O Espírito Santo no Antigo Testamento - Parte 2


“Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro [‘ruwach’] de sua boca, o exército deles” Salmo 33:6

Como já vimos o Espírito (Santo) no Antigo Testamento é traduzido principalmente pela palavra ruwach (hebraico), com o sentido teológico de poder impetuoso, soberano e temível, que age no mundo para cumprir fielmente os propósitos de Deus. 

Embora o Espírito Santo seja tratado um tanto impessoalmente na literatura antigo testamentária, ele é a terceira Pessoa da Trindade Santíssima, e tal ênfase quanto a sua personalidade será dada nos próximos estudos, mas pretendo apresentar aqui alguns aspectos específicos do Espírito Santo no Antigo Testamento.

1. O Espírito Santo contendeu com o pecado humano

Em Gênesis 6:3 Deus diz que o Seu Espírito “não agirá para sempre no homem” por causa de sua maldade. A palavra “agirá” é a palavra דּון, diyn (heb), que tem sentido de “contender”, “julgar”, “advogar”, “pleitear”. Isso sugere, por conseguinte, Deus lidando com as consequências do pecado dos homens. Portanto, possivelmente, o texto explica o fato de Deus entregar os homens às consequências dos seus próprios pecados (cf. Rm 1:26-27) retirando a Sua atuação revelada pelo Espírito Santo entre eles.

2. O Espírito Santo habilitou pessoas ao serviço

Em Números 11:16-17 e 25-30 diz que Deus designou auxiliares para Moisés colocando sobre eles o “Espírito” (ruwach) e estes “profetizaram no arraial”. A atividade do Espírito neste caso é revelação da sabedoria de Deus na administração do povo (11:17 cf. 11:25-6).

Em Êxodo 31:1-11 diz que Deus chamou Bezalel e o encheu do Espírito para fazer “a tenda da congregação, e a arca do Testemunho, e o propiciatório que está por cima dela, e todos os pertences da tenda...”, além de todos os utensílios do interior do Tabernáculo. Deus encheu do Espírito aquele que recebeu uma função tão sagrada.

Compreendemos em Isaías 63:7-14 que a libertação de todo o povo de Israel do Egito foi obra de Deus pelo Seu Espírito. Nota-se aqui, entretanto, que Deus agiu através de Moisés, sobre quem estava o “Espírito Santo”. O Espírito Santo age por meio de pessoas. 

Josué, auxiliar de Moisés, o sucede com autoridade de governo o povo de Israel, depois de verificado que nele havia o “Espírito”.

3. O Espírito Santo levantou libertadores da opressão

Quando Israel estava em perigo de ser aniquilado por seus opressores, “o Espírito do Senhor” veio sobre vários líderes para que o livrasse. Exemplo: Otniel (Jz 3:7-11), Gideão (Jz 6:34), Jefté (Jz 11:29-33) e de Sansão (Jz 14:6, 19, 15:14), sendo este último “incitado” (“estimulado”, “incomodado”) pelo Espírito (Jz 13:25). 

Quando Saul foi escolhido para ser rei de Israel, o Espírito de Deus “se apossou” dele e ele profetizou (1 Sm 10:10), o mesmo “se apossou” dele e ele saiu para uma importante batalha contra os amonitas que culminou numa memorável vitória de Israel (1 Sm 11:1-11). Infelizmente ele não se manteve obediente a Deus e ao Espírito de Deus o deixou (1 Sm 16:14) e deixou de ser um rei dirigido pelo poder de Deus para ser um rei “atormentado” por um “espírito maligno” revelando assim seu fracasso. Esta história contrasta com o verso anterior em que Davi “o Espírito do Senhor se apossa” dele (1 Sm 16:13) e passa ser “ungido” como o novo rei em Israel. Seu governo tipifica no Antigo Testamento o eterno governo vitorioso e justo de Jesus Cristo. Davi foi um magnífico líder, e o seu sucesso é atribuído ao Espírito de Deus!

4. O Espírito Santo traz esperança eterna

É significativo destacar aqui, pela narrativa bíblica, que nenhum rei depois de Davi é descrito como tendo recebido o “Espírito do Senhor” para governar. Todos eles falharam. A esperança, portanto, nasce de um novo Rei, outro Davi, que surgiria a partir da sua linhagem em algum momento no futuro, a quem o “Espírito do Senhor” repousaria para dar-lhe autoridade de governar eternamente o povo de Deus. 

Leiamos Isaías 11:1-10. Até que ele viesse, Israel haveria de experimentar fracassos contínuos e o cativeiro.

5. O Espírito Santo falou pelos profetas

Em meio às falhas dos reis em levar adiante os propósitos de Deus, são levantados por ele profetas para exortar, chamar ao arrependimento, orientar reis e revelar a vontade de Deus para Seu povo. 

Quando o povo de Judá se recusou ouvir os profetas levantados por Deus, foi informado sobre seus planos: “... fazem aliança, mas não por meu Espírito” (ruwach). A versão Revista e Atualizada traduz: “... fazem aliança sem minha aprovação” (Is 30:1).

Em Miquéias 3:8 o profeta declarou estar “cheio do poder do Espírito do Senhor, cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel, o seu pecado”. Em Neemias 9:20 e 30 o Espírito que falou através pelos profetas é o mesmo que instruiu Israel no deserto (Nm 11:16-17 e 25-30 = ruwach).

6. O exílio foi o resultado de recusar ouvir o Espírito Santo

A recusa de ouvir a voz do Espírito através dos profetas resultou no exílio babilônico, seguido pela destruição de Jerusalém. 

Após a punição no exílio que teve a finalidade de restaurar o povo, e Ageu assegurou que regressariam para Jerusalém assim como prometeu libertação do Egito sob a liderança de Moisés, pois o Seu Espírito habitava “no meio” deles (Ag 2:5). Zacarias assegurou a Zorobabel (governador de Judá), que ele não deveria temer reconstruir o Templo, porque o Espírito de Deus estaria atuando através dele: “Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4:6).


CONCLUSÃO

Após participar na criação, lê-se o Espírito continuamente levando adiante, e com êxito, os propósitos de Deus, como um vento (ruwach) impetuoso que sai para cumprir aquilo que lhe foi designado, com exatidão inquestionável. Sua Pessoa é tratada com discrição, porém, sua atuação no Antigo Testamento é eficazmente clara. Sua presença é conhecida pelo sucesso ou pela verdadeira proclamação mensagem de Deus.

Às vezes, o Espírito Santo vinha sobre as pessoas temporariamente, às vezes permanentemente. Elas não o buscavam, ele vinha como e quando Deus queria para cumprir exclusivamente os seus propósitos.


Com amor,
Ericson Martins
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