“Os teus príncipes são rebeldes e companheiros de ladrões; cada um
deles ama o suborno e corre atrás de recompensas. Não defendem o direito do
órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas” - Isaías 1:23
Em meio a
diversos conceitos político-partidários, cada pessoa possui uma definição tão
clara sobre a política que, geralmente, nega-se qualquer posição que lhe seja
contrária. Por esta razão, costumeiramente afirma-se: “Política não se
discute”. No entanto, há uma definição consensual entre tantas divergências que
vale a pena ratificá-la: a política é o uso do poder em defesa dos interesses
coletivos.
Contudo,
por outro lado - sim, há um outro lado - associamos política a homens
maliciosos, a escândalos provocados por atos fraudulentos, a corrupção das
normas que regulam a moral e a gestão pública, ao oportunismo financeiro
ilícito, ao nepotismo, ao tráfico de influências e de favores pessoais, a
imunidade de culpas legais, etc, etc, etc. Ufa! Já estamos cansados de tantas
mazelas!
Nessa breve
leitura você já deve estar perguntado: “Mas isso não é contraditório?” Devo
concordar que sim! E a principal razão está na compreensão que possuímos sobre
esse assunto. Enquanto a “política” é o cuidado prioritário de interesses e
necessidades públicas, a “politicagem” é a vantagem pessoal sobre ele.
Inescrupulosamente o agente da politicagem defende interesses pessoais, mesmo
quando essa defesa fere os direitos de toda uma coletividade. É possível se
beneficiar sigilosamente de inúmeras vantagens enquanto a grande maioria sofre
os danos da falta de atenção e dos cuidados exigidos por aquele que ocupa um
cargo público.
A política
é séria, necessária e prevê uma administração justa que beneficie a todos,
indistintamente. A politicagem, entretanto, é o antônimo da política, pois é o sinônimo
do egoísmo e da falta de amor; razões porque deve ser reprovada sempre e
reprimida com firmeza através do voto em todo processo eleitoral.
Isaías foi
um profeta levantado por Deus no período pré-exílio de Judá. Esse período foi
marcado por transgressões tão graves que culminaram no exílio do povo, na
Babilônia, como punição de Deus. Entre tantas transgressões, os governantes foram
responsabilizados também, pois quando deveriam conduzir o povo ao progresso
pelos caminhos da justiça, se tornaram corruptos e assassinos (Is. 1:21).
Quando deveriam ser nobres entre o povo, se tornaram em escórias dele (Is
1:22). Eles se deixaram ser guiados pela altives das suas ganâncias e deixaram
“o direito do órfão” (Is 1:23). O verso seguinte (Is 1:24) prova que Deus
sempre retorna para “tomar satisfações aos seus adversários”, porque ele não
compactua com a injustiça e com a opressão de governantes corruptos. Um dia ele
erguerá o seu cetro de justiça para retribuir a todos os que se fazem seus
inimigos pela politicagem, na medida certa que merecem (Is 1:28). Porém, para
aqueles que se arrependem, a misericórdia os assistirá (Is 1:27).
Nesse texto
de Isaías percebemos a perspectiva correta sobre o papel da política. Ela deve
defender o direito dos vulneráveis e atender a causa dos desfavorecidos em
primeiro lugar!!! O problema na política é a politicagem, é a inteligência
humana dedicada a improbidade dos deveres públicos pelos interesses pessoais,
muitas vezes através da discrição das palavras e condutas.
O que devemos
fazer num cenário como esse?
1. Como
cristãos, devemos nos preocupar com a política e com aqueles que se candidatam
para ela. Uma iniciativa fundamental é fazendo uso das nossas orações, para que
Deus purifique os políticos da impiedade e das impurezas religiosas (Is 1:26).
2. Como
cristãos, devemos apoiá-los positivamente com o nosso envolvimento. Sim, com o
nosso envolvimento! O povo tem responsabilidades pelo voto, pelo cumprimento
das leis, pelo respeito e submissão às autoridades, pela ordem civil e pela
manutenção da paz. Há momentos em que a crítica é justificada, é claro. No
entanto, quando a maioria elege uma pessoa para a política, assume o dever de
apoiá-la no cumprimento dos propósitos para os quais ela foi eleita. Agir diferente
é agir na contradição daquilo que as Escrituras ensinam (Mt 22:15-22; Rm
13:1-7).
3. Como
cristãos, devemos erguer a voz contra as injustiças dos políticos corruptos. O
protesto público é um importante instrumento dessa manifestação na sociedade, e
também necessária. Isso quando dirigida pela ordem, por motivos claramente
definidos e justificáveis, pelo respeito ao patrimônio público e privado, e
pelos limites da tolerância estabelecidos na lei. Contudo, mais importante que
protestos públicos é o avanço nas percepções políticas, na pesquisa dos
candidatos, na comprovação da competência para a gestão pública e, por fim, na
escolha consciente do voto. Assim, pelo voto, podemos eleger melhores
candidatos, pessoas realmente comprometidas com a política e não com a
politicagem!
Que o Deus
da justiça guie o nosso dever cidadão!
Ericson Martins
contato@brmail.info
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