A Reforma Protestante foi um clamor por retorno. Não nasceu do desejo de inovação, mas de arrependimento. Martinho Lutero e tantos outros não quiseram reinventar a fé, e sim restaurar a Igreja à sua fidelidade original, quando a Palavra de Deus era a única regra de fé e prática. Eles olharam para uma cristandade corrompida por tradições humanas, ritos vazios e poder institucional, e ergueram grande voz clamando: somente as Escrituras!
Portanto, o que motivou os reformadores não foi rebeldia, mas piedade. Eles discerniram que a Igreja havia se afastado do Evangelho simples e puro anunciado por Cristo e pelos apóstolos. Assim, reafirmaram a centralidade da graça e da fé, lembrando que “pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8). Essa convicção devolveu à Igreja o foco em Cristo, o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2:5).
Celebrar mais de cinco séculos da Reforma é, portanto, mais do que relembrar um marco histórico; é examinar e perguntar: nossa fé está firmada na suficiência das Escrituras? Nossos cultos, sermões e ministérios ainda nascem e são mantidos irrefutavelmente pelo compromisso com a Palavra de Deus ou têm sido moldados pelas pressões da cultura dos nossos dias? O mesmo Espírito que moveu os reformadores continua chamando os verdadeiros crentes a retornar à pureza do Evangelho.
Hoje, o desafio permanece o mesmo. A Igreja ainda enfrenta a sedução da politicagem, da corrupção e de falsos pregadores da Palavra de Deus, mas o clamor continua o mesmo: arrependa-se e volte-se às Escrituras!
Que cada cristão se comprometa com a verdade revelada por meio delas, vivendo com humildade e coragem para resistir a tudo que obscurece o brilho da graça, porque “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2Tm 3:16). Que essa seja, novamente, a nossa confissão e o nosso compromisso.
Rev. Ericson Martins

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