O cristão e as eleições


Neste ano teremos a oportunidade de escolher, democraticamente, aqueles que ocuparão altos cargos nos Poderes da República Brasileira. Entretanto, muitos cristãos são ambivalentes em matéria de política, pensam que fé e política não se misturam, por isso, evitam qualquer discussão nesse sentido e até de participarem do processo eleitoral. Obviamente, tal pensamento não considera que o pecado corrompeu o homem e, por isso, toda a estrutura de sociedade, razão porque há planos para a sua redenção (Mt 6:10), bem como da natureza (Rm 8:19-22). Jesus não orou para que os crentes fossem retirados do mundo (Jo 17:15), pelo contrário, esperou que agissem como “sal” e “luz” em meio a corrupção espiritual e moral dele (Mt 5:13-16). 

A cosmovisão reformada nos fornece uma compreensão abrangente dessa realidade, atribuindo à vida cristã o compromisso de glorificar a Deus em todas as áreas do viver humano, inclusive em face do sistema político, como, por exemplo, notamos na experiência de José (Gn 41:37-44), Ester (Et 2:17) e Daniel (Dn 6:1-4). Esses, exercendo influência política, promoveram o florescimento da sua fé em Deus. O próprio Jesus desenvolveu um ministério holístico, atendendo necessidades espirituais e físicas das pessoas, resultado dos Seus propósitos reconciliadores. O apóstolo Paulo, também, defendeu essa abordagem, dizendo: “enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos” (Gl 6:10). Esse bem deveria considerar a participação do crente nas eleições, visto ser uma causa e dever legítimos da Igreja influenciar a composição do Governo civil, impedindo que perversos assumam cargos públicos. As decisões tomadas pelo Governo têm impacto direto na sociedade e não é razoável ignorar a oportunidade e necessidade de eleger, por critérios bíblicos, aqueles que mais atenderão os interesses da justiça e do amor à misericórdia (Mq 6:8).

A Confissão de Fé de Westminster destaca que resistimos à ordenança de Deus quando nos opomos “a qualquer poder legítimo, civil ou religioso, ou ao exercício dele” (CFW, cap. XX-4). Paulo ensinou que o Governo deriva sua autoridade de Deus, para promover o bem e restringir o mal (Rm 13:1-7) e orientou que a Igreja ore “em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Tm 2:1-2). Paulo compreendia que os crentes possuem instrumentos eficazes para influenciar o Governo, nos ensinando que a religião cristã não sugere alienação dos deveres civis.

O processo eleitoral é democrático e ocupa um importante interesse do reino de Deus na Terra. Um bom Governo promove condições justas e piedosas para a sociedade, a fim de que as pessoas tenham suas dignidades protegidas e vivam em paz, enquanto o mau Governo, dirigido por pessoas perversas, promove opressão econômica, imoralidades por todos os modos e a insegurança da vida e bens privados. Portanto, como Igreja comprometida com a verdade de Deus, é preciso exercer os diretos conferidos no processo eleitoral (Sl 34:14; Jr 29:5-6), conhecer os planos de cada candidato e impedir, pelo voto, que assumam o poder qualquer que não possua clara competência para a gestão pública ou legislativa e tenha a intenção de se opor aos princípios básicos da moral cristã.

O filósofo e político Edmund Burke (1729-1797), certa vez disse: “Para o triunfo do mal, basta que os bons não façam nada.”

Com amor, 

Ericson Martins

5 comentários:

  1. Parabens pastor, que o Senhor continue te usando, e protegendo sua preciosa vida, belo texto.

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  2. Parabens pastor, que o Senhor continue te usando, belo texto.

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  3. Que Deus, em sua infinita graça, lhe conceda sabedoria para orientar o povo de Deus neste contexto histórico em que nos encontramos. Muitos não têm consciência cristã para participar, com o seu voto, nas decisoes políticas e nos rumos que deve tomar a nossa nação. Um abraço!

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  4. Se o mundo jaz no maligno, é possível restaurá-lo? Não!! Este mundo já está condenado e o que nos resta e tão somente pregar o evangelho para que pessoas sejam salvas. Toda tentativa de transformar esse mundo para Cristo reinar é antibiblica e maligna!

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  5. PARABENS PASTOR! TEXTO MARAVILHOSO PARA REFLEXAO

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