O poder arruinador da soberba

 

A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda (Pv 16:18).


De acordo com a Palavra de Deus, a soberba é profundamente destrutiva para a vida de qualquer pessoa. Existem algumas razões que nos parecem óbvias, as quais apresento aqui:


01. A soberba humana é idólatra, faz pensar que somos únicos, insubstituíveis, que todos são nossos dependentes, que sem nós tudo fica comprometido ou desqualificado, ela supervaloriza o homem em suas qualidades e ofende o testemunho sobre quem é Deus, o Senhor da história, o único moralmente perfeito, soberano em obras e digno de receber todos os louvores;


02. A soberba é egoísta, contrária a mutualidade que caracteriza o cuidado de uns para os outros, como os membros de um só corpo; 


03. A soberba é enganosa, porque tira do indivíduo a consciência de que o “mundo dá voltas” e que está tão vulnerável a queda quanto aqueles que caíram com a ajuda das suas insinuações maliciosas ou legalistas;


04. A soberba é rebelde, está sempre desconfiada e armada contra os outros, resiste reconhecer e se submeter às autoridades devidamente instituídas, porque se julga superior; sendo assim, as tratam sem qualquer distinção honrosa e sem consideração às atribuições próprias dos cargos ou posições que ocupam;


05. A soberba é competitiva e não admite que outras pessoas tenham os melhores argumentos, resultados, benefícios ou oportunidades, por isto questiona as intenções delas quando não investe na destruição das suas reputações, principalmente em ambientes sigilosos e às costas, porque precisa provar para si, a todo instante, que é mais capaz ou que está sempre com a razão;


06. A soberba é centralizadora, não abre mão de estar em evidência, se alimenta do excesso de atenção no uso das suas habilidades e quando lhe falta, se dedica em desqualificar os dons daquele que a ameaçam ou a criar polêmicas, para se manter no centro. Nada lhe perturba mais que o anonimato contra o seu individualismo ou personalismo;


07. A soberba é manipuladora, não admite ideias ou decisões contrárias aos seus anseios e age nos bastidores para realizá-los de qualquer modo, assim, administra suas relações tentando usar as pessoas como “peças de tabuleiro”, com o fim de se estabelecer acima de todos;


08. A soberba é o princípio da falsa religião, ela tenta justificar o crescimento pessoal, adotando sutilmente meios pecaminosos, e argumenta que o resultado a ser obtido é o que compensa qualquer prejuízo moral nos relacionamentos;


09. A soberba se alegra diante do fracasso dos outros tanto quanto se entristece com o sucesso deles, revelando-se com falsa piedade ou falso moralismo, agindo com insensível trato da dor e alegria alheias; 


10. A soberba não serve, exige ser servida; cobra mais que incentiva; critica mais que elogia; evita agradecer; é impaciente para ouvir e se irrita quando sua fala é interrompida. Ela não declara isto publicamente, mas as suas relações evidenciam a crença de que é superior e, portanto, espera que os outros façam o que ela deveria fazer.


Estas e outras razões nos ajudam entender que a soberba é altamente corrosiva para o coração que a carrega e para o comportamento que ela orienta, não produz paz, não edifica e não torna uma pessoa melhor, por fazê-la acreditar que é melhor. 


A soberba é pecado, enfraquece a comunhão com Deus, é contrária a boa fé, arruina relacionamentos, ostenta futilidades, humilha pessoas humildes, ignora necessidades alheias, se alegra nas faltas dos outros, é viciada em criticar e só produz frustrações pessoais.


Certa vez Tiago e João expressaram o interesse de assumirem posições superiores aos demais discípulos, na futura e gloriosa revelação de Jesus. Tal interesse provocou uma discussão entre eles, até que Jesus os corrigiu, dizendo:


“... quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10:43-45).


Jesus deixou claro que o Reino de Deus é pautado por valores mais altos, onde o que serve e se humilha a favor do bem do outro é o que ocupa o primeiro lugar, mesmo quando esta prática envolva desprezo e falta de reconhecimento.


Como todos nós, os discípulos precisavam entender que não existe glória na soberba, mas na humildade, observando como o próprio Senhor a si mesmo se humilhou, assumindo a condição de um servo, no plano de resgatar homens escravizados pelo pecado, inclusive do da soberba. Precisavam entender que a soberba esconde grandes abismos à sua frente, tornando a queda, nas suas mais variadas experiências e significados, inevitável, ainda que, por um breve tempo, leve a pessoa a se gloriar e a confiar na sua vantagem.


Pr. Ericson Martins

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