Tema a Deus e guarde seus mandamentos


“De tudo o que se tem ouvido, a suma é: teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12:13-14).

Essas são as últimas palavras de Salomão no Livro de Eclesiastes. Ele conclui seu discurso com um chamado solene e inegociável à piedade prática: temer a Deus e guardar os seus mandamentos. Esse é, segundo suas próprias palavras, o “todo do homem”, isto é, a essência da existência humana.

A tradução mais literal do verso 13 enfatiza exatamente isso: “Teme a Deus e guarda seus mandamentos; porque é o todo do homem...”. Com essa afirmação, Salomão declara que o temor do Senhor e a obediência à sua vontade não apenas conduzem à retidão, mas também promovem completude interior, preenchendo o vazio existencial e oferecendo verdadeira satisfação e sentido à vida. Diante de benefícios tão grandiosos, como alguém pode ignorar essa verdade?

No princípio, o ser humano contemplava Deus em plenitude, desfrutava de paz e refletia a sua glória. Entretanto, ao deixar de temê-lo e obedecê-lo, perdeu esse privilégio que lhe conferia contentamento e propósito. Desde então, a alma humana passou a buscar sentido em muitas direções, mas sempre retornando à mesma frustração.

Após a entrada do pecado e a consequente corrupção da natureza humana, todas as experiências que o homem vive e persegue nesta vida passaram a ser marcadas por instabilidade e vaidade. Nesse contexto, Salomão afirma que nada é mais urgente e necessário do que temer a Deus e obedecer aos seus mandamentos; fora disso, tudo se revela como vaidade, desperdício de tempo, esforço sem fruto, esperança volátil e distração temporária diante das angústias e incertezas que cercam a inevitável realidade da vida após a morte.

A palavra “dever”, presente em algumas traduções, reforça a ideia de que temer a Deus e andar em conformidade com a sua vontade é a responsabilidade fundamental de todo ser humano. E Salomão não deixa essa verdade sem fundamento: ele aponta para o juízo divino como razão conclusiva dessa exortação (v. 14).

Sua última advertência é clara e solene. Chegará o dia em que Deus julgará todas as pessoas, com base em tudo o que fizeram ao longo de suas vidas, inclusive aquilo que estiver oculto. Estaremos diante do supremo Juiz, e as obras produzidas ao longo da nossa história, quando tínhamos a instrução dos seus mandamentos, serão expostas. Nenhuma ação escapará ao seu juízo, nem mesmo as mais secretas. Nada poderá ser escondido naquele dia.

Rev. Ericson Martins

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