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“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Pv 16:18).
De acordo com a Palavra de Deus, a soberba é profundamente destrutiva para a vida de qualquer pessoa. Algumas razões para isso nos parecem óbvias, e apresento-as aqui:
A soberba humana é idólatra – Faz-nos pensar que somos únicos, insubstituíveis, que todos dependem de nós, que, sem nossa presença, tudo fica comprometido ou desqualificado. Supervaloriza o ser humano em suas qualidades e ofende o testemunho sobre quem é Deus: o Senhor da história, o único moralmente perfeito, soberano em obras e digno de receber todos os louvores.
A soberba é egoísta – Contraria a mutualidade que caracteriza o cuidado mútuo entre os membros de um mesmo corpo.
A soberba é enganosa – Tira do indivíduo a consciência de que “o mundo dá voltas” e de que ele está tão vulnerável à queda quanto aqueles que sucumbiram, muitas vezes com a ajuda de suas insinuações maliciosas ou legalistas.
A soberba é rebelde – Está sempre desconfiada e armada contra os outros. Resiste a reconhecer e se submeter às autoridades devidamente instituídas, pois se julga superior; assim, trata-as sem distinção honrosa e sem consideração pelas atribuições próprias dos cargos ou posições que ocupam.
A soberba é competitiva – Não admite que outras pessoas tenham os melhores argumentos, resultados, benefícios ou oportunidades. Por isso, questiona as intenções delas e, quando não investe na destruição de suas reputações, principalmente nos bastidores, procura desacreditá-las, pois precisa provar a si mesma, a todo instante, que é mais capaz ou que está sempre com a razão.
A soberba é centralizadora – Não abre mão de estar em evidência; alimenta-se do excesso de atenção sobre suas habilidades e, quando lhe falta, dedica-se a desqualificar os dons daqueles que a ameaçam ou a criar polêmicas para se manter no centro. Nada lhe perturba mais do que o anonimato, que se opõe ao seu individualismo e personalismo.
A soberba é manipuladora – Não admite ideias ou decisões contrárias aos seus anseios e age nos bastidores para realizá-los a qualquer custo. Assim, administra suas relações tentando usar as pessoas como “peças de tabuleiro”, com o objetivo de se estabelecer acima de todos.
A soberba é o princípio da falsa religião – Busca justificar o crescimento pessoal adotando, sutilmente, meios pecaminosos, argumentando que o resultado obtido compensa qualquer prejuízo moral nos relacionamentos.
A soberba se alegra com o fracasso alheio tanto quanto se entristece com o sucesso dos outros – Revela-se por meio de falsa piedade ou moralismo hipócrita, agindo com insensibilidade diante da dor e da alegria alheias.
A soberba não serve, exige ser servida – Cobra mais do que incentiva, critica mais do que elogia, evita agradecer, é impaciente para ouvir e se irrita quando sua fala é interrompida. Não declara isso publicamente, mas suas relações evidenciam a crença de que é superior e, portanto, espera que os outros façam o que ela deveria fazer.
Essas e outras razões nos ajudam a entender que a soberba é altamente corrosiva para o coração que a carrega e para o comportamento que ela orienta. Não produz paz, não edifica e não torna ninguém melhor, pois ilude a pessoa fazendo-a acreditar que é superior.
A soberba é pecado. Enfraquece a comunhão com Deus, se opõe à boa fé, arruína relacionamentos, ostenta futilidades, humilha os humildes, ignora as necessidades alheias, se alegra com as falhas dos outros, é viciada em criticar e só produz frustrações pessoais.
Certa vez, Tiago e João manifestaram o desejo de ocupar posições superiores aos demais discípulos na futura e gloriosa revelação de Jesus. Tal interesse gerou uma discussão entre eles, até que Jesus os corrigiu, dizendo:
“... quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10:43-45).
Jesus deixou claro que o Reino de Deus é pautado por valores mais elevados, onde aquele que serve e se humilha pelo bem do outro ocupa o primeiro lugar, mesmo quando essa prática envolve desprezo e falta de reconhecimento.
Como todos nós, os discípulos precisavam entender que não há glória na soberba, mas sim na humildade, observando que o próprio Senhor se humilhou, assumindo a condição de servo para resgatar a humanidade escravizada pelo pecado — inclusive pelo pecado da soberba. Precisavam compreender que a soberba esconde grandes abismos à sua frente, tornando a queda, em suas mais variadas formas, inevitável, ainda que, por um breve tempo, leve a pessoa a se gloriar e a confiar em sua vantagem.
Rev. Ericson Martins
Louvado seja Deus pela vida do pastor e da sua família.
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