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  • Somente a Palavra de Deus, em sua autoridade e suficiência, pode guiar todo homem no caminho da verdade.

Andando com amigos sábios e piedosos

 

Sou admirador de vários aspectos da cultura nordestina e acompanho canais de pescadores amadores. Há um adágio que sempre ouço, que diz: “Quem anda com porcos, farelo come.” Ele enfatiza que a convivência constante com pessoas de maus hábitos ou condutas duvidosas tende a nos influenciar negativamente.

Todos nós sentimos, em alguma medida, a força do ambiente que vivemos, porque relacionamentos não são neutros e não somos isentos. Por isso, nossas amizades têm o poder de moldar o nosso modo de viver e as nossas escolhas.

A Bíblia afirma com clareza que caminhar ao lado de pessoas sábias pode nos tornar sábios, enquanto a proximidade constante de quem despreza a prudência nos influencia a ser igualmente espiritualmente frios, biblicamente imaturos, emocionalmente insensíveis e arrogantes em nossos relacionamentos. Não foi à toa que o apóstolo Paulo alertou que “as más conversações corrompem os bons costumes” (1Co 15:33). A Escritura é clara ao chamar a nossa atenção para o fato de que andamos com quem nos identificamos ou com quem desejamos nos identificar.

Por isso, vale perguntar, com honestidade, quem temos permitido influenciar o nosso modo de ver e interpretar fatos e pessoas. Estamos permitindo que conselhos apressados e impiedosos definam nossas decisões ou temos buscado caminhar com pessoas que temem a Deus, amam a verdade e nos ensinam a ser mais quebrantados de coração?

A sabedoria bíblica nos chama a estabelecer critérios, a discernir quem realmente edifica, a fugir da ingenuidade de pensar que más influências não causarão efeito, porque essa responsabilidade é pessoal e intransferível.

“Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau” (Pv 13:20).

Concluo com um convite direto: reavaliemos nossas amizades, não para afastar pessoas com arrogância, mas para guardar a nossa fé com zelo e o nosso temor ao Senhor. Escolhamos caminhar com quem nos aproxima de Cristo, porque as sementes que plantamos hoje resultarão na colheita que faremos amanhã.

Que o Senhor, em sua graça, nos dê discernimento para escolher bem as nossas amizades.

Rev. Ericson Martins

Ética cristã nos relacionamentos

 

“Maldito aquele que fizer o cego errar o caminho. E todo o povo dirá: Amém!” (Dt 27:18)

Todos nós convivemos com pequenas injustiças todos os dias, situações em que alguém se aproveita da fragilidade de outro. Às vezes, isso acontece na família, no trabalho ou até dentro da igreja. Pode ser algo sutil, uma palavra que distorce a verdade, uma atitude que coloca alguém em risco ou em humilhação.

No contexto do Pentateuco, Israel estava às portas da terra prometida, sendo lembrado de que a aliança não era algo abstrato. O povo seria chamado a viver de modo que refletisse o caráter de um Deus que não distorce a justiça. Induzir o cego ao erro era aproveitar-se de quem não tinha meios para perceber o perigo e se proteger. Era tornar a vulnerabilidade um instrumento de vantagem egoísta, escárnio ou opressão. E isso era, e ainda é, uma grave ofensa contra os termos da aliança com Deus. Por esta razão, a maldição anunciada disciplina aquele que é maliciosamente furtivo, vingando aquele que não está em condição ou em ambiente para se defender do mal falado e praticado.

O princípio permanece claro no Antigo e no Novo Testamento. Quem conhece a Palavra e verdadeiramente teme a Deus não explora a fraqueza alheia. Não usa informação privilegiada para prejudicar, não reorganiza fatos para enganar, não articula relações para sustentar ambições por controle nas brechas e nas sombras, não se aproveita de quem está emocional, espiritual, física ou funcionalmente vulnerável. A ética do reino exige integridade diante de Deus no modo como tratamos uns aos outros.

Por isso, examinemos hoje nossos corações e relacionamentos. Perguntemos a nós mesmos se alguma palavra confundiu ou enganou quem confiava em nós. Se alguma decisão ou ação nossa foi deliberadamente dirigida para projetar superficialmente a nossa reputação, às custas de expor outros a prejuízos morais e financeiros. Ainda há tempo para o arrependimento sincero e para a reconciliação. 

O Deus que nos chama à aliança é o mesmo que renova as suas misericórdias a nosso favor, por meio de Cristo. Onde houver arrependimento, haverá restauração, do mesmo modo, onde houver verdade, haverá vida, principalmente nos bastidores.

Rev. Ericson Martins
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Culpa e misericórdia

 

“O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28:13).

Desde cedo aprendemos a defender a nossa reputação a qualquer custo. Quando erramos, é quase instintivo justificar o erro, culpar as circunstâncias ou apontar falhas nos outros. Por medo da culpa e por causa do orgulho, acabamos produzindo uma espiritualidade superficial, na qual o pecado é tratado como deslize e não como ofensa contra Deus.

O livro de Provérbios mostra que a sabedoria prática nasce do temor do Senhor (Pv 1:7). Nesse contexto, o verso 13 do capítulo 28 apresenta dois caminhos, o da negação e o da confissão. O primeiro leva à estagnação espiritual, porque quem encobre o pecado vive preso a uma aparência de justiça. O segundo conduz à restauração, pois o arrependimento é o receptivo da misericórdia de Deus. O verbo hebraico “deixar” comunica abandono real, ruptura com o pecado, não mera admissão verbal, lembrando que a confissão genuína não busca aliviar a consciência, mas a reconciliação com Deus.

Na prática, isso exige coragem para assumir a própria culpa, pedir perdão e mudar de rota. Portanto, o cristão maduro não foge da verdade, porque sabe que esconder o pecado é se tornar escravo dele. E somente por meio de Cristo é possível prosperar, sendo verdadeiramente liberto das angústias e das reputações artificiais que o pecado tenta sustentar.

Rev. Ericson Martins
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Não há homem justo

 


“Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque” (Eclesiastes 7:20)

A afirmação de Eclesiastes 7:20 encara nossos olhos com a realidade do nosso pecado e da queda do estado de retidão original. Salomão observou e concluiu que nenhum ser humano, por mais íntegro que pareça, vive sem pecado. Essa constatação nasce da própria lógica do Antigo Testamento (Sl 14:2-3) onde a santidade de Deus revela a indignidade moral do homem e a insuficiência dos seus mais altos esforços para recuperá-la.

A teologia reformada chama isso de depravação total. Não significa que todos são tão maus quanto poderiam ser, mas que toda a natureza humana foi afetada pelo pecado, tornando todos os homens, desde a sua concepção, corrompidos (Sl 51:5; Gn 8:21), culpados e justamente condenados (Rm 5:18).

A palavra hebraica ’adam, usada no contexto de Eclesiastes, reforça que o problema é universal. Não há exceções. Essa universalidade reaparece no Novo Testamento, quando Paulo declara que todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3:23). Ele também ensina que, em nossa natureza, não buscamos espontaneamente o bem que agrada a Deus (Rm 3:10-12).

Diante disso, esta doutrina não pretende levar ao desespero, mas à humildade. A depravação total mostra que ninguém se aproxima de Deus por méritos próprios. Toda transformação depende da graça que ele concede em Cristo, que renova o coração pelo agir do Espírito.

Se Deus intervém soberanamente com graça, então há esperança real de mudança. A confissão da nossa incapacidade abre espaço para a dependência sincera da Palavra de Deus, que nos conduz a uma vida moldada pela justiça que vem somente da parte dele, pela fé exclusiva em Jesus Cristo.

Como está escrito: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1).

Rev. Ericson Martins

Mulheres e o ensino bíblico na igreja

 


A Bíblia fala sobre limites na instrução pública na igreja, mas não ensina que mulheres não possam ensinar em qualquer contexto. O que existe é uma ordem específica para o culto congregacional. A passagem mais clara é 1Timóteo 2:12:

“E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem, esteja, porém, em silêncio”

Paulo trata da ordem da igreja reunida, não de classificação etária alternativa, infantis ou jovens ou adultos, de gêneros masculino ou feminino. Ele não disse que mulheres não podem ensinar de modo absoluto, mas que não devem exercer ensino autoritativo e governante sobre a igreja, função atribuída aos presbíteros, conforme a qualificação apresentada em 1Timóteo 3:1-7. Entre esses presbíteros, alguns se dedicam com especialidade ao ensino da Palavra, como Paulo registra em 1Timóteo 5:17.

Em 1Coríntios 14:33-35, Paulo regula o culto usando o mesmo princípio de ordem e submissão. O contexto não despreza a participação ativa das mulheres na vida da igreja, apenas estabelece limites funcionais, incluindo a restrição ao exercício final de autoridade pela instrução pública.

O próprio contexto bíblico confirma isso. Encontramos mulheres ensinando, direta ou indiretamente. Priscila, destacada ao lado de Áquila, instruiu Apolo no caminho de Deus em Atos 18:26. Apolo era um pregador preparado, descrito como “homem eloquente e poderoso nas Escrituras” em Atos 18:24, mas aprendeu com humildade aquilo que ainda não compreendia, inclusive por meio de Priscila.

Paulo também orientou as mulheres idosas a ensinarem as jovens recém-casadas em Tito 2:3-4, o que mostra que o ensino feminino não se limita a crianças.

Olhando atentamente para o contexto das Escrituras, vemos ainda mulheres exercendo ensino público em situações específicas, como Miriã em Êxodo 15:20-21, Hulda em 2Reis 22:14-20, as filhas de Filipe em Atos 21:9 e Débora, profetisa e juíza, em Juízes 4:4-5. Débora não é um modelo normativo para o governo da igreja no Novo Testamento, mas evidencia que Deus usa mulheres para orientar adultos em determinados momentos da história. Isso é semelhante ao que ocorre com tantas missionárias e evangelistas que servem onde homens crentes não assumem o trabalho, bem como mulheres fiéis que conduzem devocionais em diversas ocasiões, aulas na EBD, estudos em pequenos grupos, reflexões bíblicas em redes sociais e palestras em congressos.

Paulo limitou o ensino com autoridade pastoral na igreja reunida aos presbíteros, especialmente aos docentes. Isso não significa que mulheres não possam ensinar em geral ou que devem se limitar apenas às crianças. O foco da instrução bíblica é a ordem e o governo autoritativo da igreja, entregues a homens crentes, biblicamente qualificados e eleitos, e não a capacidade ou dignidade das mulheres.

Na Igreja opiniões pessoais não devem ser recebidas e tratadas como guias normativas, somente as Escrituras pelas Escrituras.

Rev. Ericson Martins
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O clamor da Reforma Protestante


A Reforma Protestante foi um clamor por retorno. Não nasceu do desejo de inovação, mas de arrependimento. Martinho Lutero e tantos outros não quiseram reinventar a fé, e sim restaurar a Igreja à sua fidelidade original, quando a Palavra de Deus era a única regra de fé e prática. Eles olharam para uma cristandade corrompida por tradições humanas, ritos vazios e poder institucional, e ergueram grande voz clamando: somente as Escrituras!

Portanto, o que motivou os reformadores não foi rebeldia, mas piedade. Eles discerniram que a Igreja havia se afastado do Evangelho simples e puro anunciado por Cristo e pelos apóstolos. Assim, reafirmaram a centralidade da graça e da fé, lembrando que “pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8). Essa convicção devolveu à Igreja o foco em Cristo, o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2:5).

Celebrar mais de cinco séculos da Reforma é, portanto, mais do que relembrar um marco histórico; é examinar e perguntar: nossa fé está firmada na suficiência das Escrituras? Nossos cultos, sermões e ministérios ainda nascem e são mantidos irrefutavelmente pelo compromisso com a Palavra de Deus ou têm sido moldados pelas pressões da cultura dos nossos dias? O mesmo Espírito que moveu os reformadores continua chamando os verdadeiros crentes a retornar à pureza do Evangelho.

Hoje, o desafio permanece o mesmo. A Igreja ainda enfrenta a sedução da politicagem, da corrupção e de falsos pregadores da Palavra de Deus, mas o clamor continua o mesmo: arrependa-se e volte-se às Escrituras!

Que cada cristão se comprometa com a verdade revelada por meio delas, vivendo com humildade e coragem para resistir a tudo que obscurece o brilho da graça, porque “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2Tm 3:16). Que essa seja, novamente, a nossa confissão e o nosso compromisso.

Rev. Ericson Martins

Não despreza a sua bíblia

 

Em todos os onze anos em que coordenamos equipes missionárias no interior do Peru, entre 2002 e 2013, fomos impactados por cenas que não apenas nos levaram a fortes emoções, mas também nos despertaram para a viva consciência do poder do Evangelho. Como parte da missão, éramos preparados para doar bíblias àqueles que não tinham, depois de visitarmos seus lares e falarmos do testemunho de Cristo. No último ano, em 2013, especificamente na cidade de Ayacucho, uma idosa de língua quéchua (foto) marcou profundamente a nossa memória.

A notícia da presença de missionários percorreu toda uma zona periférica da cidade e, ao passarmos próximos da casa dessa mulher, ela começou a gritar pedindo uma visita. Ao chegarmos, ouvimos suas histórias, falamos sobre o Evangelho e oramos. Ao final, perguntamos se ela possuía uma bíblia, ao que respondeu não ter. Então, entregamos uma. Em lágrimas, tomou-a em suas mãos e começou a glorificar a Deus por tamanha bênção! Aquela cena resumiu o que tantas vezes testemunhamos nos Estados de Cusco, Apurímac, Madre de Dios e Ayacucho: corações que compreendiam o valor da Palavra de Deus.

Em contraste, muitos têm várias bíblias em casa, mas raramente as abrem. A mesma Palavra que em outras terras é recebida com lágrimas e gratidão, entre nós, tantas vezes é deixada esquecida sobre uma estante. Não despreze a sua bíblia. Ela é o tesouro de Deus em suas mãos, o meio pelo qual ele fala, corrige, consola e transforma.

Valorize a sua bíblia como quem segura um presente do próprio Senhor. Leia-a diariamente, com coração humilde, sabendo que nela estão revelados o caráter e a vontade de Deus. Cuide dela, mas, sobretudo, permita que ela cuide de você. Que jamais nos falte a mesma reverência daquela mulher de Ayacucho, pois o maior desprezo pela Palavra de Deus não é deixá-la sem capa, mas deixá-la sem uso.

Rev. Ericson Martins

Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus

 


Como foi para o profeta Isaías (Is 6:2-3), no cenário glorioso revelado ao apóstolo João somos levados a contemplar a realidade da adoração eterna diante do trono em Apocalipse 4:8. Os seres viventes proclamam, sem cessar, a santidade absoluta de Deus. A visão não apenas descreve criaturas celestiais em adoração, mas abre nossos olhos para o centro de toda a criação: a dignidade excelsa daquele que está assentado no único trono real.

O Livro de Apocalipse nos mostra que a santidade de Deus não é apenas uma virtude entre outras, mas a essência que permeia tudo o que ele é e faz. A palavra grega hagios significa separado, distinto, único. Ele está acima de tudo o que foi criado, é o Todo-poderoso, não está sujeito às limitações do tempo e é imutável, cuja existência é absolutamente distinta de tudo. Por isso, a proclamação incessante de que ele é santo significa que a adoração no céu, em virtude de sua santidade, é inesgotável.

Essa cena nos confronta com a realidade de que toda a criação está rendida diante de sua glória. Não há espaço para vanglória humana, pois a dignidade está somente nele. Aqueles que já estão na presença do Senhor não cessam de declarar o que ele é, e nós, mesmo ainda caminhando pela fé, somos chamados a unir nossas vozes a esse louvor eterno, rendendo todos os dons, vocações e realizações pessoais à glória dele.

A contemplação da santidade de Deus afeta o modo como nos vemos e deve transformar o nosso viver, como aconteceu com o profeta Isaías que, diante da mesma revelação, reconheceu sua própria impureza (Is 6:5). Quando entendemos quem Deus é, compreendemos melhor quem somos e o quanto necessitamos de sua graça.

Assim, nossa vida deve refletir a reverência que o céu já expressa continuamente. Não há nada mais importante e prazeroso do que dar glória, honra e ação de graças àquele que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos. Todos os nossos bens, carreira profissional e outras ambições terrenas perdem seu completo sentido ao contemplarmos a santidade de Deus, unindo nossas vozes ao coro celestial que não se cansa de dizer: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, que é e que há de vir”.

Adorar a Deus em sua santidade é reconhecê-lo como digno de todo louvor, em cada experiência da vida, seja boa ou ruim. Nossa maior alegria é nos prostrarmos diante de sua glória, que nunca se esgota.

Rev. Ericson Martins

O paradoxo humano entre paz e conflito


Por que desejamos tanto a paz, mas, ao mesmo tempo, temos tanta dificuldade em lidar com ela quando chega?

Essa contradição revela a complexidade do coração humano: desejamos a harmonia, mas somos constantemente lembrados de nossas limitações, de nossas feridas e da presença do pecado em nós e ao nosso redor.

O homem vive em guerra

No princípio, o homem entrou em conflito com o seu Criador e, desde então, passou a ofender as pessoas mais próximas. Primeiro ofendeu a mulher, depois um irmão ao outro. Ainda hoje é assim.

O pecado é a causa de todos os conflitos de relacionamento. O coração tornou-se sede de inveja, ciúme, vingança, descontentamento, rivalidade etc.

Mesmo quando o ambiente está em paz, o homem continua em guerra consigo mesmo e, sobretudo, com Deus. Portanto, nem todo conflito é resultado apenas de nossas ações, mas também do pecado presente no coração de outros.

Interpretação confusa

Em geral, a paz promove estabilidade nas rotinas, solução diligente das dificuldades, convivência harmoniosa e ausência de crises graves nos relacionamentos.

Infelizmente, aquilo que é tão desejado pode ser, por muitos, mal interpretado como acomodação, perda de paixão, desmotivação ou falta de interesse pelo crescimento.

Essas interpretações encontram respaldo em mentes inquietas, que não suportam a paz, mas que também não sabem conviver com a paz alheia. Assim, perturbam todos ao seu redor, pois a “guerra” exterior revela o próprio estado interior diante de Deus e dos homens.

O que fazer?

A sabedoria divina oferece diversas orientações práticas. Somente em Romanos 12:9-21, encontramos muitas exortações, entre elas a de pagar o mal com o bem.

Naquilo que depende de nós, devemos agir sem expectativa de retorno. Quanto ao mais, precisamos aprender três lições:

a) Na vida cristã, não somos capazes de satisfazer todas as expectativas que os outros criam a nosso respeito, exigindo que sejamos e ofereçamos o que desejam. Cada um se encontra em diferentes estágios do caminho da santificação. Por isso, nem toda crítica recebida é acompanhada de misericórdia e respeito por nossa humanidade, identidade, individualidade e vocação. Logo, não merece nossa atenção.

 

b) Na vida cristã, existem responsabilidades pessoais e coletivas. As coletivas são compartilhadas, mas as pessoais são intransferíveis. Nesse sentido, não carregamos a culpa pela intransigência, imaturidade, ingratidão ou antipatia dos outros contra nós. Cada um está diante de Deus e cada um haverá de prestar contas.

 

c) Na vida cristã, somos moldados por meio de muitas dificuldades, em razão da nossa própria natureza pecaminosa. Porém, mudar os outros é tarefa ainda mais difícil, em alguns casos até impossível. Por isso, antes de nos angustiar com o mal que sofremos, devemos nos preocupar em tratar o mal que nós mesmos praticamos, buscando no Espírito vigor para crescer na fé, na santificação e no caráter que nos identifica com Cristo.


Viver em paz é um exercício diário de humildade e vigilância, lembrando que cada desafio é oportunidade de crescimento. Não se trata apenas de evitar conflitos, mas de cultivar no coração atitudes de perdão, compreensão, respeito e amor pelas pessoas com as quais convivemos. A paz verdadeira se constrói quando aprendemos a confiar em Deus, nos submetendo ao Espírito Santo para transformar o nosso caráter, fortalecer a nossa fé e nos conduzir a seguir os passos de Jesus nos relacionamentos.

Rev. Ericson Martins

Charlie Kirk agora vive plenamente

 


Nesta semana, a imprensa internacional repercutiu o covarde assassinato de Charlie Kirk, em uma universidade de Utah, nos EUA. O crime teria sido resultado da intolerância política, eco de uma prática histórica naquele país, que já encontra investidas e graves ameaças também no nosso.

Infelizmente, essa intolerância aumenta à medida que se esgotam as alternativas para fazer prevalecer opiniões pessoais, somadas a uma obstinada ideologia política viciada, que acusa seu opositor de extremista por estar no outro extremo. Essa polarização tem sufocado princípios primitivos de civilidade e substituído a divergência pela violência. Isso poderá vir a arrastar, de modo sutil, a livre expressão de fé, a partir da interpretação que dela se faz em relação a cenários políticos.

Na fatídica tragédia que interrompeu horrivelmente a vida do jovem Charlie, não foram interrompidos apenas seus debates com a juventude, mas também o testemunho de sua fé em Jesus Cristo, cujo sangue clama por justiça.

Não me resta qualquer dúvida de que os que têm fome e sede da imparcial e implacável justiça hão de ser fartos na ocasião do glorioso retorno do Senhor, em breve!

Charlie, como tantos outros cristãos, foi vítima da covardia e da intolerância violenta, mas agora vive a plenitude daquilo que a morte não é capaz de privar, como já disse o saudoso Rev. John MacArthur Jr.: “Tudo o que a morte pode fazer a um crente é entregá-lo a Cristo”.

Que Deus conforte Erika Frantzve, seus dois filhos, familiares e amigos, concedendo-lhes uma confiança ainda mais vigorosa na vitória de Cristo sobre a morte!

Rev. Ericson Martins

Quando o fim chega


“Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio...” (Ec 7:8).

A sabedoria bíblica nos lembra que não basta começar bem, é necessário também terminar de forma íntegra e fiel. No livro de Eclesiastes, Salomão destaca que o valor de uma jornada é avaliado não apenas pelo entusiasmo do início, mas sobretudo pela firmeza e humildade demonstradas no fim. O início pode ser marcado por boas intenções e empolgação, mas é no processo e, principalmente, nos bastidores do fim que se revela o verdadeiro caráter.

Ao longo da vida, somos testados em diversos ciclos, sejam eles relacionamentos ou projetos pessoais. No início de todos eles, muitas vezes, cedemos à pressa e à ansiedade pelo imediato, mas a maturidade exige paciência e constância. O apóstolo Paulo, por exemplo, nos exorta a não nos cansarmos de fazer o bem, “porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gl 6:9). Terminar bem exige confiança em Deus, bem como coerência entre o que falamos e fazemos no privado e no público.

A vida cristã não é uma corrida de velocidade, mas de resistência. Por isso, Jesus ensinou a perseverar até o fim (Mt 24:13). Esse é um chamado para permanecermos firmes, mesmo quando os finais parecem mais difíceis do que os começos. A pressão das perdas, das mudanças ou das despedidas pode nos tentar a relativizar o que ensinamos e aprendemos, mas é nesses momentos que se confirma o caráter que glorifica a Deus.

O apóstolo Paulo também afirmou: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4:7). Não há maior testemunho do que concluir guardando aquilo que realmente importa. Assim, cada ciclo encerrado com fidelidade torna-se uma oferta gloriosa a Deus, como Cristo o fez na horrenda cruz.

Que vivamos não apenas pelo entusiasmo do começo, mas também de concluir exemplarmente, sabendo que os finais revelam o propósito e a beleza de verdadeiramente seguir a Cristo pelo caminho.

Rev. Ericson Martins

Jesus é a resposta de Deus para o pecador


A maior necessidade do homem não é a solução de suas dificuldades passageiras, mas a reconciliação com Deus. O seu problema fundamental é o pecado original, que o separou do Criador e o colocou sob condenação (Rm 5:12). Por isso, a mensagem central do Evangelho não somos nós em nossas lutas diárias, mas Cristo e sua obra redentora.

A Palavra de Deus nos mostra que todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3:23). A realidade é dura, mas necessária: sem Cristo, a humanidade está perdida. Contudo, a boa notícia é que Deus, em sua graça, providenciou salvação em Jesus. Como está escrito: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8). Portanto, a cruz não é um amuleto da fé, mas o símbolo do Evangelho da redenção.

Isso confronta diretamente a falsa doutrina que coloca o homem no centro, reduzindo o Evangelho a um manual de autoajuda ou a um recurso para vencer crises momentâneas. Jesus não veio apenas para aliviar dores ou resolver problemas sociais, mas para destruir o poder do pecado e conceder vida eterna aos que creem (Jo 3:16). A mensagem dos apóstolos não era de prosperidade ou bem-estar imediato, mas de arrependimento dos pecados, fé e salvação em Cristo (At 4:12).

A graça de Deus é absolutamente central. Somos salvos não por obras, mas mediante a fé em Cristo (Ef 2:8-9). O homem nada pode acrescentar a essa obra decretada antes da criação, iniciada pelo Pai, consumada pelo Filho na cruz e aplicada pelo Espírito Santo, mediante o puro Evangelho que denuncia a realidade mais profunda: nossa culpa, e aponta para a solução definitiva provida por Deus. A verdadeira esperança não está em nossa justiça, mas na de Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29).

Que essa verdade percorra todos os caminhos do mundo, do lar aos mais altos escalões do poder e rincões, para que o chamado chegue a todos quantos hão de ser salvos pela graça de Deus e lhe deem glória, como cantamos no hino 41, do Hinário Novo Cântico:


“Louvai, louvai Cristo, o bom Mestre divino!
Por nós na cruz ele sofreu, morreu;
Perdão, perdão hoje aos contritos outorga,
Pois precioso sangue na cruz verteu.
Sim, louvai-o! Ei-lo tão exaltado,
Mediador que nunca nos faltará.”


Rev. Ericson Martins

Egoísmo e a força destrutiva de relacionamentos


Em Tiago 3:16 lemos: “Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins.”

O homem não foi criado para ser independente e indiferente aos interesses alheios. Pelo contrário, desde o princípio foi destinado a compartilhar sua vida com outras pessoas, multiplicando-se, mas também transmitindo valores e praticando ações solidárias em toda a criação. Desse modo, refletindo a glória de Deus.

Recentemente ouvi uma afirmação que me chamou a atenção: há duas coisas que o homem não consegue sozinho, casar-se e ser cristão. Essa é uma verdade inegável!

Tiago escreveu para cristãos dispersos que enfrentavam tensões e provações, chamando a atenção para a diferença entre a sabedoria de Deus e a falsa sabedoria deste mundo. O verso mostra que a raiz do egoísmo produz desordem e abre espaço para todo tipo de mal. Sua intenção foi confrontar a comunidade cristã que, por vezes, alimentava rivalidades e buscava apenas seus próprios interesses, esquecendo-se da vocação para a comunhão.

O egoísmo, nesse sentido, não é apenas uma falha moral, mas uma força destrutiva que corrói relacionamentos. Ele gera inveja, alimenta divisões e conduz à confusão, resultando em isolamento e em um vazio que nenhuma conquista pessoal pode preencher, porque a vida perde sentido quando é fechada em si mesma.

Resistir a essa tendência exige mais do que força de vontade, exige a sabedoria que, como descreve Tiago, é “primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento” (Tg 3:17). Essa sabedoria nos conduz ao caminho da humildade, onde aprendemos a considerar as necessidades do outro e a cultivar relacionamentos saudáveis como prioridade acima de qualquer ambição pessoal.

O chamado é claro: em vez de alimentar o egoísmo, somos exortados a viver no amor que edifica, honra e protege, e que jamais conspira contra os nossos irmãos. Ao agir assim, a confusão dá lugar à paz, e a solidão se transforma em comunhão.

Que o nosso modo de nos relacionar seja conhecido pela humildade e pelo cuidado com os outros, como o de Cristo.

Rev. Ericson Martins

A oração e a Palavra são inseparáveis


“Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (João 15:7)

Essas palavras de Jesus foram ditas quando ele preparava os discípulos para viverem em comunhão com ele após sua partida. Nesse contexto, deixou claro que oração e a Palavra são inseparáveis como guia da união com ele.

A Palavra, quando lida diariamente e refletida em meio às rotinas, nos alerta quanto às condutas em bastidores, estimula o arrependimento de pecados, reorienta o discernimento diante de circunstâncias diversas e redefine expectativas para a tomada de decisões sábias.

Por isso, a oração não pode ser sustentada por necessidades passageiras, desejos egoístas ou emoções superficiais, mas pela sólida certeza daquilo que orienta a Palavra de Deus. Quando ela permanece em nós, nossas orações deixam de ser tentativas de convencer Deus a cumprir nossa vontade e passam a ser experiências de humilhação e adoração. Tornam-se testemunho da nossa completa dependência e respostas cheias de confiança, mesmo quando não conseguimos enxergar o fim.

Quanto mais lemos a Palavra de Deus, mais nossa vida de oração ganha profundidade teológica e sinceridade de sentimentos. É nesse ponto que orar deixa de ser um rito formal e esporádico, e se torna um relacionamento pessoal e prazeroso com Deus, por meio de seu Filho que intercede por nós.

Rev. Ericson Martins

O chamado do Bom Pastor

 

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (Jo 10:27)

Uma das metáforas mais comuns na Bíblia sobre o relacionamento de Deus com seu povo é a do pastor e das ovelhas (Gn 49:24; Is 40:9-11). Ao contrário do mercenário, que era contratado para cuidar de um rebanho que não lhe pertencia e não hesitava em abandoná-lo diante de uma ameaça (Jo 10:12), o verdadeiro pastor se dedicava pessoalmente, dia e noite, doando sua própria vida para salvar o seu rebanho (Jo 10:11, 17-18). Ele o guiava às campinas verdejantes para alimentá-lo, aos ribeiros de águas para saciar sua sede, o protegia do sol e, à noite, se arriscava para manter afastados todos os seus astutos predadores (Sl 23:1-4; Sl 121:4-8; Ez 34:13-15). Se uma só ovelha se extraviasse, ele a procurava até encontrá-la, nenhuma era deixada para trás (Jr 23:3; Ez 34:12, 16; Jo 10:16, 28; Lc 15:4-6). Enquanto o verdadeiro pastor estivesse por perto, suas ovelhas seriam bem conduzidas, supridas e seguras (Jo 10:28-29).

Os autores bíblicos utilizaram essas observações para descrever o caráter do amor de Deus e da redenção de Jesus (Jo 3:16 e 6:37) em relação àqueles que lhe pertencem. Deus vigia os seus com particular atenção, supre suas necessidades, os livra do mal e os conduz precisamente a Jesus, o bom pastor (Jo 10:11), para que sejam eterna e seguramente salvos (Jo 10:28). Porém, os benefícios deste relacionamento só estão disponíveis àqueles que ouvem a voz do bom pastor e o seguem.

É claro que a “ovelha” não é salva por tomar alguma iniciativa própria, porque a salvação é somente pela graça divina. Na perspectiva humana, o homem se torna “ovelha” de Deus quando crê, mas na perspectiva dele, o homem que crê, crê porque é “ovelha”. A ênfase do texto é: “eu as conheço”, e é somente por este motivo que suas “ovelhas” ouvem o chamado e seguem os passos do seu pastor.

Este íntimo conhecimento revela a união pré-estabelecida de Cristo com estas “ovelhas” (Jo 10:14-15), antes mesmo de ouvirem sua voz chamando (Jo 10:27) pelo ensino da Palavra de Deus (Jo 17:20; Rm 10:17) e de responderem com fé e arrependimento. Ele conhece cada uma e nenhuma escapa da sua missão na cruz, por isso, nenhuma se perde (Jo 10:28), ao contrário dos que não o ouvem, não creem e não seguem o caminho da obediência porque não são “ovelhas” do bom pastor (Ez 34:22; Jo 10:20, 26). Estes, ele não os conhece (Mt 7:23) no sentido da união espiritual.

A salvação é o princípio de uma nova vida. Aqueles que ouvem Deus chamar são conduzidos por um novo caminho (Hb 10:19-25), no qual devem seguir os passos de Jesus, aprendendo com ele e agindo sob sua influência (Mt 11:28-30). Não importa o tempo de conversão, se é maduro ou não na fé, ser discípulo ou seguidor de Cristo é uma experiência para toda a vida. Aqueles que creem devem consagrar-se ao Supremo Pastor (1Pe 5:4).

O discipulado exige que a Igreja evangelize e assuma a responsabilidade por seus membros, alcançando os perdidos e educando os alcançados. Não é destinado apenas aos “novos na fé”, é para todos os que creem e desejam seguir a Jesus porque, um dia, o ouviram chamar. É uma experiência de aprendizado e santificação. Aqueles que se sentem maduros demais para se submeter ao discipulado, orientados por outra pessoa, estão mal convencidos do ensino bíblico e deveriam considerar que, ao menos, sendo “maduros”, deveriam servir como bons discipuladores na Igreja.

Rev. Ericson Martins

Alertas contra o liberalismo teológico

 

O liberalismo teológico surgiu no final do século XVIII e se consolidou no século XIX, especialmente na Europa, como fruto do Iluminismo e do racionalismo. Esse movimento buscou reinterpretar as Escrituras à luz da razão humana e da ciência moderna, minimizando o sobrenatural e tratando a fé cristã como uma experiência moral, e não como revelação divina objetiva. Assim, estimulou a desconfiança nas Escrituras, questionando a sua inspiração, inerrância e infalibilidade, ou seja, a sua autoridade final, abrindo precedentes que corromperam, e ainda corrompem, os fundamentos apostólicos da verdadeira igreja cristã (1Co 3:10-15; Ef 2:19-22).

Nos causa surpresa a recente trajetória de certos pregadores que, antes firmes na doutrina bíblica e comprometidos com a pregação expositiva, acabaram se distanciando em direção ao liberalismo teológico. A história mostra, repetidas vezes, que tal mudança de pensamento e conduta raramente ocorre de forma brusca, mas de maneira gradual, geralmente iniciando com alterações sutis de linguagem, de prioridades e de interpretações bíblicas.

Alguns desses sinais são claros e recorrentes:

O primeiro é a relativização das Escrituras, transferindo a sua autoridade para a experiência subjetiva ou para o consenso cultural. Isso se evidencia nas pregações, quando se tenta acomodar a mensagem literal, imparcial e confrontadora das Escrituras ao desejo, corrompido pelo pecado, de uma audiência que recompensa o pregador com bajulações, estabilidade no cargo e recursos financeiros, desde que receba mensagens motivacionais ou terapêuticas que evitem passagens ou temas considerados “ofensivos”. Não sem razão o apóstolo Pedro advertiu: “... por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias” (2Pe 2:2-3).

O segundo é a redefinição de doutrinas centrais. Não se trata, em geral, de negação explícita da divindade de Cristo, de sua expiação ou da ressurreição corporal, mas da minimização do pecado original, da confissão e do arrependimento, da justificação exclusiva pela fé e da necessidade da regeneração. Nesse mesmo sentido, altera-se a compreensão da missão da Igreja, priorizando a prosperidade material e a justiça social e política como núcleo da fé, em detrimento da pregação do Evangelho. Em alguns casos, chega-se a afirmar: “Pregue o Evangelho, se necessário, use palavras”, numa distorção que despreza a proclamação oral da verdade e exalta um moralismo inofensivo.

O terceiro sinal, também em afronta às Escrituras, é o desprezo ou a omissão de parâmetros confessionais como referência doutrinária, a exemplo da Confissão de Westminster e seus Catecismos. Nesse contexto, abrem-se portas para um cenário doutrinário confuso, contraditório e receptivo a movimentos historicamente heréticos dentro das igrejas. Pouco tempo depois, agendas culturais progressistas começam a ser reinterpretadas, aceitas e defendidas em nome de um suposto amor cristão. Assim, padrões de disciplina bíblica contra o pecado são omitidos ou relativizados, seja por conveniência, seja por envolvimento pessoal.

Por fim, e não menos grave, há a mudança nos padrões bíblicos da comunhão cristã. As Escrituras ensinam o cristão a amar seus inimigos, não retribuindo o mal com o mal, e a orar por aqueles que o perseguem (Mt 5:43-48; Rm 12:17-21; 1Pe 3:8-12), e a se compadecer dos que estão na dúvida (Jd 17-23). Contudo, também instruem a resistir às tentações dos que ensinam outro Evangelho (1Tm 6:3-16), a evitar pessoas doutrinariamente facciosas, depois de adverti-las duas vezes (Tt 3:10-11) e a não receber hereges, sob risco de se tornar “cúmplice das suas obras más” (2Jo 1:10-11). O propósito dessas exortações é proteger a comunidade cristã contra ensinos corrompidos. Entretanto, teólogos com tendências liberais consideram tais posições radicais e se envolvem em ecumenismo com religiões liberais, chegando até a participar de sacramentos nelas.

Estejamos atentos a esses alertas, para permanecermos firmemente comprometidos com a sã doutrina em nossas igrejas, proclamando fielmente as Escrituras e afastando aqueles que as menosprezam.

Rev. Ericson Martins