“Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque” (Eclesiastes 7:20)
A afirmação de Eclesiastes 7:20 encara nossos olhos com a realidade do nosso pecado e da queda do estado de retidão original. Salomão observou e concluiu que nenhum ser humano, por mais íntegro que pareça, vive sem pecado. Essa constatação nasce da própria lógica do Antigo Testamento (Sl 14:2-3) onde a santidade de Deus revela a indignidade moral do homem e a insuficiência dos seus mais altos esforços para recuperá-la.
A teologia reformada chama isso de depravação total. Não significa que todos são tão maus quanto poderiam ser, mas que toda a natureza humana foi afetada pelo pecado, tornando todos os homens, desde a sua concepção, corrompidos (Sl 51:5; Gn 8:21), culpados e justamente condenados (Rm 5:18).
A palavra hebraica ’adam, usada no contexto de Eclesiastes, reforça que o problema é universal. Não há exceções. Essa universalidade reaparece no Novo Testamento, quando Paulo declara que todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3:23). Ele também ensina que, em nossa natureza, não buscamos espontaneamente o bem que agrada a Deus (Rm 3:10-12).
Diante disso, esta doutrina não pretende levar ao desespero, mas à humildade. A depravação total mostra que ninguém se aproxima de Deus por méritos próprios. Toda transformação depende da graça que ele concede em Cristo, que renova o coração pelo agir do Espírito.
Se Deus intervém soberanamente com graça, então há esperança real de mudança. A confissão da nossa incapacidade abre espaço para a dependência sincera da Palavra de Deus, que nos conduz a uma vida moldada pela justiça que vem somente da parte dele, pela fé exclusiva em Jesus Cristo.
Como está escrito: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1).
Rev. Ericson Martins

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