Ética cristã nos relacionamentos

 

“Maldito aquele que fizer o cego errar o caminho. E todo o povo dirá: Amém!” (Dt 27:18)

Todos nós convivemos com pequenas injustiças todos os dias, situações em que alguém se aproveita da fragilidade de outro. Às vezes, isso acontece na família, no trabalho ou até dentro da igreja. Pode ser algo sutil, uma palavra que distorce a verdade, uma atitude que coloca alguém em risco ou em humilhação.

No contexto do Pentateuco, Israel estava às portas da terra prometida, sendo lembrado de que a aliança não era algo abstrato. O povo seria chamado a viver de modo que refletisse o caráter de um Deus que não distorce a justiça. Induzir o cego ao erro era aproveitar-se de quem não tinha meios para perceber o perigo e se proteger. Era tornar a vulnerabilidade um instrumento de vantagem egoísta, escárnio ou opressão. E isso era, e ainda é, uma grave ofensa contra os termos da aliança com Deus. Por esta razão, a maldição anunciada disciplina aquele que é maliciosamente furtivo, vingando aquele que não está em condição ou em ambiente para se defender do mal falado e praticado.

O princípio permanece claro no Antigo e no Novo Testamento. Quem conhece a Palavra e verdadeiramente teme a Deus não explora a fraqueza alheia. Não usa informação privilegiada para prejudicar, não reorganiza fatos para enganar, não articula relações para sustentar ambições por controle nas brechas e nas sombras, não se aproveita de quem está emocional, espiritual, física ou funcionalmente vulnerável. A ética do reino exige integridade diante de Deus no modo como tratamos uns aos outros.

Por isso, examinemos hoje nossos corações e relacionamentos. Perguntemos a nós mesmos se alguma palavra confundiu ou enganou quem confiava em nós. Se alguma decisão ou ação nossa foi deliberadamente dirigida para projetar superficialmente a nossa reputação, às custas de expor outros a prejuízos morais e financeiros. Ainda há tempo para o arrependimento sincero e para a reconciliação. 

O Deus que nos chama à aliança é o mesmo que renova as suas misericórdias a nosso favor, por meio de Cristo. Onde houver arrependimento, haverá restauração, do mesmo modo, onde houver verdade, haverá vida, principalmente nos bastidores.

Rev. Ericson Martins
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