Não complique o que deve ser facilitado


Todos os cristãos são chamados para serem testemunhas fiéis de Jesus Cristo. Entre esses, soberanamente, alguns são chamados por Deus para responsabilidades específicas, por exemplo, à pregação do Evangelho entre outras culturas e línguas. 

Esses enfrentam mudanças, quase sempre radicais, se submetem a tensões no esforço de adaptarem-se em tais contextos transculturais, precisam conviver com a distância de tudo que lhes oferecia segurança e conforto emocional em suas próprias culturas e relacionamentos. Muitos enfrentam não apenas as diferenças e exigências culturais, mas ainda a perseguição por causa dos seus propósitos missionários. Além disso, têm de administrar a instabilidade financeira, pois nem todos possuem renda suficiente para se manterem com suas famílias.

Sem dúvidas esse chamado transcultural não é para todos os cristãos, mas para alguns, para aqueles que Deus realmente tem separado no seio da Igreja e capacitado! Não são diferentes daqueles que ficam, pois possuem a mesma responsabilidade de testemunharem o Evangelho, contudo, são expostos a circunstâncias bem mais sensíveis que aquelas nas quais nasceram e cresceram.

Então, como apoiá-los?

1. Compreenda o chamado missionário e apoie. Muitas dificuldades que os missionários enfrentam não são geradas pela hostilidade do mundo e de Satanás, mas por aqueles que mais deveriam apoiar e facilitar suas vidas e trabalho. É incrível como as pessoas mais próximas se tornam as que mais se mostram indispostas a compreender e incentivar seu chamado. Alguém poderia se arriscar a dizer que agem assim porque os conhecem mais de perto, sabem das suas limitações e até contradições, mas isso não muda o fato que diante do chamado de Deus tudo o que deveriam fazer seria facilitar a obediência dos vocacionados e não o contrário. 

2. Aceite que o chamado missionário é pessoal e apoie. É claro que todos foram chamados para a missão de dar testemunho de Cristo no mundo, mas nem todos são chamados para deixarem radicalmente seus contextos culturais por outros bem distintos. A única motivação que missionários sérios têm é a convicção interna de que essa é a vontade de Deus, por isso devemos compreender e aceitar que esse chamado é pessoal e não pode ser moldado por anseios ou preocupações de outros. Os marinheiros no navio com Jonas até tentaram remar mais fortemente, para não terem que lançá-lo ao mar, mas nada mudou. Jonas até fez uma linda oração no ventre do grande peixe, mas nada mudou. Ele tinha que obedecer e foi à Nínive proclamar a mensagem do Senhor (Jn 1-4). Ninguém poderia substituí-lo, não havia outro método, não havia outro caminho, não havia outro destino. Deus quis que Jonas fosse à Nínive, e ninguém mais, simples assim.

3. Não critique injustamente o missionário e apoie. Às vezes missionários enfrentam críticas desproporcionais por se submeterem a mudanças tão dramáticas com suas famílias, sob argumentos de que poderiam se dedicar a lugares mais próximos, fáceis, baratos e seguros; porém, tais críticos não se dispõem a irem em seus lugares. Deus quer que a Sua Palavra seja pregada em todo mundo, não apenas onde queremos. As críticas injustas normalmente refletem a incredulidade daqueles que se negam a favorecer com o bem aqueles que se encontram distantes da comunhão com Deus. Elas não contribuem para o avanço da evangelização no mundo e se recusam aceitar que outros povos, línguas e nações sejam alcançadas pela salvação, porque se baseiam numa expectativa etnocêntrica, egoísta. Se não tem disposição para ir, apoie aqueles que vão, porque só podem ir se houver quem os envie (Rm 10:15). Os missionários não podem realizar suas tarefas isolados da Igreja, porque a responsabilidade de pregar o Evangelho no mundo todo não foi dada apenas à eles, mas à Igreja. Eles, portanto, são apenas parte de um todo, realizando uma tarefa de todos e por todos, para a glória de Deus entre as nações. Deixar de apoiá-los é uma negligência de toda a Igreja.

Existem muitas outras maneiras possíveis de oferecermos apoio aos missionários, como por exemplo, orações, contribuições financeiras fiéis, cursos preparatórios, comunicações, visitas, compartilhamento das suas notícias, etc., mas as que aqui foram mais expostas, possivelmente, atendem o apelo de muitos que se encontram no “campo”.

Nosso intuito foi demonstrar a necessidade de, como Igreja brasileira, apoiarmos mais nossos missionários, oferecendo-lhes todas as condições para que avancem com seus esforços ministeriais, sob a influência do Espírito Santo, para a glória de Deus.

Não precisamos complicar aquilo que deve ser facilitado!

Ericson Martins

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