"Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco" 1 Tessalonicenses 5:18
Em sua segunda viagem missionária o apóstolo Paulo teve a oportunidade de visitar a cidade de Tessalônica (At. 17:1-4), atualmente Salônica na Grécia. Era uma cidade estratégica para a difusão do Evangelho por sua concentração de pessoas (gregos e romanos) oriundas de diversas partes, atraídas pelo comércio. A cidade, além de portuária, ocupava geograficamente o centro costeiro da Grécia e ligava duas importantes cidades por uma das principais vias de transporte : Filipos e Atenas. Com o frenético movimento migratório de pessoas e suas tradições religiosas de diversas partes, assim como grandes centros urbanos de hoje, verdades absolutas são relativizadas. A cidade de Tessalônica sofria com diversas dúvidas quanto à segunda vinda de Jesus e este foi, certamente, o propósito central ao escrever esta Epístola por volta do ano 50 d.C..
Ao chegar à cidade Paulo logo procurou um local de grande influência judaica, a sinagoga (At. 17:2). Ali falou a respeito das expectativas proféticas do Antigo Testamento sobre a vinda do Messias. Ele o identifica com a manifestação de Jesus, exatamente como foi prometido. Logo, os discípulos de Jesus cresceram pela exposição fiel das Escrituras formando uma forte comunidade de crentes (1 Ts. 1:6-8, 3:6, 4:1, 9-10) na vinda de Jesus como rei supremo que governaria com equidade todos os povos. Amedrontados pela crença de um Rei que suscitou entre os novos crentes e seu eminente retorno, judeus utilizaram este discurso para instigar uma perseguição romana contra eles insinuando que a autoridade de César (imperador) estava sendo desacreditada por outro chamado Jesus. O motim começou expulsando Paulo, Silas e Timóteo da cidade e humilhando Jasom (At. 17:5-9) por receber os missionários em sua casa.
As pressões políticas, religiosas e filosóficas progressivamente intensificaram a hostilidade contra os crentes e muitos começaram a desanimar (4:13-18, 5:18). O motivo foi a morte de muitos pelas perseguições, a ausência física do apóstolo entre eles e a "demora" do retorno de Jesus. Eles, por exemplo, interpretavam a ausência de Paulo como falta de interesse pela igreja tessalônica. Além disto, alguns hábitos morais dos pagãos estavam sendo associados com a nova fé, confundido a certeza pelas dúvidas (4:3-8), outros, esperançosos na vinda de Jesus deixaram de trabalhar (4:11-12, 5:14). Por estes e outros motivos, a igreja estava se dividindo (5:13).
Entender este contexto é fundamentalmente importante para entender o que Paulo quis dizer sobre "em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus". Para ele, o crente que espera a volta de Jesus não adota ídolos (1:9-10), não usa a prerrogativa da soberania para a preguiça no serviço (2:9, 19), não incita divisões pelo prazer da dúvida (3:12-13) e não é omisso no confronto ao pecado (5:23). Em tudo (vv.18, 21 e 23) exorta a acomodação dos tessalônicos de crer parcialmente na vinda de Jesus, de moralmente andarem dignos parcialmente pelas atrações ilícitas da "velha vida", de trabalharem parcialmente pela ignorância sobre a soberana vontade de Deus, de se dedicarem parcialmente na oração a Deus por darem ouvidos às filosofias gregas, de se sujeitarem parcialmente aos líderes da igreja por não aceitarem o rigor da verdade que pregavam e de se alegrarem somente em tempos de paz e não pelas perseguições que ocultavam glória da verdade sobre Jesus Cristo (Rm 8:28). Dai graças é o resultado óbvio que só é possível em tempos de perseguições e incompreensões quando se entende e crê no propósito de Deus por trás das infâmias, humilhações e perdas quando se leva a sério viver de acordo com a vontade de Deus. Este motivo de gratidão é irônico para quem compreende a vida apenas como rotinas cíclicas limitada pela morte, mas a outros, é o fruto regozijante genuíno que vem da esperança além desta vida (1 Ts. 5:4-11, 18; 1 Cor. 15:19). Esta vontade de Deus não é impessoal. Os tessalônicos sentiam-se confusos e vulneráveis. A palavra "público" quando atribuída a um objeto perde grande parte do seu valor singular e pessoal. A idéia da ausência física do apóstolo entre eles e a suposta demora de Jesus em Sua segunda vinda, produziu em seus corações a sensação de esquecidos e desprezados. A argumentação consoladora do apóstolo é que a relação com a vontade de Deus é pessoal e fora revelada em Cristo (cf. 5:23). Cristo estava entre eles, Cristo não deixa de assistir individualmente o crente pela relação com os crentes. Cristo não é omisso quanto às debilidades espirituais, morais e sociais entre as quais viviam. Cristo é a revelação de Deus, mas também da Sua vontade; portanto, referência autoritária e insubstituível para o desenvolvimento sadio da fé tendo-o como Salvador (5:8). Cristo é a base sólida da integridade e irrepreensibilidade até Cristo conforme o v.23.
Dar graças em tudo é experimentar o que somente aqueles que esperam firmemente a vinda de Cristo podem experimentar pela convicção na eternidade com Deus (5:1-2, 9). É entender que o mundo com todas as suas atrações não significam nada diante dos regozijos que aguardam todos os salvos nEle. É ser radical quanto às chantagens impostas à fé, às tentações imorais, às especulações filosóficas contra verdade bíblica sobre o retorno de Jesus, ... mesmo quando o resultado de tamanha certeza é a humilhação e crueldade pelos incrédulos. Na doutrina de Paulo não havia espaço para parcialidades e incertezas. Dar graças neste texto é uma confissão de fé em Cristo por Sua redenção e bênçãos eternas que estão reservadas para o já e ainda não, ou seja, este tempo de lutas, mas na sua plenitude quando Cristo voltar.
Paulo disse : "em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus". Ele sabia o que falava aos tessalonicenses (Fl. 3:12-16), e por graça de Deus, a todos nós hoje.
Com meu amor,
Ericson Martins
contato@brmail.info
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Gosto muito de ver o site! Está de parabéns, é muito bem elaborado e conduzido por Deus.
ResponderExcluirabraços
Edna.
Fico imensamente feliz com as boas notícias do Blog. Sinal de que o trabalho tem encontrado os verdadeiros apreciadores de uma boa reflexão e crônica do cotidiano. Este realmente é o poder do Evangelho para com a nossa vida prática.
ResponderExcluirFiquem na Paz!
Wesley Porfírio Nobre
www.wesley.net.br
Parabéns Prof Ericson,
ResponderExcluirÉ muito bom ver o evangelho sendo levado tão a sério e com tanta clareza e profundidade. Que o Jesus te renove a cada dia para continuar sendo útil a todos nós que visitamos seu blog.
Que a graça e a paz do nosso Senhor esteja com vc e sua família.
Márcia Inês
QUERO AGRADECER AO IRMÃO PROF.ERICSON PELAS LINDAS E VERDADEIRAS REFLEXÇOES.GUARDO TODAS NO MEU ARQUIVO PESSOAL.QUE DEUS EM CRISTO,CONTINUE VOS ABENÇIANDO.
ResponderExcluirABRAÇOS
PB.NILSON