Certamente, em algum momento da nossa vida, diante de fatos que nos pressionam, perguntamos se devemos seguir ou não nossa consciência. Isso ocorre porque nem sempre nos sentimos seguros para cuidar, sozinhos, da nossa própria vida e dos outros. Antes de tentar responder essa questão, precisamos fazer algumas considerações importantes:
- A consciência é uma intuição moral que o próprio Deus atribuiu ao homem, na sua criação. Como função da mente, ela nos oferece a capacidade mínima de discernimento quanto a melhor decisão e caminho que devemos escolher (Jo 8:9). Essa percepção inata faz, de cada um de nós, responsável e indesculpável diante de Deus (Rm 2:14-16; 1 Jo 3:20);
- O pecado corrompeu todo homem, mas também o homem todo. Isso significa que a nossa consciência não pode corresponder perfeitamente com a lei moral de Deus, por isso, é tendenciosa ao mal e ao engano (Jr 17:9; Tt 1:15). Não são poucas as vezes que acreditamos ter decidido e escolhido o caminho certo, mas depois descobrimos que estávamos enganados por nós mesmos.
- Sabedores que Deus nos deu a consciência, para nos guiar na vida moral, e que estamos corrompidos pelo pecado, sendo incapazes de discernir perfeitamente a Sua vontade, temos que admitir que, apesar das impurezas e enganos, ela é alvo da redenção em Cristo, o qual a resgata para servir os propósitos dAquele que a criou (2 Co 10:4-6; Hb 10:16; 1 Pd 3:15-16).
Sim, devemos seguir a nossa consciência, certificando-nos antes que ela esteja instruída pelos pensamentos de Deus e não meramente pelos nossos. Como nos certificar disso?
1. Ela deve ser disciplinada, educada, pela verdade de Deus, através do testemunho seguro e suficiente das Escrituras (1 Jo 3:21-24). Por causa dos danos que a mentira causou à consciência, sua restauração agora depende da verdade. Sem apego sério às Escrituras não será capaz de conceber claramente a vontade de Deus em decisões e escolhas coerentes com o bem e a pureza na vida. Nesse sentido, Pedro e demais apóstolos, quando acuados por seus acusadores, não se intimidaram e afirmaram: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5:29). Quando apreendidos pela verdade de Deus, temos ousadia para decidir e agir, pois aprendemos a confiar mais em Deus e nos resultados da obediência que Ele requer, que nas chantagens emocionais ou prejuízos com os quais os homens nos ameaçam.
2. Ela deve estar sujeita a Cristo, tal temor oprime a má e liberta a boa consciência (2 Co 1:12). Antes da sua conversão a Cristo, Paulo seguiu sua consciência ao perseguir a Igreja. Contudo, depois da sua conversão, diante do governador romano, ao se defender, bem como os demais cristãos e a doutrina da ressurreição, disse: “Por isso, também me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus e dos homens” (At 24:16 cf Tt 1:5 e 19). Paulo aprendeu a viver de consciência pura por pregar e proceder de acordo com sua nova consciência, despertada pelo Espírito Santo que o convenceu a abandonar uma vida de más ações por boas intenções, a favor de uma vida de boas ações por boas intenções. Ora, o pecado, os enganos, as percepções frustradas não são desculpas justas, quando somos chamados ao arrependimento, à conformidade com justiça de Deus (Hb 9:14)!
Em Tiago 4:17 lemos que a partir do momento que temos conhecimento do bem, nos tornamos responsáveis por ele: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” De acordo com o contexto, o “bem” não é resultado de uma livre percepção, mas da certeza quanto a vontade e governo de Deus, e do nosso dever de obedecê-Lo. Quando temos essa consciência, sim, devemos segui-la!
Ericson Martins
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