01. As aparências enganam.

Muitos estavam depositando “grandes quantias”, mas sem o valor daquelas pequenas quantias depositadas pela viúva. Ela depositou duas moedas correspondentes a um quadrante, o qual era a moeda de menor valor monetário no sistema romano. Aparentemente os ricos estavam contribuindo muito, mas na realidade, quem estava contribuindo muito mais era a pobre viúva, de acordo com as percepções atenciosas de Jesus, que discernia as motivações e a realidade daqueles atos, por trás de todo aparato religioso. 

Para Jesus, o valor não estava na quantidade, mas no genuíno impulso da obediência e da fidelidade.

02. A fidelidade na entrega das contribuições deve ser uma prioridade.

Os ricos entregavam grandes quantias, mas do que sobrava, e isso prova a sua omissão daquilo que realmente deviam entregar. 

O que sobrava, neste contexto, testificava aquilo que se acumulava a parte do que consideravam prioridade em seus orçamentos, por isso, certamente, não davam importância para as contribuições que dedicavam. Já a viúva, não hesitou entregar tudo o que tinha, quando o que tinha era muito importante. 

Quando nos encontramos em grandes dificuldades financeiras, a menor quantia que possuímos é tratada com extraordinária importância, entretanto, para a viúva, o valor não estava nas coisas materiais, mas na obediência e confiança nas instruções Divinas. Por essa razão, não usou de supostas justificativas ou de longas explicações para, no final, não entregar, ainda que as suas únicas duas moedas, pelo contrário, as entregou.

03. Deus é maior que as riquezas.

Jesus ensinou que não é possível servir a Deus e as riquezas, ao mesmo tempo (Mt 6:24). O motivo é que as riquezas oferecem oportunidade de conforto e segurança, inclusive o sentimento de poder sobre as necessidades. Ele reivindicou que busquemos essas garantias em Deus, em primeiro lugar (Mt 6:30-33), porque Ele é o único que pode suprir as nossas mais diferentes necessidades (Sl 121 e 127; Mt 6:9-15). 

Os ricos cuidavam dos seus interesses, só depois, do que sobrava, entregavam as suas contribuições e, ainda, desproporcionais ao que possuíam. Por esta razão, suas práticas, mesmo sendo de doações, demonstravam confiança em si mesmos e o nocivo senso de controle das suas necessidades, como se Deus fosse um pobre carente de esmolas e não o Senhor de tudo (Sl 24:1), digno, portanto, de maior consideração naquilo que, a Ele, era dedicado, através das contribuições financeiras.

04. Fidelidade modela mais a motivação que os atos.

A viúva, na sua extrema pobreza, poderia recorrer ao pensamento de que o que possuía era importante para as suas necessidades essenciais, apesar de insuficientes (duas pequenas moedas). Mesmo vulnerável a tentação de justificar a retenção da sua contribuição, preferiu proceder com a sua entrega. Certamente, estava ciente da sua importância na sua vida e de que ela seria insuficiente para atender, substancialmente, as demandas do Templo, bem como daqueles que se dedicavam nele. Contudo, isso não a impediu de exercitar a consciência da sua fidelidade a Deus. 

Apesar da quantidade da sua contribuição ter sido pequena, incapaz de impressionar qualquer pessoa, a fidelidade daquela pobre mulher, foi reconhecida e aceitável por Jesus, porque, o determinante na regularidade e na honesta proporcionalidade (At 5:1-11; 1 Co 16:1-2), é a prática generosa da justiça e do amor a Deus, em todos estes atos (Mt 23:23-24; Lc 11:42). 

Esta história nos ensina, portanto, que um simples e anônimo ato, mesmo quando desprovido de qualquer reconhecimento público, quando dirigido pela motivação correta, honra a Deus.

05. As pequenas coisas podem revelar grandes valores.

No reino de Deus os que a si mesmos se fazem grandes são apequenados e os que a si mesmos se fazem pequenos, são engrandecidos. A contribuição regular, proporcional às nossas rendas e generosa, nunca deve enaltecer nosso senso de superioridade e de merecimento para qualquer tratamento especial na Igreja, como cargos ou impunidade em nossos pecados. Os escribas e fariseus, se consideravam fiéis a Deus, inclusive, nas suas doações, assim, sustentados pela justiça própria, agiam como juízes dos que não lhes eram semelhantes, sem se dar conta de que a justiça de Deus não é como a dos homens. 

Cristo se fez pobre (2 Co 8:9), se humilhou (Fl 2:8), foi rejeitado no lugar de um rebelde e homicida (Lc 23:18-25), contado entre malfeitores (Lc 22:37), provou as dores e descobriu o que é padecer (Is 53:3), experimentou o sofrimento (1 Pd 2:21-25) e a própria morte (1 Pd 3:18) a favor de outros. A essa pequenez humana que se entregou, Deus o exaltou sobremaneira (Fl 2:9), porque Ele é o único capaz de abençoar o homem (Tg 4:10; 1 Pd 5:6) e de discipliná-lo, conforme afirmado por Lucas: “o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado” (Lc 18:14).

Mesmo que estejamos humilhados pela pobreza e a nossa contribuição seja pequena, não importa, desde que sejamos vistos por Cristo, obedecendo e tributando ações de graças, como fiéis e regulares contribuintes, dependentes das misericórdias do Senhor, pois é Ele quem nos guia com sabedoria e nos abençoa em tudo!

Pr. Ericson Martins

COVID-19 e o Salmo 91. Não é beeeem assim não!


No meio de tanta ansiedade e medo na sociedade, em razão da atual pandemia do COVID-19 (Coronavírus), temos percebido o uso de passagens bíblicas em algumas redes sociais, como:

“Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio. Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa... Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia, nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia... Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda” (Sl 91:2 e 3, 5 e 6, 10 e 11).

Certamente muitos têm o intuito de transmitir uma mensagem de confiança e paz neste momento, isso é legítimo e necessário!

No entanto, o uso de passagens bíblicas como a do Salmo 91, retirada do contexto bíblico e do autor, e aplicada isoladamente ao atual contexto, causa uma má interpretação do texto e promove uma heresia, a de que os crentes em Cristo estão imunes a epidemias e a sofrimentos causados pelo Coronavírus, inclusive da morte causada por ele.

Seria trágico para a boa consciência cristã tal pensamento, pois este subestima o poder das calamidades, nos torna insensíveis ao sofrimento alheio, a julgarmos levianamente aqueles que enfrentam enfermidades, cria falsas expectativas, furtam a racionalidade da prevenção e dos cuidados médicos, e o pior, produz excessiva confiança do homem em si à parte de Deus, por trás de uma roupagem de piedade.

Com uma linguagem poética, o Salmo 91 chama a atenção para a confiança em Deus, porque Ele é o único refúgio seguro em todas as adversidades e perigos (cf. Sl 27:1-6). O autor (desconhecido) nos lembra da peregrinação dos israelitas pelo deserto, até Canaã. Eles não sobreviveriam aos diversos perigos de deserto e não chegariam ao destino se não estivessem sob a proteção de Deus. Isso não significa que não sofreram diversos males, inclusive mortes (1 Co 10:1-13 cf. Nm 11, 14, 16, 21 e 25). Sendo assim, a referência da promessa não está naquele que sofre, mas no único Deus que possui todo o poder para preservar e livrar, se Ele quiser, aqueles que nEle confiam. Em certo sentido, este Salmo possui perspectivas cristológicas e escatológicas, pois Deus livrará da condenação eterna todos os que creem em Cristo (Rm 7:24-25; 2 Co 1:9-11; 2 Tm 4:18) e confiam na mediação da Sua morte e ressurreição.

As pragas são citadas nas Escrituras no contexto das punições contra os inimigos (Êx 7 a 10), mas também contra Israel, por causa dos seus pecados (Lv 26:23-25; 2 Cr 21:14; Ez 6:1-14). Elas são citadas, portanto, como resposta da justiça de Deus ao pecado, seja contra os ímpios, seja contra os piedosos, exigindo arrependimento (Ap 2:1-7). No caso dos crentes, têm caráter disciplinar (Hb 12:4-11), enquanto aos demais, de punições preliminares daquelas que lhes estão reservadas após a morte.

Pragas e pestes foram previstas (Jr 28:8), especialmente como sinais de que o final dos tempos está próximo (Lc 21:10), portanto, não deveríamos ficar surpresos ou entrarmos em pânico, em meio às tribulações do presente, como se estivéssemos desamparados do favor Divino e da promessa de retorno do Seu Filho. Como previsto (Is 42, 49, 50, 52 e 53), Jesus sofreu (At 26:22-23 cf. 3:18, 21, 24, 17:2–3; 1 Pd 1:10-11), antecipou que nenhum dos Seus seguidores estaria livre de sofrimentos (Mc 8:34) e, para além deles, o apóstolo Pedro fortaleceu a confiança nas promessas (1 Pd 5:10).

A Igreja, enquanto neste mundo, está sujeita a muitas tribulações, inclusive a epidemias, mas o seu consolo está na promessa que diz: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia,... Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Rm 8:35-37). Ele nunca deixará de amar o Seu povo, nada e ninguém poderá impedi-Lo nesse propósito e, mesmo em tribulações e angústias, podemos ser amparados por esta certeza e esperança!

Que pelas Escrituras percebamos os sinais do fim e, no meio de todos eles, confessemos: “Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio”, esperando pelo livramento completo das nossas almas, no Dia do Senhor.

Pr. Ericson Martins

Serviço de todo coração

“Em toda a obra que começou no serviço da Casa de Deus, na lei e nos mandamentos, para buscar a seu Deus, de todo o coração o fez e prosperou” - 2 Crônicas 31:21

Davi foi um grande rei, em todos os aspectos. E a sua grandeza era evidente, mesmo antes de ser ungido para reinar, apascentando as ovelhas do seu pai. Foi ali, no campo, cercado por leões e ursos, que aprendeu a confiar em Deus e a enfrentá-los para proteger o rebanho.

Sua história, mesmo marcada por vitórias e fracassos, por causa da força do Senhor que o acompanhava, se tornou uma referência de integridade e valentia, combinadas como causa da sua prosperidade e de toda a nação de Israel.

Um dos seus filhos, Salomão, foi testemunha do seu temor (Pv 4) e dos atos guiados pela certeza de que Deus abençoa com felicidade, todos aqueles, cujos pecados são perdoados (Sl 32:1-2) e que são guiados por Seus preceitos.

Designado para edificar o Templo, Salomão, seguindo os passos do pai, dispôs todo o seu coração nas obras, na Lei e nos mandamentos do Senhor, para buscá-Lo. Assim, prosperou em cada um desses projetos.

Este não é um princípio particular ou provisório na história de Salomão, pelo contrário, é um princípio geral do universo moral que Deus estabeleceu a todos os homens! 

A ociosidade, preguiça ou omissão de responsabilidades nunca foram caminhos de prosperidade. Nos negócios ou nos estudos, prosperam aqueles que dedicam todo o seu coração, esses, mesmo quando não alcançam seus propósitos, se aproximam, e muito, de todos eles. No serviço cristão e no amadurecimento da fé não é diferente.

Deus abençoa aqueles, cujos corações estão em chamas, que estão tomados pelo prazer e interesse de serem instrumentos para a edificação da “Casa do Senhor”, tanto quanto na observância da Lei e dos mandamentos, em cada iniciativa desta grandiosa e nobre obra.

Assim, dediquemos a nossa vida ao Senhor, no serviço para o qual todos nós fomos chamados a realizar, “de todo o coração”.

Pr. Ericson Martins

Orientações contra o Coronavírus


Reconhecida como uma pandemia do COVID-19 (Coronavírus), de acordo com a OMS, países do mundo inteiro têm se mobilizado para tentar diminuir o avanço da sua contaminação e seus efeitos.

As preocupações chegaram timidamente no Brasil, mas rapidamente já estão causando certo nível de pânico, pois a contaminação está confirmada em quase todos os Estados do Brasil, dentre os quais 85 casos foram confirmados, até o dia 12/03/2020. Em contextos como este, especialmente diante do surgimento de um vírus ainda em estudo e sem vacina, informações surgem de todos os lados, de fontes conhecidas ou não, parciais, contraditórias, falsas e, até mesmo, sob suspeitas de interesses políticos e comerciais irresponsáveis.

Gostaria de deixar aqui algumas orientações, que podem ser úteis:

01. Parece ser óbvio, mas o problema é real e, todos nós, não podemos subestimá-lo, nem ignorar as razões e medidas radicais adotadas por alguns países;

02. Estejamos atentos aos comunicados oficiais do Governo Federal, através do Ministério da Saúde: https://www.saude.gov.br. A ênfase exagerada e o excesso de informações, por múltiplos canais, pode causar mais confusão que orientação segura. Destaque: 90% dos casos podem ser tratados em Postos de Saúde (SUS) tranquilamente, segundo o Ministério da Saúde;

03. Este vírus é semelhante ao da gripe e, por isso, os sintomas são praticamente os mesmos, bem como a sua transmissão (salivas e contato físico). Sem reduzir a responsabilidade da prevenção e tratamentos, não há motivo para pânico;

04. Alguns países estão cancelando, parcialmente, eventos públicos, mas isso não pode conter o avanço da contaminação, enquanto serviços de transporte públicos, comércio em geral, trânsitos em ruas e praças, cinemas, Shoppings e Supermercados, Órgãos públicos, Escolas e Universidades, reuniões em Igrejas, etc. continuarem. A menos que o isolamento seja total, determinado pelo Governo, como foi determinando na cidade de Wuhan (China), não nos precipitemos em cancelar, por conta própria, compromissos pessoais e religiosos. Os prejuízos poderiam ser sem precedentes e incalculáveis para toda a sociedade. Mantenhamos a calma!

05. Especialmente idosos, crianças e pessoas com problemas de saúde específicos, requerem maior atenção. Então, para o caso dos sintomas aparecem, procurem cuidados médicos imediatamente. Quanto mais cedo receberem tratamentos, menos riscos haverá para a saúde deles. Quanto aos idosos, mantenhamos contatos frequentes e os ajudemos a evitar exposição à ambientes fechados e à grandes aglomerados;

06. Atendamos as recomendações médicas e de prevenção. Esta é uma responsabilidade de todos; 

07. Sobre tudo isso, não deixemos de orar e de pedir que o favor Divino guarde a nossa vida de todo mal, incluindo a nossa família e familiares, amigos e vizinhos. Também, oremos por aqueles que estão enfermos e ansiosos, para que se recuperem eficaz e rapidamente.

Que Deus tenha misericórdia de todos!

Pr. Ericson Martins